A rega permite dissolver adubos, facilitar a penetração dos fito-fármacos e tem o poder de baixar a temperatura das plantas. A sua gestão correta é essencial. Vamos atentar no tema gestão da rega no seu relvado, assunto especialmente pertinente uma vez que o fato de regarmos de forma excessiva, além de desperdiçar água, está também a contribuir para a lavagem do adubo, para a criação de condições de humidade favoráveis ao desenvolvimento de doenças e para a instalação de infestantes, assim como o favorecimento da população de mosquitos que sendo inócuos para a relva não o são para os seus fins de tarde no jardim.
A rega, que não é mais do que a interpretação humana para a vulgar chuva (precipitação atmosférica, em termos técnicos), destina-se em primeiro lugar a fornecer a água necessária ao crescimento da relva nos períodos de tempo seco. Além disso, a rega permite dissolver os adubos, facilitar a penetração dos fito-fármacos, assim como tem o poder de baixar a temperatura das plantas, permitindo-nos controlar o mecanismo que leva as relvas de inverno a entrarem em dormência no verão, para se protegerem dos danos causados pelas altas temperaturas.
Para conhecer alguns dos sistemas de gestão de rega que deve conhecer, clique aqui.
Sinais de sede
A quantidade de água consumida pela relva é função direta da temperatura. A rega deve permitir o fornecimento de água suficiente às plantas que compõem o seu relvado para compensar o que estas perdem por transpiração. Quando tal não acontece o seu relvado dá-lhe sinal, tanto mais rápido quanto maior for a capacidade intrínseca das espécies que compõem o seu relvado, de se protegerem e resistir à seca pela rápida entrada em dormência.
O primeiro sinal que a relva lhe dá que tem sede é o enrolamento das folhas, expondo a página inferior, as costas da folha. Este é o fenómeno que faz com que o seu relvado fique com manchas de um tom de verde mais escuro assim que a rega não é suficiente. Se as manchas não forem generalizadas a primeira atitude a tomar é verificar o funcionamento dos aspersores/pulverizadores responsáveis pela rega dessas zonas, tanto quanto a regulação, quanto a limpeza dos filtros.
Se estiver tudo a funcionar, então o mais provável é que estas manchas ocorram nas zonas mais afetadas pelo vento e/ou em zonas onde o recobrimento pelos vários aspersores/pulverizadores que se cruzam, é mais fraco. Nesse caso é aconselhável o aumento do tempo de rega, por forma a que o aumento da dotação de rega seja de dois milímetros, no ciclo de rega que estiver em funcionamento.
Veja na página seguinte: O que fazer se as manchas não começarem a desvanecer
O que fazer se as manchas não começarem a desvanecer
Se as manchas não se começarem a desvanecer em cerca de 24 horas após o aumento da rega, pode ser necessário fazer um aumento maior. Nesse caso, é aconselhável em vez de aumentar mais o ciclo de rega que está em vigor fazer um segundo ciclo diário. Quanto mais tempo demorar a notar os sinais de sede da sua relva mais lenta será a recuperação. Se a relva das manchas adquirir um aspeto de palha a recuperação continua a ser possível mas demorará muito mais tempo e alguma da relva, especialmente no caso de relvas de inverno poderá morrer, necessitando por isso de ser escarificada e ressemeada.
No caso de relvas de verão a relva circundante, através de estolhos e rizomas, fechará de novo estas clareiras abertas no relvado. Mais uma vez a atenção que dispensa ao seu relvado aprendendo a ler os sinais que este lhe dá, permitem-lhe a manutenção sem grandes sobressaltos de um relvado de alta qualidade e com menos consumo de água.
Pormenores (de escolha) que fazem a diferença
É muito importante conhecer o seu sistema de rega, não deixe que lhe falem de rega em unidades de tempo em vez de quantidade de precipitação. Se tiver, por exemplo, aspersores com precipitação de 13 mm/hora isto significa que estes têm a capacidade de debitar 13 litros de água/m2/hora. Se tiver pulverizadores com precipitação de 40mm/hora então estamos a falar de débitos de 40 litros de água/m2/hora. Regar, por exemplo, 10 minutos com um sistema ou com outro não é bem a mesma coisa.
Deve escolher as horas de rega por forma a evitar que o relvado fique com humidade nas folhas durante a noite, já que neste caso está a proporcionar condições altamente favoráveis aos fungos para o seu desenvolvimento. As melhores alturas do dia para regar são pouco antes do nascer do sol e ao fim da tarde, ainda com suficiente número de hora de sol para secar a água nas folhas.
Em dias muito quentes, um disparo do sistema de rega, durante apenas o tempo suficiente para uma volta completa dos aspersores ou para que os pulverizadores atinjam a sua pressão de funcionamento é suficiente, feito no período de maior calor (entre as 12 e as 14 horas) é fundamental para baixar a temperatura do relvado e evitar os danos causados pelas altas temperaturas.
Texto: Ana Caldeira Cabral
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