Em julho de 2020, Sérgio Fonseca achou que ia morrer no dia em que recorreu às urgências de um hospital do Algarve após um períogo longo de vómitos e dor abdominal. Fez um eletrocardiograma e os médicos perceberam que tinham de agir rapidamente, pois estavam perante uma situação de enfarte.

Aos 53 anos, Sérgio Fonseca teve de aprender a viver com insuficiência cardíaca, o que implicou várias mudanças na sua vida, tanto na sua alimentação, como nas suas horas de descanso. Sérgio afirma mesmo que a "insuficiência cardíaca fez com que ficasse mais desperto para a sua saúde".

Em Portugal, existem cerca de 400 mil pessoas, que tal com o Sérgio, vivem com insuficiência cardíaca, porém um inquérito realizado recentemente pela Spirituc, em parceria com a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC), demonstrou que ainda existe uma grande falta de conhecimento sobre a doença.

Mais de metade dos doentes (67%) revelaram que não sabiam nada sobre a insuficiência cardíaca no momento do diagnóstico.

Falámos com o Sérgio Fonseca sobre a sua insuficiência cardíaca.

Quando é que foi diagnosticado com insuficiência cardíaca? E como lidou com esse diagnóstico?

Fui diagnosticado com insuficiência cardíaca após ter tido um enfarte agudo do miocárdio em julho de 2020.

Limparam ao máximo as artérias, mas houve uma que ficou danificada, daí a insuficiência cardíaca. Uma parte do coração não ficou bem e tem de ser compensada pelo resto do coração.

Ao início não lidei bem com o diagnóstico de insuficiência cardíaca, mas após a consciencialização de que teria de mudar o meu modo de vida, aceitei esta nova condição e a exceção passou a ser regra. A mudança foi de "180 graus".

Essa mudança para enfrentar a insuficiência cardíaca limita-o em algumas coisas do dia a dia?

O impacto que a insuficiência cardíaca tem na minha vida ou é muito ou é pouco. Porque tenho tido muito mais consciência em alimentar-me bem e voltei outra vez à roda dos alimentos. Atualmente, tenho mais consciência daquilo que tenho de fazer em termos de horas de sono, da gestão do esforço físico diário e da responsabilidade que tenho de ter para comigo, para estar sempre bem.

Sérgio Fonseca
Sérgio Fonseca, 56 anos créditos: Arquivo pessoal/Sérgio Fonseca

Quais foram os sinais ou sintomas que o levaram a procurar um médico?

Eu senti dores localizadas no estômago; parecia que tinha sintomas de gastroenterite e, como estas dores se agravaram, desloquei-me ao hospital. Na sequência da avaliação médica, e após um eletrocardiograma, veio a confirmar-se o diagnóstico de enfarte, que culminou depois em insuficiência cardíaca.

Temeu pela sua vida?

Dado que o meu enfarte foi muito grave, tive que ser helitransportado do Algarve, onde me encontrava, para o Hospital de Santa Cruz, em Lisboa. Estive uma semana nos cuidados intensivos e outra semana na enfermaria. Neste internamento, garantiram a minha sobrevivência e, após alguns meses, começou o processo de reabilitação estruturada, gerida pela unidade de reabilitação cardíaca do Hospital Santa Cruz.

Hoje em dia quais são os cuidados que precisa de ter para prevenir episódios de descompensação?

Para prevenir episódios de descompensação da insuficiência cardíaca é importante seguir o plano de tratamento prescrito pelo médico e tomar a medicação, monitorizar o peso diariamente, limitar o consumo de sal e líquidos, evitar gorduras saturadas e o consumo excessivo de álcool, controlar a pressão arterial e a diabetes, fazer exercício físico regularmente, ter uma alimentação saudável e, claro, ir ao médico com regularidade.

Que mensagem gostaria de passar a outras pessoas que receberam o diagnóstico de insuficiência cardíaca?

A mensagem que eu gostaria de passar a todas as pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca é que não desistam de lutar por uma qualidade de vida digna, nem que isso passe por uma mudança radical do modo de vida em que se encontram. Resiliência tem de ser uma constante na vida de alguém que tem um diagnóstico de insuficiência cardíaca.