A primeira operação a realizar, caso se tenha descuidado e não tenha aproveitado o período de dormência de inverno para limpar a sua relva de infestantes, é proceder à eliminação das mesmas. Deve eliminá-las quer nos relvados de folha larga como as dicotiledóneas quer nos de folha fina, no casa das monocotiledóneas, sobretudo gramíneas. As dos de folha larga podem ser eliminadas com recurso a monda química, já que existem atualmente no mercado herbicidas homologados para o efeito.
Os de folha fina têm, nesta altura do ano, que ser mondados manualmente. Uma vez o seu relvado livre de infestantes e o sistema de rega, nem que seja por aspersores móveis, em perfeito funcionamento, garantindo o recobrimento de todo o relvado sem deixar zonas com excesso de água e outras com falta, com os aspersores e os pulverizadores limpos e desentupidos, as eletroválvulas em perfeito funcionamento e a tubagem, sem ruturas verificada, estamos, então, em condições de avançar.
Para pôr em prática o programa de trabalhos de preparação para a estação, são várias as tarefas a empreender. No caso das relvas de verão, as condições atmosféricas que limitam a execução das operações são não só as chuvas excessivas como também as temperaturas baixas. Deve ter as temperaturas estabilizadas acima dos 16º C a 18º C antes de iniciar os trabalhos. Se estiver demasiado calor, o ideal é deixar essa(s) tarefa(s) para outro dia, mais ameno e fresco. O seu relvado agradece.
O processo de escarificação
Nos meses de maio e de junho, a sua relva de verão apresenta-se já completamente fora de dormência e com crescimentos já significativos em termos de parte aérea que lhe devem conferir um aspeto pouco homogéneo em termos de parte aérea. A relva apresenta-se, nesta altura, com altos. A primeira operação de corte deve ser realizada por forma a uniformizar a parte aérea o mais possível e executado de forma a não eliminar mais de um terço da folha, na generalidade do seu relvado.
Uma segunda passagem será necessária, na maioria dos casos, para obtermos uma altura de corte máxima de dois a dois centímetros e meio de altura de folha. Caso a sua relva apresente uma camada de manta morta espessa, superior a dois ou três centímetros, que lhe confere uma consistência de tapete fofo ao caminhar sobre ela, então deve ser escarificada para que o excesso de manta morta seja retirado. Esta operação deve ser realizada com equipamento munido de facas em L, que, literalmente, arrancam parte da manta morta. Se a camada de manta morta for muito espessa, a escarificação deve ser realizada em duas passagens cruzadas.
A relva deverá ser rolada e regada de seguida. Não se assuste com o aspeto do relvado, uma vez que recupera rapidamente desta operação. Se a sua se apresentar com uma densidade deficiente, mas sem manta morta acumulada e/ou com falhas no recobrimento, vulgo meio careca, então deverá fazer (ou mandar fazer) uma operação de verticut, corte vertical do relvado com facas triangulares que abre fendas na zona de manta morta e estimula o crescimento lateral, por corte dos estolhos.
Também neste caso é aconselhado rolar a relva depois do verticut e é imprescindível regar abundantemente de seguida. Os equipamentos para estas operações devem ser mecânicos. Tanto no verticut como na escarificação, as relvas de verão necessitam de dispositivos com maior capacidade do que as de inverno. Uma vez que o crescimento por estolhos e rizomas é predominante nas relvas de verão, estes são capazes de regenerar completamente as zonas menos densas do seu relvado podendo no entanto ser necessário espalhar nas zonas menos densas os estolhos e/ou rizomas recolhidos da escarificação das zonas mais densas.
Esta operação deve ser executada por distribuição deste material vegetal nas zonas carecas, com um ligeiro recobrimento, obtido só pelo arranhar da superfície do solo e, eventualmente, por um espalhamento de uma fina camada de areia seca, sobretudo se o terreno se encontrar irregular, como muitas vezes sucede. A rolagem, logo após, é, neste caso, necessária e a rega abundante também não pode faltar nesta fase, recomendam os especialistas. A operação seguinte deve ser a adubação.
Os cuidados a ter com a adubação
A utilização de um adubo ternário, com os três macronutrientes principais, o azoto (N) o fósforo (P) e o potássio (K), deve ser a adubação preferencial. Opte por um adubo de libertação rápida, mais convencional, já que neste tipo de relva queremos disponibilidade imediata de nutrientes. O tipo de relação N:P:K do adubo a utilizar deve no caso destas relvas ser do tipo 1: 2: 1 ou o mais aproximado possível, a executar em maio ou junho na razão de 2,5 gramas de azoto por metro quadrado.
Os outros elementos serão fornecidos à relva na razão correspondente ao tipo de equilíbrio recomendado. As adubações seguintes deverão ser executadas em cadência mensal, com um adubo com uma relação 2:0:1, de libertação rápida, com uma razão de azoto por metro quadrado também de 2,5 gramas até setembro. Em outubro, é recomendável fazer uma última adubação com um adubo de libertação lenta com uma relação 1:2:1, doseando as 2,5 gramas de azoto por metro quadrado.
Deve ter esse cuidado e essa preocupação por forma a permitir o armazenamento de nutrientes nos rizomas do relvado, para criar nas plantas as reservas necessárias. Essas reservas não são apenas necessárias para os crescimentos de outono mas, também, para permitir, depois, às plantas terem os nutrientes necessários para o despertar da dormência na primavera do próximo ano. Sim, porque, apesar dos trabalhos de verão, a relva exige ações de manutenção ao longo de todo o ano.
Os tipos de rega a que (não) deve recorrer
Se não choverem pelo menos quatro milímetros (qualquer site de previsão do tempo lhe dá a pluviometria para essa verificação) depois destas operações (executadas de forma isoladas ou de seguida), então terá obrigatoriamente que regar. A dotação recomendada será de quatro milímetros e o tempo de rega depende do seu material de rega. Se a sua manutenção está entregue a uma empresa esta saberá que tempo tem que pôr a regar para que a relva receba esta quantidade de água.
Se essa manutenção é feita por si, consulte as instruções dos aspersores e dos pulverizadores, onde encontrará estes valores. Mantenha o seu relvado com rega suficiente para que não tenha sintomas de sede mas também não apresente encharcamento. Serão as condições climatéricas a dizer-lhe quantas vezes por semana deve regar. As relvas de verão são, todavia, menos exigentes do que as de inverno. Os cortes semanais são fundamentais para a manutenção da qualidade da sua relva e, no seu caso, que tem um jardim com uma relva de verão, são apenas um esforço sazonal, já que no inverno ela lhe dá descanso.
Entre as regas, tenha em atenção as pragas e as doenças, apesar destes relvados serem, por norma, resistentes. As relvas de verão, quando densas, são no entanto muito menos suscetíveis de terem infestantes. É muito importante só iniciar a adubação quando a sua relva tiver saído de dormência. Adubar cedo de mais pode provocar um crescimento demasiado rápido podendo a relva entrar em colapso. O adubo deve ser espalhado por forma a garantir um recobrimento na totalidade do relvado.
Texto: Ana Caldeira Cabral (engenheira agrónoma)
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