Com a chegada dos dias frios, o aconchego de uma lareira acesa torna-se num verdadeiro refúgio. No entanto, atrás do conforto das chamas, esconde-se um perigo silencioso que muitos desconhecem: a falta de limpeza da chaminé. A acumulação de fuligem e outros resíduos inflamáveis, longe de ser um problema meramente estético, representa uma séria ameaça à segurança da habitação e saúde da família.

O principal problema é a possibilidade de incêndio. A fuligem é um pó negro e oleoso resultante da combustão incompleta da lenha, e é altamente inflamável. A sua acumulação nas paredes internas da chaminé cria um risco iminente de incêndio, que pode propagar-se rapidamente pela estrutura da casa, colocando em risco vidas e bens materiais.

Mas o perigo vai muito além do fogo. A obstrução da chaminé, provocada pela acumulação de detritos, impede a correta exaustão dos gases da combustão, nomeadamente o monóxido de carbono (CO).

Segundo as últimas atualizações do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), entre 2005 e 2011, morreram cerca de 111 pessoas por inalação de monóxido de carbono, um valor que aumentou significativamente entre 2018 e 2022, período em que morreram 171 pessoas, sendo a maioria dos casos relacionados com a má ventilação de lareiras e outros aparelhos de combustão, como braseiras.

Este gás, inodoro, incolor e altamente tóxico, é conhecido como um "assassino silencioso" uma vez que os seus sintomas, tais como dores de cabeça, náuseas, tonturas e fadiga, são facilmente confundidos com os de uma gripe comum. A exposição prolongada ao CO pode levar à perda de consciência, danos cerebrais irreversíveis e até mesmo à morte.

É fundamental desmistificar a ideia de que a limpeza da chaminé é uma tarefa dispensável. A sua realização regular, idealmente antes do início da época de utilização, é crucial para garantir um ambiente doméstico seguro e saudável. Recomenda-se que a limpeza seja feita por um profissional a cada dois anos e se utiliza a lareira ou salamandra com frequência, uma boa regra é efetuar a limpeza após a queima de cada duas toneladas de lenha. Esta prática ajuda a prevenir a acumulação excessiva de resíduos e garante o seu bom funcionamento.

Mas quando recorrer a um profissional? Este tipo de limpezas é uma tarefa complexa que exige conhecimentos técnicos específicos, ferramentas adequadas e experiência na identificação de potenciais problemas. A tentativa de realizar a limpeza por conta própria pode ser ineficaz e até mesmo perigosa, porque pode danificar a estrutura da chaminé.

A Ageas Repara, consciente da importância da prevenção e segurança no contexto doméstico, disponibiliza alguns sinais de alerta que indicam a necessidade de contratar um profissional qualificado:

  • A acumulação visível de fuligem na abertura da chaminé;
  • Dificuldade na saída de fumo, com retorno para o interior da casa;
  • Presença de ninhos de pássaros ou outros animais na chaminé;
  • Cheiro intenso a fumo dentro de casa, mesmo com a lareira apagada;
  • Manchas escuras no teto ou nas paredes próximas da lareira.

A limpeza regular é a melhor forma de garantir a segurança do lar, sendo aconselhável realizá-la anualmente, nomeadamente antes do início da época de utilização da lareira/salamandra.

A prevenção é crucial para evitar sinistros e, por isso, é fundamental estar consciente destes riscos e adotar medidas prudentes e eficazes. Ao investir na limpeza profissional da chaminé, não só está a investir na segurança e bem-estar da Comunidade, mas também na possibilidade de desfrutar o calor da lareira com tranquilidade e num ambiente seguro.