Não cantaram só jazz mas não conseguiam viver sem os ritmos deste género musical oriundo de Nova Orleães, nos EUA, que anualmente se comemora num dia internacional a 30 de abril. Tinham, em comum, a paixão pela música. Batalharam, enfrentaram adversidades e agarraram, com unhas e dentes, as oportunidades que lhes foram surgindo. Atuaram em centenas de palcos e venderam milhões de discos. Mas nem tudo foram rosas na vida destes populares cantores de jazz.
1. Ella Fitzgerald teve uma irmã de ascendência portuguesa
Muitas vezes apelidada de primeira-dama da canção e até de rainha do jazz, Ella Jane Fitzgerald, cantora americana elogiada pela voz e pela dicção perfeita que viveu entre 1917 e 1996, teve uma irmã de ascendência portuguesa. Depois de se separar do pai da artista, com quem nunca casou, a mãe, Temperance Henry, apaixonou-se por um emigrante português que ficaria conhecido como Joseph da Silva. Em 1923, o casal teve uma filha, Frances da Silva.
2. Frank Sinatra pesava mais de seis quilos quando nasceu
Natalina Garaventa, a mãe de Frank Sinatra, cantor, ator e produtor norte-americano que viveu entre 1916 e 1998, teve um parto difícil. O bebé, que pesava 6,1 quilos, nasceu em casa com recurso a um fórceps obstétrico, instrumento que lhe deixou cicatrizes na bochecha esquerda, no pescoço e na orelha e que lhe perfurou um tímpano, um dano que permaneceu por toda a vida e que não impediu que se convertesse num dos artistas de maior êxito de todos os tempos.
3. Nat King Cole foi um grão-mestre maçónico
Nathaniel Adams Cole, cantor e pianista de jazz, que o mundo conheceria como Nat King Cole, juntou-se, em janeiro de 1944, a uma loja maçónica, a Thomas Waller Lodge No. 49, na Califórnia, nos EUA. Mais tarde, mudar-se-ia para a Scottish Rite Freemasonry, onde chegaria a grão-mestre. Nascido em Montgomery, no Alabama, em 1919, foi, em 1956, o primeiro afro-americano a apresentar um programa de televisão, o "The Nat King Cole Show". Morreu em 1965.
4. Sarah Vaughan, que era infértil, adotou uma criança
Sarah Lois Vaughan, a divina, como a apelidaram, é outra das grandes vozes de jazz do século XX. Nascida em 1924 em Newark, nos EUA, já era uma cantora de créditos firmados quando, em 1961, casada com Clyde Atkins, o seu segundo marido, decidiu adotar uma criança, Debra Lois, que viria a trabalhar como atriz com o nome artístico Paris Vaughan. O casal viria a separar-se pouco depois e a cantora ver-se-ia a braços com uma dívida de quase 140.000 €.
5. Billie Holiday foi enviada para uma instituição de correção juvenil aos nove anos
Eleanora Fagan, que viveu entre 1915 e 1959, foi, sob o nome artístico Billie Holiday, uma das maiores cantoras de jazz do século XX. Na infância, a mãe, expulsa de casa pelos pais depois de ter engravidado, pô-la em casa da meia-irmã, Eva Miller, mas viria a ser a sogra da tia da artista a cuidar dela. Rebelde e insubordinada, faltava muito às aulas. Tinha nove anos quando foi presente a um juiz e enviada para uma instituição de correção juvenil. No fim da adolescência, começou a cantar em bares em Harlem, em Nova Iorque, onde foi descoberta pelo produtor John Hammond.
6. Louis Armstrong mentiu na data de nascimento
Louis Daniel Armstrong, que morreu em 1971, garantiu sempre ter nascido a 4 de julho de 1900, o dia da celebração da independência dos EUA, mas, em meados da década de 1980, o investigador e historiador musical Tad Jones teve acesso ao seu registo de batismo e descobriu a verdade. O artista veio, afinal, ao mundo no dia 4 de agosto de 1901. Trompetista, cantor, compositor e ator é apontado como uma das maiores influências de sempre da música jazz.
7. Dinah Washington casou sete vezes
Foi a cantora negra com discos gravados mais popular da década de 1950. Ruth Lee Jones, que adotou o nome artístico Dinah Washington, autointitulou-se a rainha dos blues. Nascida em Tuscaloosa, no Alabama, em 1924, mudou-se, depois, para Chicago. Foi lá que, aos 15 anos, depois de ganhar um concurso de talentos, começou a cantar em bares. Casou sete vezes. O último marido, Dick Lane, encontrou-a morta na cama, vítima de overdose medicamentosa. Tinha 39 anos.
8. Ray Charles perdeu a virgindade aos 12 anos
Ray Charles Robinson popularizou a música soul, um género que aliava o blues, o rhythm and blues, o jazz e o gospel na década de 1950. Entre os quatro e os cinco anos, começou a perder a visão e, aos sete, ficou completamente cego. Apesar dos seus protestos iniciais, a mãe inscreveu-o na escola para cegos Florida School for the Deaf and the Blind, em St. Augustine, na Flórida, nos EUA. Tinha apenas 12 anos quando perdeu a virgindade com uma mulher oito anos mais velha.
9. Peggy Lee teve um patrão que lhe pagava em comida
Norma Deloris Egstrom, cantora, compositora e atriz, começou a cantar, ainda adolescente, numa rádio local em Jamestown, em North Dakota, nos EUA. Mais tarde, teve o seu próprio programa e o patrocinador, um restaurante da cidade, pagava-lhe em comida, em vez de um salário em dinheiro. Com 17 anos, depois de mudar de nome para Peggy Lee, decide sair de casa e rumar a Los Angeles. Em 1942, lançou o primeiro disco. Morreu em 2002, com 81 anos.
10. Bessie Smith, órfã de pai e de mãe, foi criada por uma irmã
Bessie Smith, a imperatriz dos blues, como lhe chamaram, influenciou inúmeros cantores de jazz a partir da década de 1920. Nascida em 1894, era muito pequena quando o pai morreu. Aos nove anos, perde a mãe e um irmão. A irmã mais velha, Viola Smith, cuida dela e do irmão, Andrew Smith, mas, como os meios de subsistência eram escassos, passam grande parte do dia na rua, ele a tocar e ela a cantar, em troca de umas moedas. Morreu em 1937, com 43 anos.
11. Nina Simone recusou-se a atuar no seu primeiro recital clássico
Além de ter uma voz que ainda hoje continua a ser (muito) elogiada, Eunice Kathleen Waymon, que o mundo conheceria como Nina Simone, era também uma exímia pianista. Tinha três anos quando aprendeu a tocar piano e, aos 12, fez o seu primeiro recital clássico. Na altura, os pais, que se sentaram na primeira fila para a ver, foram convidados a mudar de lugar para que as cadeiras com melhor visibilidade fossem ocupadam por espetadores brancos.
A artista apercebeu-se da alteração e insurgiu-se, afirmando que só tocaria se os progenitores retomassem os lugares. Antes de gravar o primeiro disco, foi assistente de um fotógrafo e corista. Decidiu chamar-se Nina Simone porque o namorado a tratava por niña e porque era fã da atriz francesa Simone Signoret. Vendeu os direitos de autor de "Little Girl Blue", que integra o êxito "My Baby Just Cares for Me", por 300.000 dólares. Mais tarde, valeriam mais de um milhão.
12. Chet Baker penhorou instrumentos musicais para comprar droga
Trumpetista e vocalista, Chesney Henry Baker Jr. era um artista promissor que viu a adição comprometer, por mais do que uma vez, a sua carreira. Apesar da sua toxicodependência não ser propriamente desconhecida do público, uma vez que o cantor chegou a ser preso por diversas vezes, nos EUA e na Europa, o que muitos não sabem é que tinha o hábito de penhorar os seus próprios instrumentos musicais para comprar droga. Morreu, em 1988, na Holanda. Tinha 58 anos.
13. Al Jarreau tirou um bacharelato em psicologia e um mestrado em reabilitação vocacional
Apesar de a música ser uma das paixões maiores de Alwin Lopez Jarreau, cantor e músico norte-americano que viveu entre 1940 e 2017, o artista tirou um bacharelato em psicologia e um mestrado em reabilitação vocacional e chegou a trabalhar como conselheiro de reabilitação em São Francisco. Em 1967, formou um duo com o guitarrista Julio Martinez. O sucesso da dupla levou-o a decidir dedicar-se apenas à música. Lançou o primeiro álbum a solo em 1975.
14. Esperanza Spalding sofreu de artrite idiopática juvenil
Esperanza Emily Spalding, nascida em 1984, cantora de jazz, baixista e compositora, sofreu de artrite idiopática juvenil, uma doença crónica autoimune que a obrigou a ter de ter aulas em casa. Tinha cinco anos quando foi contratada como violinista pela Chamber Music Society of Oregon, em Portland, nos EUA. Lançou o primeiro álbum, "Junjo", em 2006. O quarto disco, "Radio Music Society", foi considerado um dos melhores álbuns de jazz de 2012.
15. Gregory Porter foi cozinheiro e esteve em vias de ser futebolista
Nasceu em Sacramento, na Califórnia, nos EUA, em 1971 e já ganhou vários prémios pelos discos de jazz que já gravou. Antes de ser (re)conhecido como cantor, compositor e ator, Gregory Porter trabalhou como cozinheiro num restaurante Bread-Stuy, entretanto encerrado, onde também atuava. Na adolescência, chegou a receber uma bolsa para integrar a equipa de futebol da San Diego State University. Uma lesão no ombro impediu-o de abraçar a carreira de futebolista.
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