O músico João Só edita hoje um novo álbum, 'Nos Tempos Livres', um "disco caseiro", construído fora das turbulências do seu quotidiano, que fala de amor, do dia-a-dia e de vários "estados de alma".

O músico canta alguns temas da sua autoria, o que acontece pela primeira vez num álbum em nome próprio, realçou João Só em entrevista à agência Lusa. O cantor assina a letra e música dos temas "Trinta Segundos", "Dou Demais", "Eu Não Sou Daqui", "Raiz", "Eu Chorei", "Hoje Não" e "No Sangue".

Do alinhamento do álbum com 11 canções, fazem também parte "Tempos Livres", letra escrita em parceria com António Ramalho, para a sua música, equipa autoral (letra e música) que se repete em "Paz Podre", "Entre o Passado e o Futuro" e "A Cada Dia".

"Este álbum foi feito nos tempos livres das minhas produções, um disco feito aqui em casa, com os miúdos a brincar no quarto ao lado, muitas vezes no mesmo no quarto onde eu estou a trabalhar; foi um disco muito feliz nesse sentido, apesar de nem todas as canções serem felizes, foi um disco muito caseiro", disse o músico à Lusa.

"Nem todas as canções são de amor, de dia-a-dia e de esperança. Há, por exemplo, 'Raiz', que é uma canção mais zangada, há outra canção, 'Hoje Não', que é menos esperançosa, mas no fundo são canções que espelham fases do meu dia-a-dia".

"É um disco feliz, mas nem todas as canções são alegres", sustentou João Só.

"Trinta Segundos", de sua autoria, é uma canção que se escuta em 39 segundos, na qual João Só afirmou ter "caprichado" na orquestração.

"Caprichei na orquestração pois queria que fosse um separador, queria que fosse condensado, mas que [ao mesmo tempo] fosse uma coisa grande", disse.

O músico afirmou que não se pode alhear do mundo em que vive, até porque é pai de três crianças.

"Preocupo-me com o mundo em que os meus filhos estão a crescer, e falo um pouco disso na canção 'Paz Podre', que aborda não só as relações [humanas] mas que sai numa altura em que o mundo está em guerra, e a falta de paz e harmonia preocupa-me imenso".

João Só assume-se como músico pop-rock, porque o pop "é o melhor género [musical] pois é onde cabem mais géneros". Já no rock, assegura, "há canções mais açucaradas em que as guitarras elétrica adicionam uma camada extra que tem a ver com as minhas referências". "O pop-rock é o meu género preferido porque é onde cabem mais géneros".

A sua referência principal é a banda britânica The Beatles, pela qual a mãe e as tias "eram e são obcecadas". Mas no seu universo também há Cat Stevens, James Taylor, Rui Veloso, Jorge Palma, Elvis Presley.

"Os Beatles sempre foram a grande banda e continuam a ser", realçou o músico assinalando que este novo álbum sai hoje, 22 de novembro, o mesmo dia em que a banda britânica publicou o chamado "The White Album", em 1968.

A celebrar 15 anos de carreira, João Só apresenta este álbum no próximo dia 29 no Forum Luísa Todi, em Setúbal, com Toy como convidado.

"O convite ao Toy é um bocado deslocado dos outros convidados que tive ao longo destes 15 anos", disse João Só à Lusa, referindo que não só são amigos como se têm cruzado em produções. O criador de "Vou Beijar na Boca" fez aliás uma participação surpresa no concerto de apresentação do álbum anterior de João Só, "Nada é Pequeno no Amor" (2021), "que foi um verdadeiro sucesso".

"Entretanto percebi que além de intérprete [Toy] é também compositor de muitas canções que fazem parte do meu imaginário, nomeadamente, as do [programa televisivo] 'Buéréré', apresentado pela Ana Malhoa", disse João Só à Lusa.

"É essa veia do Toy que quero explorar nesse meu concerto, pois, se calhar, muita gente não sabe que [esse lado] existe". Além do mais, João Só garante que adora e acha riquíssimo, como afirmou, cruzar-se com "músicos que navegam em águas um bocadinho diferentes" das suas.