Manter uma vida sexual ativa é importante para o equilíbrio físico e emocional de cada um. E aqui importa a qualidade e não quantidade, já que o nível de desejo e a necessidade não são iguais para todos. Se há quem pratique relações sexuais três ou quatro vezes por semana, para outros uma só vez pode ser suficiente para que se sintam satisfeitos.

Contudo, determinadas pessoas apresentam uma vontade de sexo particularmente maior que outras, pensam nisso dia e noite e praticam sempre que o podem fazer, numa procura constante, uma, duas ou até mais vezes num só dia. A isto chama-se hipersexualidade, uma condição marcada pelo vício e a compulsão.

“O indivíduo que sofre de hipersexualidade tem a sua rotina afetada por um grande apetite ou vontade de fazer sexo. A pessoa deixa de conseguir concentrar-se nas atividades habituais do dia a dia, inclusive no trabalho, o sono e a alimentação são substituídos pela compulsão, e a saúde e a vida social são prejudicados”, explica Irina Marques, especialista em Sexologia Educacional e diretora da Flame Love Shop.

A pessoa passa assim a viver para o sexo e a ter uma obsessão incontrolável, tal como se o sexo fosse uma droga. Este transtorno sexual é conhecido por satiríase, nos homens, e de ninfomania, nas mulheres. Este último termo é aliás bem conhecido, nomeadamente da literatura e do cinema, como é o caso do filme “Ninfomaníaca”, de Lars von Tree, que narra bem este contexto de compulsão.

Tal como qualquer dependência, "identificar a hipersexualidade, por vezes, depende de uma autocrítica difícil de ser realizada racionalmente. Os sinais estão lá mas a pessoa nem sempre consegue ou quer ver. O alerta vem pelos excessos, não pelas atitudes", refere Irina Marques.

Alguns sinais

Sentir-se constantemente insatisfeito

Uma insatisfação com o próprio sexo, mas também com tudo o que se refere à vida em geral, traduzida numa busca incessante de algo que nunca surge.

Ter um grande número de parceiros(as)

A vida diária passa a estar controlada pela obsessão do sexo, mas também da novidade e da emoção que cada novo parceiro(a) pode trazer.

Procurar o sexo à distância

O sexo por voz ou videochamada passa ser um meio rápido de responder ao vício, sempre que necessário, sem a necessidade de qualquer jogo social ou de sedução.

Masturbar-se a cada oportunidade

A masturbação está sempre ali à mão, quando não existe um parceiro(a) disponível, para quando e onde se quiser mais uma dose de prazer.

Assistir a vídeos de sexo

O consumo de pornografia aumenta consideravelmente, proporcionando a cada cena uma nova sensação no caminho da excitação e do prazer.

Correr os clubes de sexo

Muitas das pessoas que sofrem de hipersexualidade procuram os clubes de sexo com elevada frequência, na busca do próximo parceiro(a) ou parceiros(as).

O que fazer?

Autoavaliar-se

Como qualquer dependência, a autoavaliação é difícil, mas não é impossível. Procure olhar para si, para a sua vida, para os seus atos e avaliar se está no caminho certo ou se algo pode estar errado.

Aceitar a condição

Um dos passos mais importantes é a aceitação de que se tem um problema, para que se possa procurar e aceitar ajuda.

Procurar apoio clínico especializado

Sem medos ou preconceitos. Quase sempre, é necessário apoio clínico especializado, para conseguir dar a volta à situação e recuperar o controlo da sua vida.