“Se somos de esquerda, somos woke. Se somos woke, somos de esquerda”. Perante a afirmação, Susan Neiman, nascida nos Estados Unidos, filósofa e escritora, sintetiza uma resposta: “Não, não é assim. E este erro é extremamente perigoso”. Uma afirmação que a diretora do Einstein Forum, na Alemanha, elabora no seu livro A Esquerda não é woke (edição Presença).
No livro, a autora demonstra que, na sua génese e nas suas pedras basilares, o wokismo entra em conflito com as ideias que guiam a esquerda há mais de 200 anos: um compromisso com o universalismo, uma distinção objetiva entre justiça e poder, e a crença na possibilidade de progresso. Sem estas ideias, afirma a filósofa Susan Neiman, “os wokistas continuarão a minar o caminho até aos seus objetivos e derivarão, sem intenção mas inexoravelmente, rumo à direita. Em suma: o wokismo arrisca tornar-se aquilo que despreza”.
Ainda na perspetiva de Susan Neiman, “há agora uma geração que cresceu rodeada por uma cultura bem mais vasta, modelada pelas ideias implacáveis do neoliberalismo e da psicologia evolutiva, e quer mudar o mundo. Bem, talvez seja tempo de esta geração parar para pensar outra vez”.
Ideias que a filósofa detalhará a 7 de março (18h30), no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, numa conversa conduzida pelo humorista e apresentador português Ricardo Araújo Pereira. O encontro é de entrada livre, embora mediante inscrição e limitado à lotação da sala.
Susan Neiman formou-se em Filosofia, em Harvard, onde se doutorou sob a orientação de John Rawls e Stanley Cavell. Vencedora do prémio PEN com a memória que escreveu sobre os seus anos de mulher judia a viver em Berlim, na década de oitenta, foi professora assistente em Yale e, depois, professora associada na Universidade de Telavive, onde deu aulas de Filosofia. Em 2000, foi nomeada diretora do Einstein Forum, em Potsdam, na Alemanha. Sunsan Neiman vive atualmente na capital alemã com os seus três filhos.
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