A Associação dos Arqueólogos Portugueses não exclui a hipótese de restringir o número de visitas ao convento do Carmo, no Chiado, em Lisboa, para proteger o monumento. Nos últimos 17 anos, o número anual de visitantes aumentou de 30.000 para 320.000. "Estamos a chegar a uma capacidade-limite", alerta José Arnaud, presidente do organismo, que tem ali a sua sede e que é responsável pela gestão do monumento.
"Poderemos [vir a] limitar as entradas ou, pelo menos, não permitir novas entradas enquanto não saiam algumas pessoas. Nalguns picos, começa-se a sentir essa sobrelotação, em especial nas antigas capelas. Já reorganizámos o espaço em algumas salas e colocámos as múmias peruanas mais atrás, para que as pessoas não tenham de andar aos encontrões", informou José Arnaud em entrevista à revista Sábado.
"Lisboa está na moda mas [o número de visitantes aumentou] também graças ao fim das obras de reabilitação do Chiado e ao próprio metro, que facilita a vinda das pessoas", sublinha o arqueólogo. "O número de visitantes cresceu sempre, a exceção foi 2008 e 2009, os anos da crise. Desde 2015, o aumento foi exponencial", refere José Arnaud, que há 10 anos deixou de permitir a realização de casamentos no convento do Carmo.
"Implicava fechar o museu três dias", justifica o responsável. "Haviam uns que bebiam demais e partiam copos", acrescenta ainda o gestor.
O crescimento anual das receitas tem permitido fazer obras de conservação no monumento. "A última foi o portal gótico. Durou oito meses [ficou concluída em maio] e custou-nos mais de 100.000 €", revelou à publicação Célia Nunes Pereira, conservadora do Museu Arqueológico do Carmo. "Descobrimos que as figuras dos capitéis, que estavam tapadas por uma crosta negra e pareciam todas iguais, afinal eram diferentes", sublinha.
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