São incómodos, causam comichões irritantes e propagam-se de forma rápida, para desespero de pais e educadores. "Os piolhos são pequenos parasitas que se ligam aos pêlos para picar a pele e alimentar-se de sangue humano", descreve Margarida Gonçalo, dermatologista. A transmissão ocorre por contágio através de contacto directo cabeça a cabeça ou com roupas contaminadas, provocando uma doença chamada pediculose.
Esta especialista em problemas cutâneos é categórica ao afirmar que "não há nada que se possa fazer para se ficar imune aos piolhos". No entanto, acrescenta, "há crianças, sobretudo as que sofrem de atopia [asma e eczema atópico], que são mais atreitas a sofrer de piolhos. O corte radical do cabelo impediria a colonização dos parasitas, mas não é certamente uma medida de prevenção", adverte a dermatologista portuguesa.
"E, mesmo lavando-se a cabeça diariamente, o piolho tem capacidade de se fixar facilmente ao cabelo", explica Margarida Gonçalo. Detetar a presença destes parasitas implica um exame ao couro cabeludo, particularmente atrás das orelhas e na nuca, locais onde os piolhos se alojam facilmente. De modo a fazer um diagnóstico de pediculose, o dermatologista tem de visualizar o parasita vivo e/ou as lêndeas, os ovos colados ao cabelo.
Sinais de alerta e formas de tratamento
Comichão na cabeça, em especial se associada a pequenas crostas, feridas ou eczemas na nuca são sinais indiretos da infestação do cabelo pelos piolhos. A duração da infestação verifica-se através da distância das lêndeas à raiz do cabelo. Margarida Gonçalo refere que a criança "deve evitar partilhar chapéus e tratar os piolhos ao mínimo sinal para evitar a disseminação, sobretudo em escolas de crianças mais pequenas".
A partir do momento em que estes parasitas são detetados, é importante iniciar uma série de comportamentos que evitem a sua propagação. Existem atualmente, no mercado dermatológico nacional, "vários antiparasitários, comercializados sob a forma de loções ou champôs, que são adequados para matar os piolhos vivos e tratar a pediculose", afirma Margarida Gonçalo, habituada a ser confrontada com este problema pelos pais.
As lêndeas, os ovos que ficam agarrados ao cabelo e que habitualmente não morrem com os tratamentos, devem ser removidas com o pente fino. Para facilitar esta operação, pode fazer uma mistura de água e vinagre em partes iguais, embeber o cabelo cerca de meia hora antes da remoção com o pente fino e, depois, enxaguar abundantemente. A roupa da criança, da cama e a toalha de banho devem ser lavadas em água muito quente.
A prevenção que evita o (re)aparecimento
Como podem permanecer algumas lêndeas, os tratamentos como a aplicação de loções ou lavagens com champôs devem ser repetidos, de forma a matar os piolhos que entretanto vão sair dos ovos (lêndeas). "As normas de aplicação devem ser sempre respeitadas, uma vez que alguns destes produtos são irritantes para a pele e olhos ou podem ser tóxicos, sobretudo em crianças muito pequenas", refere Margarida Gonçalo.
"É importante salientar que, com a eliminação dos piolhos e das lêndeas, o problema fica, à partida, resolvido, mas pode sempre reaparecer", acrescenta a dermatologista. Não existe, ao contrário do que muitos pais e educadores desejariam, uma imunidade definitiva ao problema. Qualquer tratamento deverá ser sempre, idealmente, aconselhado e/ou acompanhado por um médico ou por um farmacêutico.
Caça aos piolhos
Se o seu filho é um alvo frequente, aprenda a atuar, seguindo o plano de ação que lhe enunciamos de seguida:
1. Exame
Observe regularmente e com atenção a cabeça da criança e utilize o pente fino. Por ter os dentes muito apertados, permite apanhar os piolhos e, sobretudo, as lêndeas, que tentam colar-se ao cabelo e, desta forma, destaca os parasitas.
2. Prevenção
Peça ao seu filho para não partilhar chapéus na escola e não usar os mesmos pentes dos amigos.
3. Alerta
Informe a escola se a criança tiver piolhos, de modo a que a os alunos sejam tratados e se interrompa o ciclo de reinfestação.
Texto: Leonor Noronha com Margarida Gonçalo (dermatologista)
Comentários