Integrada nas comemorações do Mês Internacional para a Sensibilização do Cancro Pediátrico, conhecido como “Setembro Dourado”, esta exposição partiu de um desafio foi lançado pelo Serviço de Oncologia Pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ).

Estará parente até 30 de setembro na estação de metro de São Bento.

Às crianças foi perguntado o que fariam se pudesse mudar a doença, o cancro, e a quase uma dezena de artistas foi proposto transformar as respostas em fotografias e ilustrações que servem para “dar a conhecer à sociedade e a quem não passa por esta realidade o que são as dificuldades e os desafios das crianças e das famílias”, disse à Lusa a diretora do serviço, Maria do Bom Sucesso.

A arquiteta e ilustradora Ana Aragão, o fotógrafo João Rebelo ou o artista de street art Mr. Dheo foram alguns dos artistas que aderiram à iniciativa.

“Fazia com que o medicamento com sabor mais horrível soubesse a gomas de coca-cola” ou “Transformava o meu cancro numa bola de futebol, fazia um grande remate para longe e marcava com ele o golo da vitória”, bem como “Fazia com que a quimioterapia, em vez de me causar vómitos, me desse sensações de bem-estar, energia e felicidade” foram algumas das respostas das crianças.

“Temos respostas fantásticas e, se pensarmos bem, muitas delas remetem-nos para coisas a melhorar. Quando uma criança diz gostava de estar em casa a fazer os tratamentos, a sociedade pode pensar em apostar em tratamentos em ambulatório, por exemplo. Quando uma criança diz que gostava que os tratamentos lhe fizessem crescer o cabelo em vez de fazer cair, a investigação pode caminhar para melhores tratamentos com menos danos colaterais”, sintetizou Maria do Bom Sucesso.

À Lusa, a diretora do Serviço de Oncologia Pediátrica do CHUSJ frisou que o objetivo é “alertar e “sensibilizar, envolvendo a sociedade, mas sempre e em primeiro lugar, dando sempre a voz às crianças e às famílias”.

“Não mudando a doença, porque não a podemos alterar, temos de viver com ela, o que é que podia ser diferente. A oncologia pediátrica é uma área pequena, mas tem um impacto brutal. É a primeira causa de morte não traumática em idade pediátrica”, resumiu.

Já na descrição da exposição lê-se que “as respostas inspiraram vários artistas da cidade do Porto” e as palavras das crianças “transformaram-se em imagens vívidas de esperança e resiliência, celebrando tanto a coragem destes jovens como a generosidade daqueles que se unem para os apoiar”.

“A exposição pretende homenagear a beleza da infância e os sonhos que nascem quando a arte e a compaixão se encontram”, aponta o CHUSJ, centro hospitalar que em 2019 transformou a até aqui unidade de oncologia pediátrica, que estava integrada no serviço de pediatria, num serviço autónomo que conta com várias valências.

Em 2022, este serviço acolheu cerca de 200 novos casos, 80 dos quais oncológicos.

São também valências o risco oncológico dedicado a crianças que ainda não têm cancro, mas têm síndromes que dão mais predisposição para ter cancro, bem como as anomalias vasculares como os tumores vasculares e as más formações.

Em Portugal, esta doença regista cerca de 400 novos casos por ano, tendo uma taxa de cura que ronda os 80%.