Depois da Expedição “Açores Atlantis 2019” realizada pela Oceans and Flow, nasce o “Programa Atlantis”, uma proposta educativa para jovens em ambiente escolar que promove, de uma forma inovadora e pioneira em Portugal, a Literacia do Oceano, a partir da combinação do mergulho livre com educação ecológica e desenvolvimento humano.
Violeta Lapa, fundadora da Oceans and Flow e uma das educadoras subaquáticas responsáveis pela idealização do “Programa Atlantis”, explica-nos: "Este programa evolui da expedição Açores-Atlantis e da pesquisa da Oceans and Flow nos últimos cinco anos de atividade. Trouxemos estas pesquisas aquáticas para a sala de aula, com uma linguagem acessível e empática para os jovens, apostando nesta geração, que pode fazer a diferença no futuro. Esta é uma primeira edição que vai ter continuidade, não só em termos de capacitação de mais alunos, mas também com a formação de uma rede de educadores subaquáticos, com quem queremos partilhar esta metodologia!”. E ainda, juntamente com a educadora subaquática Cris Santos: “Somos Freedivers e vivemos diariamente o poder transformador de uma relação mais próxima com o oceano. Partilhamos a paixão pelo mar e a missão de despertar nas novas gerações o cuidado e afeto pela vida marinha. Com formações distintas na área do desenvolvimento humano, artes e movimento aquático, as nossas valências convergem num método único de Educação Subaquática”.
Os participantes desta primeira edição consistem num grupo de 21 alunos do 8o ano da Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho. No entanto, todos os 470 alunos e a comunidade local irão beneficiar da implementação do projeto coletivo na escola.
Ao apostar numa forte componente prática, este programa tem como base metodológica três pilares: Jogo Oásis, Freediving e Ecologia Profunda. O primeiro é uma ferramenta de desenvolvimento humano e social. Trata-se de um jogo social de mobilização de um grupo de alunos que, através dos seus talentos e de forma colaborativa, desenvolvem um projeto para implementar na própria comunidade.
Por sua vez, o Freediving consiste na iniciação ao mergulho em apneia de forma a desenvolver várias capacidades físicas e mentais, ao mesmo tempo que se conhece a biodiversidade marinha. E por fim, a Ecologia Profunda como visão da interdependência de todos os seres e a noção de que não existe separação entre Natureza e seres humanos.
O grande diferencial do “Programa Atlantis” é a aposta na educação vivenciada que traz aos alunos não só a esperança e inspiração num momento desafiante como o que vivemos, como permite também saberem o que podem fazer para preservar e diminuir o impacto nos ambientes marinhos. Nesse sentido, os alunos vão ainda participar numa visita às pradarias marinhas do Sado e na ação de limpeza da praia.
O “Programa Atlantis” desdobra-se ainda em ações e eventos abertos à comunidade no Ocean Talks, um evento de palestras online com oito especialistas convidados, que irão partilhar a sua relação com o mar, os seus projetos e outras histórias ligadas ao oceano; o Workshop “De Corpo e Alga” que, com a ajuda de um biólogo marinho, convida os participantes a recolher algas do mar para saber mais sobre o seu valor nutricional e como podem ser cozinhadas e incluídas na dieta alimentar.
O “Programa Atlantis” termina com uma Exposição na marginal da Avenida 25 de Abril, em Sesimbra, com fotografias de todas as etapas do projeto, numa galeria ao ar livre. É com esta iniciativa que a organização espera conseguir inspirar outras comunidades e outras escolas do país, levando cada vez mais participantes a um contacto direto com o mar, ao fomentar de novo a conexão dos jovens com a Natureza.
Numa época com um elevado nível de stresse e uma dependência das tecnologias, poder ter a oportunidade de sentir o poder da água e a possibilidade de ver animais marinhos no seu habitat, estes novos “guardiões do mar” vão trabalhar as suas emoções e capacidade de comunicação, ao mesmo tempo que melhoram a atenção e foco nas aulas.
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