No caso das mulheres, a não ser que sejam demasiado magras e esqueléticas, quanto menos volume na zona das ancas melhor, não concorda? A maior parte das mulheres concordará! Para eliminá-lo de forma definitiva, a liposucção é uma boa opção. A acumulação de gordura na zona compreendida entre o osso da anca e o músculo (cullote de cheval) incomoda a maioria das mulheres e não está necessariamente relacionada com o excesso de peso nem com a celulite. E a culpa tem nome!
Tratam-se de células adiposas (ou adipócitos) ou, mais concretamente, da sua excessiva acumulação nas camadas mais profundas da pele. Esta aglomeração de adipócitos é propiciada sobretudo por fatores hormonais (daí ser um problema tipicamente feminino), ainda que intervenham também fatores como a genética e os hábitos de vida inadequados. Mas como livrar-se dos cullotes de cheval que arruinam a harmonia da nossa figura?
Sem dúvida, a solução cirúrgica mais eficaz para eliminá-las é a liposucção. O objetivo da intervenção é eliminar o tecido gordo excedente, mantendo a curva tipicamente feminina. Não se limita unicamente a extrair a gordura mas também a obter um equilíbrio da zona tratada, devolvendo a proporção adequada à figura. A liposucção do cullote de cheval consiste, segundo Biscaia Fraga, diretor da Clínica Biscaia Fraga, «em retirar uma grande quantidade de gordura e volume».
«A mulher portuguesa tem predominantemente a gordura localizada nas ancas, coxas e até aos joelhos», sublinha o cirurgião plástico, procurado por muitas celebridades nacionais. «Há autores que lhe dão o nome de gordura mediterrânica», acrescenta ainda o especialista. Basta olharmos à nossa volta para encontrar logo três ou quatro mulheres, pelo menos, que poderiam necessitar deste tipo de intervenção.
Quando fazer?
Deve optar por esta cirurgia se houver um excesso de volume na zona e se conseguir prever que a forma do corpo se pode definir com este tratamento. «A paciente tem de estar em boas condições gerais de saúde e também ao nível da coagulação sanguínea», diz-nos Biscaia Fraga. Ao contrário do que se possa pensar, «os diabéticos e hipertensos melhoram substancialmente com este tipo de correção», acrescenta o especialista.
Se existir muita flacidez ou ptose (queda dos tecidos) não deve fazer esta cirurgia, pois a pele não voltará a redistribuir-se sobre o novo contorno corporal e poderá requerer algum procedimento cirúrgico adicional (dermolipectomia) para eliminar o excesso e conseguir o efeito desejado. Para além disso, «todas as pessoas que têm uma doença aguda ou crónica e que podem agravar a sua situação não se devem submeter a esta intervenção (por exemplo, insuficiência cardíaca descompensada ou doença da coagulação sanguínea)», refere ainda.
Os primeiros passos
O primeiro passo é ter uma consulta com um especialista para que se determine a conveniência ou não de realizar a liposucção em função da qualidade da pele e do seu estado geral de saúde. Nessa consulta, é muito importante esclarecer todas as dúvidas que lhe ofereçam expectativas realistas acerca dos resultados. «Nesta consulta, verifico se a paciente tem mesmo indicação para a realização da cirurgia. Há mulheres com 25 anos que não a podem realizar e outras com 80 que podem submeter-se à liposucção. A idade não é uma contraindicação nem um contratempo», informa Biscaia Fraga.
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O que o médico deve observar
O médico deve observar a pessoa de pé e sentada para verificar como são as pregas cutâneas. É fundamental ter em conta a história clínica da paciente. «Regra geral e por mecanismo de medicina defensiva, o médico deve pedir o estudo da coagulação sanguínea», afirma o cirurgião plástico. Uma recomendação habitual é que evite o consumo de aspirina um mês antes da intervenção para prevenir possíveis problemas de coagulação.
Uma questão de técnica
Irão realizar-lhe um estudo de documentação fotográfica para desenhar a zona a tratar, a partir da imagem obtida e para se planear a cirurgia. «É importante fazer esse estudo que fará parte do processo da paciente», explica Biscaia Fraga. Depois, fazem-se umas incisões mínimas de, aproximadamente, dois a três milímetros. Ainda que dependa da quantidade de gordura a extrair, é normal que sejam colocadas na dobra da nádega.
Os orifícios das incisões aproveitam-se para infiltrar uma solução composta de anestesia com a dupla finalidade de facilitar tecnicamente a intervenção cirúrgica e reduzir ou evitar o sangramento que o procedimento pode produzir. Através das incisões, introduzem-se umas cânulas conectadas a uma máquina que aspira por vácuo. No caso do cullote de cheval, o tamanho das cânulas é maior do que as usadas noutras zonas do corpo.
O cirurgião vai movimentando as cânulas, que, através do sistema de vácuo, removem e extraem a gordura excedente por debaixo da pele. O número de incisões realizadas depende da quantidade de gordura acumulada e da técnica do cirurgião mas, em todos os casos, as cânulas penetram desde vários pontos, realizando faixas cruzadas por debaixo da pele. O objetivo é que a superfície da pele se mantenha o mais uniforme possível.
Outros detalhes da intervenção
A missão das cânulas no interior da pele é dupla. Por um lado, romper os adipócitos (células adiposas) e, por outro, aspirá-los. O especialista deve anotar cuidadosamente o volume aspirado de cada zona em que se introduz a cânula. O processo deve ser simétrico no outro cullote, isto quando ambos os cullotes são simétricos porque há pacientes que têm um lado mais volumoso do que o outro. Uma vez aspirada a gordura, extraem-se as cânulas e encerram-se as incisões aplicando um ponto de sutura muito fino (as cicatrizes quase não se notam).
Biscaia Fraga acrescenta que, na prática, «as cicatrizes não se devem notar. Na hipótese de se constatar minimamente a cicatriz, é possível atenuá-la ou fazê-la desaparecer através do recurso ao laser». Para finalizar, coloca-se uma contenção elástica (lipo-pant). «Ao fim de dois meses, a pele está muito próxima do resultado final. Em termos cirúrgicos, o grande objetivo da contenção elástica é adaptar os tecidos e esse processo realiza-se durante as primeiras três semanas», assegura.
Um final sem surpresas
Em mais de 90% dos casos, não é necessário internamento. «Se se tratar de uma liposucção de grandes proporções, a paciente só pode voltar ao trabalho entre 48 a 72 horas depois. Há, no entanto, um número razoável de casos que volta no dia seguinte», assegura o cirurgião plástico. «Se logo depois da cirurgia for colocada uma contenção elástica, não há razão para se recorrer a tubos de drenagem, que só levantam problemas à paciente», ressalva Biscaia Fraga.
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A recomendação do uso da contenção elástica
O uso da contenção elástica «é recomendado durante três a oito semanas, dependendo dos casos», afirma Biscaia Fraga. Podem administrar-lhe antibióticos profilácticos para prevenir uma possível infeção. Uma semana a seguir à intervenção, pode notar algum cansaço. Não é um pós-operatório especialmente doloroso, ainda que as equimoses das zonas tratadas durem aproximadamente uma semana.
Nalguns casos, pode surgir uma sensação de queimadura «que desaparece em poucos dias», garante o especialista. Recomenda-se que comece a fazer exercício uma semana depois da intervenção (sobretudo caminhada e natação) e submeta a área tratada a massagens e drenagens linfáticas. Estes gestos facilitam a recuperação e potenciam os resultados, acelerando-os.
Pode dar-se o retorno da gordura?
Uma das questões colocadas pelas mulheres que se submetem a esta intervenção é se, uma vez eliminada, a gordura pode voltar a acumular-se. Biscaia Fraga é perentório. «As células adiposas não se reproduzem, ao contrário de outras células da pele. Portanto, as que foram aspiradas nunca mais voltam. Há, por outro lado, um fenómeno curioso. «Está documentado cientificamente que 60% das mulheres que fazem liposucção acima de dois a três litros de gordura no cullote de cheval, ancas e abdómen, passados seis meses, têm um aumento mamário», diz.
«As pacientes referem que o peito aumentou», assegura o cirurgião plástico. «Elas continuaram com os mesmos hábitos que tinham anteriormente e o aporte calórico não se deposita naquela zona e vai situar-se onde ainda existe tecido adiposo», explica ainda. «Normalmente, essas pacientes ficam satisfeitas e aumentam um número de sutiã», revela, entusiasmado com os resultados que o procedimento estético tende a apresentar.
Sala cirúrgica, anestesia e outros dados
Nunca se esqueça que a liposucção é uma intervenção cirúrgica e, como tal, deve ser realizada numa sala cirúrgica de uma clínica ou de um hospital. Nunca se deve submeter a uma liposucção sem uma consulta médica prévia. Normalmente, é realizada com anestesia loco-regional e sedação, ainda que em alguns casos se possa aplicar anestesia geral. Isto vem determinar a quantidade de volume de gordura que se irá extrair.
«A anestesia geral é uma excepção e é utilizada quando há cirurgias associadas. Por exemplo, uma paciente que faz uma redução mamária pode aproveitar a anestesia para realizar a liposucção do cullote de cheval», diz ainda o cirurgião plástico Biscaia Fraga. Deve recorrer a um cirurgião plástico devidamente certificado e reconhecido pela Ordem dos Médicos, uma escolha que, à partida, lhe garante segurança e eficiência comprovada.
Texto: Cláudia Pinto
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