O género Thunbergia, ao qual a Thunbergia mysorensis pertence, integra a família das Acantáceas e foi criado em homenagem ao botânico sueco Carl Peter Thunberg, que viveu entre 1743 e 1828, que estudou plantas em África e no Japão e foi titular da cátedra de botânica na Universidade de Upsália, a mais antiga da Suécia. Este género agrega cerca de 100 espécies de arbustos, trepadeiras, herbáceas perenes e anuais, originárias da Ásia e de África, muito comuns em Madagáscar.
As flores têm corolas vistosas mas, em contrapartida, cálices insignificantes. São envolvidas por brácteas grandes, que os menos atentos confundem com o invólucro da flor que contém a corola. A Thunbergia mysorensis, conhecida popularmente por sapatinho-de-judia, é nativa da floresta tropical das regiões montanhosas do sul da Índia. O seu nome específico, mysorensis, é uma homenagem à cidade de Mysore, capital da região onde se localiza o seu habitat natural.
Como espécie ornamental que é, deve ser plantada em recantos dos jardins com boa exposição solar ou com sombra moderada. No verão, o sapatinho-de-judia deve ser regado duas vezes por semana. Esta variedade botânica não gosta, no entanto, de solos encharcados, pelo que deve ter o cuidado de nunca a hidratar em demasia. A multiplicação da Thunbergia mysorensis é mais fácil por estaca do que por semente. Esta trepadeira semilenhosa de folhagem persistente, com folhas coriáceas com entre 8 a 18 centímetros de comprimento e entre 3 a 8 centímetros de largura, produz enormes inflorescências, que atingem, em média, cerca de 1,5 metro de comprimento e suportam mais de uma centena de flores.
Tenho uma paixão por estas plantas, com flores que brilham durante todo o ano e que são verdadeiras fontes de água açucarada para lagartixas, pássaros e insetos. Reparem no requinte da corola, o recetáculo dos estames e do pistilo das flores. Observem a relação perfeita do amarelo com o castanho avermelhado, na forma como se aninham no carpelo. Vejam também os quatro estames à espera dos polinizadores. Em Portugal, pode ser admirada no hotel Quinta Jardins do Lago.
Texto: Raimundo Quintal (membro do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa)
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