De acordo com o SIM, os médicos estarão paralisados desde a meia-noite até às 24:00 de quinta-feira.

Em declarações à agência Lusa, secretário regional do SIM Norte, Hugo Cadavez, adiantou que as negociações com o Governo “não deram resultados”.

“Esgotado o prazo negocial [em 30 de junho] vimo-nos confrontados com esta necessidade de recorrer à mais dura forma de luta, que é a greve, que nós não gostamos de fazer, que não queremos fazer, mas fomos obrigados a fazê-la, como forma de demonstrar o nosso descontentamento”, salientou.

Segundo Hugo Cadavez, os médicos que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sentem que as “condições de trabalho e as condições remuneratórias não são atrativas”.

“É isso que tem vindo a levar a uma saída sem precedentes de médicos no SNS. (…) Apenas em 2021 e 2022 saíram mais de 2.000 médicos do SNS. Essa é a principal motivação para esta greve”, realçou.

O dirigente sindical solicitou que as “negociações tenham propostas concretas e objetivas (…) e não de um aumento salarial de 1,6% quando a inflação no último ano foi de 7%, quando os médicos perderam 20% do poder de compra nos últimos 10 anos, quando na função pública todos os grupos profissionais viram o ganho médio mensal aumentar e os médicos (…) diminuir”.

“Tudo isto leva (…) a situações inéditas de haver encerramentos rotineiros de serviços de urgência por falta de médicos, (…) porque os médicos estão a sair do SNS, estão descontentes com aquilo que se está a passar no SNS e depois não há capacidade, com os médicos que estão nos quadros dos hospitais e recorrendo a médicos prestadores de serviços tarefeiros, de conseguir ter uma escala de urgência completa”, observou.

O sindicato exige que os Ministérios das Finanças e da Saúde apresentem “uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira de perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na tabela remuneratória única da função pública”.

Na greve que se iniciou hoje às 00:00, estão abrangidos 12 hospitais e 11 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), estando assegurados os serviços mínimos.

A paralisação, segundo o SIM, terá impacto no Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto), Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos (Porto), Centro Hospitalar (CH) Póvoa de Varzim/Vila do Conde (Porto), CH do Tâmega e Sousa (Porto), CH do Médio Ave, Unidade Local Saúde (ULS) do Alto Minho (Viana do Castelo), CH de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real), ULS do Nordeste (Bragança), Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses do Norte, Hospital Forças Armadas (Porto), Instituto Português do Sangue e da Transplantação (Porto) e Divisão Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (Porto).

Também os ACES de Alto Trás-os-Montes – Alto Tâmega e Barroso, Douro I – Marão e Douro Norte, Douro II – Douro Sul, Grande Porto I – Santo Tirso/Trofa, Grande Porto III – Maia/Valongo, Grande Porto IV – Póvoa do Varzim/Vila do Conde, Grande Porto VI – Porto Oriental, Tâmega I – Baixo Tâmega, Tâmega II – Vale do Sousa Sul e Tâmega III – Vale do Sousa Norte estarão afetados.

A ARS Norte tem ainda prevista mais uma greve em 20 e 21 de setembro.