Trata-se de uma luta "de uma geração que a faz por uma causa que não é só das gerações futuras, mas também da geração presente", disse João Pedro Matos Fernandes à agência Lusa a propósito do protesto que se realiza em Portugal e outros países do mundo na próxima sexta-feira.
João Pedro Matos Fernandes assegurou que ouve as mensagens dos manifestantes, mesmo quando estes querem ir mais depressa do que o Governo está disposto a ir, como no caso do encerramento das duas centrais elétricas a carvão portuguesas (Sines e Pego), cuja data de encerramento está apontada para 2030.
Encerrar as centrais mais cedo significaria que "metade do país ficava sem eletricidade", porque ainda não há capacidade para Portugal produzir a sua eletricidade apenas a partir de fontes renováveis.
Só quando se chegar a isso, o que implicará "investimentos de 10 mil milhões de euros promovidos por privados", é que será possível.
Antecipar só iria fazer com que "as pessoas olhassem com desconfiança e numa democracia, o apoio popular é essencial para haver mudança de políticas", argumentou.
Portugal, referiu o ministro, é "um belíssimo exemplo" de como uma economia se pode encaminhar para menos emissões de gases com efeito de estufa.
Aos governantes, disse, pede-se mais que responsabilidade: "Tem que ser ambição", como a atingir a neutralidade carbónica em 2050 e reduzir em 50% as emissões de gases de estufa até 2030.
A greve climática estudantil marcada para sexta-feira vai realizar-se em pelo menos 111 países, entre os quais Portugal, onde o número de localidades tem vindo a aumentar, ultrapassando já as três dezenas.
É a segunda manifestação global, depois de a 15 de março cerca de 20 mil terem aderido ao protesto em Portugal e que juntou 1,6 milhões de estudantes em todo o mundo.
A poucos dias do protesto de março, o ministro do Ambiente avistou-se com estudantesa ativistas e disse que a defesa do ambiente “é a mais importante das causas pelas quais as pessoas se podem manifestar”, confessando-se satisfeito por ver a motivação dos jovens para lutar pela redução das emissões de dióxido de carbono.
O protesto foi inspirado pela jovem ativista sueca Greta Thunberg, que no verão do ano passado começou sozinha uma greve às aulas, manifestando-se em frente ao parlamento sueco de onde esperava ver tomadas medidas no sentido de revolver a crise climática.
Contra o aquecimento global, os jovens dizem que não querem como herança um planeta quase a morrer, que é o resultado de políticas erradas ou da simples inércia dos governantes.
A proibição da exploração dos combustíveis fósseis em Portugal, a meta para a neutralidade carbónica ser reduzida para 2030, e não 2050, como previsto pelo Governo, são duas das medidas que os jovens querem ver em prática.
As localidades portuguesas que, até ao momento, aderiram ao protesto são: Alcácer do Sal, Armamar, Arcos de Valdevez, Aveiro, Barcelos, Braga, Caldas da Rainha, Castelo Branco, Chaves, Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Guimarães, Leiria, Lisboa, Mértola, Ourém, Pombal, Ponte da Barca, Portalegre, Porto, Sabugal, Santa Maria, Santarém, Setúbal, Sines, Viana do Castelo, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real.
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