Pergunte, por exemplo, como está a ser o dia-a-dia, como correm as aulas, as avaliações e as relações com os colegas e os professores. Os padrões de comportamento podem abrir caminho às soluções. Saber entender as dificuldades é o primeiro passo para ajudar a melhorar as competências sociais de cada criança e jovem. Eis alguns dos desafios que podem surgir neste nível de escolaridade:
1. Gestão das emoções
Um possível cenário: O colega conseguiu resolver primeiro um quebra-cabeças. A criança, revoltada, grita "isso não é justo!". A reação explosiva relacionada com a desilusão de não ter “ganho”, fá-la sentir-se envergonhada e, ao mesmo tempo, assustada com a força dos seus sentimentos.
Saber gerir as emoções é algo que se desenvolve, na maior parte das vezes, com a maturidade. No entanto, quanto mais precocemente for incentivada, melhor será para o jovem. Nesta fase, será importante manter um diálogo aberto e uma relação de empatia, que proporcionem um espaço seguro ao qual o jovem possa recorrer e procurar ajuda na gestão das suas emoções.
2. Saber manter um grupo de amigos
Um possível cenário: Um grupo de amigos com os quais desenvolve uma atividade (coro, escuteiros, atividade desportiva, ou outra) reúnem-se uma vez por semana e o jovem nunca sabe se vai ou não ser convidado. Tem consciência de que há algo que o diferencia dos demais, mas ainda não lhe é fácil identificar e entender o que é. Essa insegurança pode fazê-lo sentir-se triste, sobretudo quando se sente rejeitado ou mesmo deixado para segundo plano.
É importante incentivar a sua participação em eventos e contextos fora dos previstos pela prática da atividade.
3. Saber colocar-se no lugar da outra pessoa
Um possível cenário: Uma colega chora na escola, pois acaba de saber que o seu cão morreu. Sem hesitar, e procurando encorajar a colega, o jovem afirma: "Oh, isso não é nada, tu compras outro amanhã!". No entanto, ao contrário do que esperava, esse comentário não é bem recebido e leva ao afastamento por parte da colega. O jovem pode sentir-se confuso pelas emoções da colega que acabara de perder o animal de estimação e, ao mesmo tempo, inseguro em relação ao que se deve dizer nestas circunstâncias.
É importante promover o desenvolvimento da capacidade de olhar a vida pela perspetiva de terceiros, promovendo reflexões que permitam ao jovem colocar-se no lugar do outro, desenvolvendo assim a empatia pelo próximo.
4. Saber lidar com a pressão
Um possível cenário: Dois amigos propõem a um jovem com dificuldades de aprendizagem estudar em grupo, duas vezes por semana, antes do início da escola. No entanto, manter este compromisso revela-se uma tarefa difícil, sentindo-se habitualmente ansioso e com alguns medos específicos. Dificilmente consegue chegar a horas ao compromisso que estabeleceu com os dois amigos. Sente-se ansioso e frustrado por não corresponder às expectativas, chegando a ponderar se deverá continuar no grupo, com medo do fracasso.
É fundamental contribuir para o desenvolvimento de capacidades ao nível da gestão do stresse e da pressão, assim como da capacidade de estabelecer compromissos próprios e com o outro. Ajudar o jovem a antecipar obstáculos, por exemplo, fazendo um horário com os seus tempos livres vs. o tempo que já tem ocupado. Isto vai permitir ao jovem visualizar quais os seus compromissos, geri-los em função do tempo disponível, reduzindo assim o stresse e aumentando o controlo sobre as suas obrigações.
Artigo publicado por SEI - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
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