O YÔGA NÃO É UMA TERAPIA, MAS SIM UMA FILOSOFIA, tal como não podemos dizer que a natação e o ténis são uma terapia. Na verdade, algumas pessoas até podem praticar natação para tratar a asma, no entanto, esse facto não pode desvirtuar a sua verdadeira natureza, que é a do desporto em si. Por isso, não se deve pensar no yôga em termos de “toma lá dá cá”, nem devemos ir buscar benefícios físicos ou espirituais, mas sim por que há algo dentro de nós que nos impele a ele tal como o artista a pintar. Assim, até é perfeitamente natural que uma pessoa saudável que pratica yôga fortaleça a sua saúde e previna o aparecimento de doenças. No entanto, como diz Catarina Candeias, instrutora formada pela Universidade Internacional de Yôga e discípula directa do Mestre DeRose, “não devemos procurar o Yôga só quando precisamos”...
O Yôga não é um desporto
Definitivamente, o Yôga não é nenhuma ginástica ou modalidade de educação física, mas sim uma prática completa que compreende técnicas corporais, bioenergéticas, emocionais, mentais, entre outras, através de exercícios orgânicos, respiratórios, relaxamentos, limpeza de órgãos internos, vocalizações, concentração e meditação. Além disso, ao contrário da educação física, onde o movimento e a repetição são elementos fundamentais, no Yôga, mais do que o movimento, o que importa é a permanência na fase crítica do exercícios. Interessa, então, não a repetição do mesmo exercício, mas sim a diversificação das técnicas.
Qual a relação com a religião?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o espiritualismo e a religião não estão associados ao Yôga, mas sim a uma outra filosofia indiana chamada Vêdánta. E, embora várias outras correntes de pensamento indianas também tenham adoptado esses conceitos, o Yôga não enveredou por essa linha, pois é estritamente técnico.
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Afinal o que é?
O Yôga é uma metodologia estritamente prática que conduz ao auto-conhecimento - Samádhi, um estado de hiperconsciência que só se consegue desenvolver através desta filosofia, e que está muito além da meditação. Para conquistar este nível de megalucidez, é necessário operar uma série de metamorfoses na estrutura biológica do praticante. Depois, existem várias etapas preliminares que providenciam um acréscimo de saúde. Os efeitos físicos fazem-se notar quase imediatamente e o praticante sente um aumento da flexibilidade, do fortalecimento muscular e de vitalidade. Além disso, consegue lidar muito melhor com o stress. Mas, para despertar a energia - chamada Kundaliní - e atingir o Samádhi é necessário um investimento de muitos anos com dedicação intensiva.
O Swásthya Yôga
Swásthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga mais completo do mundo e também aquele que se pratica na Universidade de Yôga, da qual sou uma das representantes na Unidade Marquês de Pombal. Trata-se de um Yôga ultra-integral, baseado em raízes muito antigas, portanto, mais autênticas. Representa o reconhecimento de uma estirpe muito mais ancestral que o Yôga clássico. E, basicamente, tem três características principais: Uma prática extremamente completa, em oito módulos; a introdução do conceito das regras gerais de execução e a reintrodução da execução sem repetição e com passagens que estabelecem ligações entre os exercícios, permitindo melhor fluidez, numa sequência que se convencionou chamar de coreografia.
Quem pode praticar
Como não é uma terapia, o Yôga foi criado, essencialmente para pessoas sem problemas de saúde. E, embora seja verdade que proporciona saúde e vitalidade, se se tratarem de pessoas doentes ou idosas, estas terão de satisfazer-se com uma interpretação extremamente simplificada, limitada e adaptada às capacidades físicas, que compromete a autenticidade da prática. Da mesma forma, o Yôga também não é para crianças, mas sim para adultos jovens a partir dos 16 anos.
Os efeitos colaterais
O Swásthya Yôga proporciona uma excelente flexibilidade e fortalecimento muscular. Através dos seus exercícios biológicos beneficia a coluna vertebral e todos os órgãos. Na realidade, esta prática exerce efeitos a curto prazo sobre as úlceras, a hipertensão, a insónia, a impotência sexual, as dores de cabeça ou costas, problemas normalmente associados ao stress. “É que, controlando a tensão emocional, nervosa e muscular, podemos aliviar uma vasta gama de sintomas que são apenas sinais de alarme, que não chegam ainda a ser doenças”, explica Catarina Candeias. O Yôga ensina, por exemplo, a respirar melhor, a relaxar, a concentrar-se, a trabalhar os músculos, as articulações, os nervos, as glândulas endócrinas e os órgãos internos através de exercícios físicos harmoniosos mas intensos que, no entanto, respeitam o ritmo biológico do praticante. Além disso, promove o auto-conhecimento.
O que é preciso para praticar Yôga?
Em primeiro lugar deve ser praticado sempre com o estômago, a bexiga e os intestinos vazios. “Se não for possível, tente que a sua última refeição tenha sido, no mínimo, há três ou quatro horas atrás. Além disso, essa refeição que antecede a prática deve ser leve”, recomenda. O conselho é pouca quantidade e boa qualidade. Em relação à frequência, a instrutora aconselha a prática diária, inclusive nas férias. Se não tiver disponibilidade para treinar todos os dias, complemente com algumas horas em casa.
Profª. Catarina Candeias
Discípula Directa do Mestre DeRose
Directora da Unidade Marquês de Pombal
Vice-Presidente da Federação de Yôga do Sul e Ilhas de Portugal
www.swasthya-yoga.eu catarina.candeias@uni-yoga.org.br
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