O bullying é comumente definido como um ato intencional e repetido de magoar o outro, através de palavras, agressões físicas ou outros comportamentos, tais como ameaças, gozo, insultos por uma ou mais crianças contra outra. Esses atos negativos não são provocados intencionalmente pelas vítimas e, para que tais atos sejam definidos como assédio moral, um desequilíbrio no poder real ou percebido deve existir entre o agressor e a vítima.
Sabemos que o bullying é uma realidade que existe nas nossas escolas e, por isso, sugerimos algumas atividades para que os professores possam prevenir alguns destes comportamentos e conhecer melhor as características dos seus alunos.
1ª atividade – “Quem é quem?”
- Cada aluno preenche uma ficha de apresentação, previamente preparada pelo professor, sem nunca colocar o seu nome;
- Todas as fichas são recolhidas, baralhadas e novamente distribuídas pela turma, sendo que cada aluno fica com uma ficha pertencente a outro colega;
- À vez, cada aluno lê os dados que constam na ficha que lhe foi atribuída e tenta identificar, através das características indicadas, a que colega da turma pertence aquela ficha.
Esta dinâmica permite compreender melhor o funcionamento da turma, e retirar algumas informações sobre os vários papéis e grupos de alunos na turma, as suas relações de amizade e os alunos que desempenham um papel de liderança.
2ª atividade – “A Caixa dos Segredos”
- Em primeiro lugar o professor distribui por todos os alunos uma folha para que identifiquem aquilo que gostam e o que pensam sobre a escola;
- De seguida, na parte detrás dessa folha pede-se aos alunos que reflitam e escrevam os pensamentos que têm sobre a turma e o seu funcionamento (e.g. problemas existentes na turma, o que gostam e o que não gostam na turma, se pudessem o que mudariam na turma, as pessoas da turma com quem se identificam e que têm como referência, entre outros);
- No final, pede-se a cada aluno que dobre e coloque a sua folha de papel na caixa, de forma a manter o anonimato das respostas.
Esta dinâmica permite ao professor estar a par do que os alunos gostam e não gostam na sua escola e quais os problemas existentes na sua turma.
3ª atividade – “Terramoto”
- Começa-se por se pedir à turma para se juntar em grupos de três elementos, sendo que um dos alunos de cada equipa tem que ficar de fora dos grupos;
- De seguida, explica-se à turma o funcionamento do jogo, sendo que em cada grupo de três alunos, dois formam uma casa (arqueando os braços) e o terceiro é o morador (que se deve colocar por dentro dos braços do par que forma a casa);
- Existirá sempre uma pessoa a mais no jogo, que não conseguirá integrar o papel de morador ou de casa, sendo que os objetivos do jogo são: sempre que se disser morador, todos os moradores se mexerem e trocarem de casa e o aluno que está a mais tentar ocupar o lugar de um dos colegas; sempre que se disser casas, os pares que formam as casas trocarem de parceiros e formarem uma nova casa com um outro colega e, novamente, neste momento o aluno que está a mais tentar ocupar um lugar; sempre que se disser terramoto todos os 3 alunos tem que trocar de colegas e os grupos de três alunos têm que ser constituídos por elementos diferentes, sendo que mais uma vez o aluno que está a mais deverá integrar uma equipa;
Este jogo durará o tempo que se achar necessário e é essencial para perceber e identificar as dinâmicas de relação entre os alunos: os alunos que preferem dar o seu lugar e ficar como pessoa extra, os alunos rejeitados e os líderes. No final do jogo estas ideias deverão ser debatidas com a turma, explorando ainda as emoções e os sentimentos sentidos pelos alunos que ficavam sistematicamente de fora e as razões para estes preferirem dar o seu lugar a um colega.
Reforça-se que as práticas preventivas e interventivas não são mutuamente exclusivas, sendo que no combate ao bullying a melhor estratégia parece coordenar as duas, no sentido de que a promoção de determinadas competências promove o desenvolvimento de uma atitude antibullying.
A resolução de problemas de violência não é algo que os professores possam controlar e resolver apenas nas horas em que as crianças estão na escola, é necessário um trabalho em conjunto com as famílias para que as estratégias de intervenção funcionem. É então necessário que exista uma cooperação estreita entre as famílias e as escolas e, neste sentido, as reuniões de pais são uma ferramenta importante para se estabelecer esta relação.
Artigo publicado por SEI - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
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