Ocasionalmente, surgem notícias de figuras públicas e de cidadãos comuns que acabam por vir parar às páginas dos jornais por causa de operações plásticas que fizeram que correram mal, como foi o caso dos admiradores de celebridades que recorreram à cirurgia para ficarem iguais aos seus ídolos. Para que esteja bem informado e tenha uma maior noção dos perigos que pode eventualmente correr, elaborámos a lista das sequelas mais habituais das cirurgias estéticas:

- Redução e elevação do peito

As sequelas mais comuns são assimetrias de volume e de reposicionamento mamário e cicatrizes inestéticas. Por vezes, pode haver sofrimento e perda parcial da aréola e mamilo. «Quanto maior a mama, maior o risco de complicações», indica Lai Yun Fee, em declarações à Ultimate Beauty enquanto assistente hospitalar graduado de cirurgia plástica no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

As assimetrias resultam da falta de técnica e de experiência do cirurgião, uma vez que este tipo de intervenção é muito complexo. «Tem de ser feito um bom planeamento pré-operatório para se ter noção da simetria que se quer obter. O ideal é o cirurgião dominar as novas técnicas de redução mamária com cicatrizes reduzidas, como a vertical e periareolar, permitindo o uso de biquini sem exteriorizar as cicatrizes», refere Lai Yun Fee.

As cicatrizes inestéticas podem ser originadas por uma má cicatrização da paciente ou porque a intervenção removeu demasiada pele e fez com que as cicatrizes se distendessem ou infectassem. A perda de mamilo e de aréola deve-se à deficiência de circulação sanguínea. Corrigir assimetrias requer uma grande mestria e experiência. «Implica tentar alterar o que já está alterado, podendo ser mais trabalhoso do que operar uma mama ainda não operada», diz.

«Há situações difíceis de corrigir, como por exemplo, um mamilo demasiado alto», garante ainda Lai Yun Fee. As cicatrizes inestéticas podem solucionar-se recorrendo ao laser. «Permite a melhoria da qualidade da cicatriz, que fica mais fina e impercetível», refere. Corrigir a perda do mamilo e da aréola é muito complicado porque há que recorrer a enxertos de tecido. Mas a sensibilidade é impossível de recuperar.

- Aumento do peito

Assimetrias e contratura capsular ou encapsulamento são as sequelas mais comuns. As assimetrias podem resultar da falta de técnica do cirurgião que não colocou as próteses corretamente. É mais frequente que as próteses, inicialmente bem colocadas, se desloquem e rodem pela contratura capsular.

A contratura capsular atribui-se a uma cicatrização anómala ao redor da prótese que provoca o endurecimento da mama. «Normalmente, se as próteses forem colocadas debaixo do músculo peitoral, pode diminuir-se a percentagem de encapsulamento», explica Lai Yun Fee. Para corrigir as assimetrias, há que reposicionar o implante e remover pele.

O encapsulamento corrige-se através da eliminação do tecido endurecido que comprime a prótese e recolocá-la novamente livre da cápsula. Também se pode colocar uma nova prótese. «As próteses de silicone são as mais bio-compatíveis com o corpo humano e são melhor toleradas», ressalva ainda Yun Fee.

Veja na página seguinte: O perigo das irregularidades na pele

- Lipoaspiração

As sequelas mais comuns de uma lipoaspiração são irregularidades da pele em zonas deprimidas, a aderência da pele a planos profundos e/ou a formação de assimetrias e manchas (hiperpigmentação). As irregularidades e assimetrias justificam-se pelo facto da pele estar muito flácida ou porque se removeu excesso de gordura e a pele não consegue retrair adequadamente, como seria normal.

Se o paciente tiver muitas equimoses pode surgir hiperpigmentação, mas não devido a uma lipoaspiração mal feita. As assimetrias corrigem-se com uma lipoaspiração superficial. As irregularidades podem necessitar de enxertos de gordura. A hiperpigmentação soluciona-se com peelings e certos cremes e tende a melhorar com o tempo.

- Aumento dos lábios

Excesso de preenchimento, infeção e formação de nódulos que podem ser visíveis e desagradáveis ao tato são as sequelas mais comuns. O excesso de preenchimento é, na maioria das vezes, resultado da insistência do paciente. A inflamação e, às vezes, infeção podem surgir ao injectar-se certas substâncias permanentes que provocam hipersensibilidade (intolerância).

A formação de nódulos aparece quando o organismo reage mal a uma destas substâncias, produzindo fibrose. Se a substância injetada não for permanente, o problema soluciona-se por si só, já que o organismo a reabsorve. Quando a substância é permanente, o paciente pode melhorar com massagens locais e cremes ou optar pela remoção cirúrgica do produto injetado.

- Abdominoplastia

Necrose com cicatriz inestética é uma das sequelas mais comuns. Pode resultar do facto do paciente ser fumador ou ter má circulação a nível capilar. Também pode ser causada por uma infeção devido à proximidade da incisão com a zona genital. Justifica-se pela remoção de pele em excesso, provocando demasiada tensão na cicatriz, que impede a irrigação sanguínea, matando o tecido e fazendo com que a cicatriz abra.

A necrose pode produzir perdas de pele significativas. A solução para o problema é um tratamento à base de massagens. Segundo Lai Yun Fee, um procedimento deste tipo «permite uma melhor drenagem linfática da zona e uma recuperação mais rápida».

Na maioria dos casos, é necessário fazer uma nova plastia abdominal ou recorrer a expansores porque, para corrigir a cicatriz, é preciso usar pele e estas são as únicas forma de o conseguir. «Quando há grandes necroses, pode haver necessidade de enxertar pele», acrescenta Lai Yun Fee. Se há infecção, elimina-se com antibióticos.

Veja na página seguinte: Blefaroplastia e otoplastia

Blefaroplastia

É um dos procedimentos cirúrgicos que tem vindo a ganhar dimensão em Portugal nos últimos anos. A sequela maior desta cirurgia são os olhos encovados e as causas são, sobretudo, olhos extasiados/ectrópios, sujeitos a uma exposição excessiva do globo ocular. «Os olhos encovados produzem-se quando se retira demasiada gordura e pele das pálpebras superiores», explica Lai Yun Fee.

Os olhos extasiados derivam do excesso de recessão da pele e da gordura da pálpebra inferior, que deixa a parte branca inferior do globo ocular visível, ou à flacidez da pálpebra inferior, como acontece nos idosos. A correção é complexa, já que é necessário recorrer a enxertos ou a outras plastias correctoras que podem não ter resultados estéticos.

- Otoplastia

Pode haver recidiva do descolamento das orelhas. Originada por uma correcção mal executada da cartilagem, que retorna à sua posição original, forçando a pele a distender-se até que as orelhas recuperem o aspecto que tinham antes da cirurgia. «Quanto mais precoce for a cirurgia, menos recidivas tem, diz-nos Lai Yun Fee.

«Se a operação for feita a um adulto, há mais hipótese de recidivas, pela maior rigidez da cartilagem», realça o especialista. Para corrigir o problema em caso de necessidade, a solução é reintervir para reposicionar a cartilagem, de modo a manter a posição ideal estável e definitiva.

- Rinoplastia

A mais habitual das sequelas é a anomalia no fluxo do ar, que faz com que o paciente não consiga respirar bem. Em termos estéticos, o nariz pode ficar com um aspecto artificial ou torcido. As anomalias na circulação de ar podem surgir devido à má correção do septo nasal ou à alteração da válvula por excesso de cartilagem. Pode ocorrer, por exemplo, o colapso das válvulas.

«Podem ainda surgir algumas alterações anatómicas devido a problemas de apneia do sono», destaca Lai Yun Fee. As sequelas estéticas resultam de danos na zona óssea ou cartilaginosa, causados por recessões excessivas e irregulares. No caso de se ter recessão cartilaginosa em excesso, há que recorrer a enxertos retirados da cartilagem da orelha para formar uma nova ponta.

- Lifting

Lesões nervosas (insensibilidade, paralisia facial e/ou queda da sobrancelha), deformação do lóbulo da orelha e cicatrizes visíveis diante e detrás da orelha são as sequelas mais comuns. As lesões nervosas ocorrem quando se danifica algum nervo. As restantes sequelas derivam de uma execução incorrecta do lifting, com um excesso de tensão de pele que faz com que as cicatrizes se distendam.

Os danos nervosos não se podem corrigir, advertem, contudo, muitos especialistas. Certas alterações da sensibilidade nervosa melhoram e recuperam com o tempo. As cicatrizes podem ser atenuadas, recorrendo a massagens com cremes apropriados, pequenos retoques ou através do uso do laser.

Texto: Cláudia Pinto