A grande maioria dos portugueses com incontinência urinária esconde a patologia e isola-se, alerta a Associação Portuguesa de Urologia (APU).

"A vergonha pode estar a impedir muitas pessoas de alcançar a cura, uma vez que certos tipos de incontinência urinária têm tratamentos com taxas de sucesso acima dos 90%", sublinha o médico urologista Luís Abranches Monteiro, que é também presidente da APU.

O testemunho de uma mulher que sofreu de incontinência fecal
O testemunho de uma mulher que sofreu de incontinência fecal
Ver artigo

"A incontinência urinária não é normal, mas é muito comum. Também não mata, mas afeta muito a qualidade de vida das pessoas que dela sofrem. E o mais importante é que hoje é um problema mais simples do que há 20 anos. Por isso, as pessoas precisam de perder o medo de falar sobre estas questões com o seu médico", explica.

No sentido de promover a consciencialização e incentivar as pessoas a falar abertamente com o seu médico de família ou especialista sobre o problema, e também para assinalar o Dia Mundial da Incontinência Urinária (14 de março), a APU e a Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG) promovem a Semana de Alerta para a Incontinência Urinária que decorre entre os dias 11 e 17 de março. O objetivo é impedir que as pessoas sofram em silêncio.

Grande impacto psicológico e económico

As pequenas perdas de urina podem ter um grande impacto psicológico, emocional, social e económico na vida das pessoas. O diagnóstico é feito de forma simples, através do diálogo entre paciente e médico e um exame físico.

Há vários tipos de incontinência urinária e cada caso tem as suas especificidades. Os tratamentos podem ser medicamentosos, de reabilitação ou cirúrgicos. Algumas cirurgias são tão simples que a vida normal pode ser retomada em poucos dias.

Qual é a relação entre incontinência urinária e bexiga hiperativa?
Qual é a relação entre incontinência urinária e bexiga hiperativa?
Ver artigo

Estima-se que, em Portugal, a incontinência urinária afete cerca de 600 mil portugueses, mas só 10% fala com o seu médico sobre o problema. No entanto, a taxa de cura pode chegar aos 90%.

Causas variadas

As causas desta patologia são múltiplas e variam conforme o tipo de incontinência e o sexo do doente. "É um problema mais frequente no sexo feminino, onde as causas mais comuns estão associadas com a obesidade, número de gravidezes e partos e cirurgias pélvicas prévias, bem como situações de bexiga hiperativa", explica o médico Manuel Oliveira, urologista no Hospital de Santo António.

O avançar da idade também está associado a um maior risco de desenvolver este problema. "Nos homens, poderá estar associada a aumento do volume prostático, doenças neurológicas ou como consequência de cirurgias à próstata ou uretra", refere o médico.

"Em casos menos frequentes, a incontinência urinária poderá ser o primeiro sinal de doenças neurológicas, tal como a esclerose múltipla, paramiloidose, demência, entre outras. Por outro lado, é um problema que ocorre frequentemente em doentes que ficam paraplégicos ou tetraplégicos após traumatismos vertebro-medulares ou sequelas de acidentes vasculares cerebrais", esclarece o especialista Manuel Oliveira.