Devolve a luminosidade à epiderme, combate a acne e também é usada como arma para diminuir o tamanho dos poros. Está na moda entre as celebridades, apesar de ter tantos opositores como defensores. O que acontece é que o ozono, um gás que contém um átomo a mais de oxigénio do que o próprio oxigénio, tem hoje em dia uma multiplicidade de aplicações médicas e estéticas. Conheça-as e torne-se num ozonodependente!
O que é
O ozono é uma molécula composta por três átomos de oxigénio com a fórmula química O3. Começou a ser utilizado durante a I Guerra Mundial para curar as feridas de guerra. Ao tratar os feridos com ozono, a infeção desaparecia, as feridas cicatrizavam mais depressa e a dor diminuía. Consequentemente, o ozono deu um salto para o campo da traumatologia e da cirurgia vascular. E, hoje em dia, tem uma série de aplicações.
É usada em angiologia, cardiologia, dermatologia, geriatria, ginecologia, imunologia, neurologia, traumatologia e até aplicações medico-estéticas. Para além das indicações médicas, a ozonoterapia tem inúmeras aplicações em estética e dermatologia, nomeadamente em casos de celulite, acne, eczema, micoses e psoríase. No entanto, apesar dos avanços internacionais das últimas décadas, ainda são pouco exploradas em Portugal.
Em tratamentos médicos e, dependendo da concentração de ozono utilizada, uma sessão de ozonoterapia custa, em média, entre 50 € e 75 €. Nalguns países, há especialistas que também usam esta terapia para tratar de casos de retinite pigmentosa, um problema de saúde que causa a degeneração da retina, região do fundo do olho humano responsável pela captura de imagens. É injetada por via intravenosa ou por via anal depois da cirurgia.
Os argumentos a favor da ozonoterapia
A experiência médica demonstrou que o ozono é um excelente bactericida, fungicida, antioxidante, oxigenante, drenante e ativador da microcirculação e do sistema imunitário, estimula a regeneração tissular, tem um efeito anti-inflamatório e diminui os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento.
As criticas que muitos fazem à ozonoterapia
Não há ainda estudos clínicos que corroborem as utilizações medico-estéticas que têm vindo a ser dadas ao ozono. Por enquanto, estas assentam na experiência acumulada em Itália, Alemanha, Grécia e Espanha, onde foi aplicado com sucesso em mais de dois milhões e meio de pessoas.
As contraindicações da ozonoterapia
Apesar de ser tóxico quando é inalado, o ozono não tem contraindicações quando é aplicado localmente. Não se conhece nenhum efeito secundário. Apesar de, como prevenção, ser desaconselhado em caso de gravidez, de intoxicação alcoólica aguda, de enfarte cardíaco e/ou de alergias ao ozono.
O que o ozono pode fazer pela sua celulite
No caso do tratamento da celulite, o ozono é injetado localmente no tecido adiposo, como uma mesoterapia, mas a nível do tecido celular subcutâneo. Pode ser um pouco incómodo por causa da profundidade das picadas. Não se utiliza anestesia. O ozono é injetado na pressão e na concentração que o profissional achar conveniente, de acordo com a gravidade do problema a tratar.
Pode-se tratar o abdómen, os braços, as coxas e os glúteos. A injeção profunda possibilita que o gás se difunda amplamente, até ao ponto de ser necessária apenas uma injeção por zona a tratar. Este tratamento visa aumentar a vascularização da zona para que o próprio organismo liquidifique a gordura. A celulite é um problema relacionado com a diminuição da vascularização na zona problemática e, através da injeção de grandes quantidades de ozono, é possível aumentar essa vascularização.
São necessárias 10 sessões, duas vezes por semana. Esta é, contudo, apenas mais uma técnica de choque e, por si só, não resolve a celulite porque as deficiências de vascularização não têm solução definitiva. É por essa razão que é combinada com outros tratamentos, nomeadamente drenagem linfática manual, pressoterapia, dieta e exercício. Para manter os resultados devem repetir-se as sessões de seis em seis meses.
Os tratamentos antienvelhecimento com ozonoterapia
No caso do tratamento antienvelhecimento ou anti-radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento dos órgãos e da pele, o ozono é injetado por via intravenosa. A técnica é conhecida como auto-hemoterapia. Retira-se sangue ao paciente que depois é combinado com ozono para se voltar a injetar. Os especialistas garantem que este método é o único que atrasa verdadeiramente o envelhecimento, comparativamente aos tratamentos orais à base de ozono.
Isto porque os tratamentos orais não chegam às mitocôndrias celulares, local onde ocorre a oxidação, coisa que o ozono injectado consegue fazer. Através da injeção de ozono, os glóbulos vermelhos transportam mais oxigénio para os tecidos, contribuindo para uma melhor capacidade de concentração e memória, combatendo o cansaço e fadiga crónica e abrandando os sintomas de patologias neurológicas, como a doença de Alzheimer e o Parkinson.
O objetivo é abrandar e travar o envelhecimento celular. Os radicais livres, por causa do stresse, da alimentação incorreta e da própria poluição atmosférica, bombardeiam as nossas células. O que o ozono faz é proteger essas células do bombardeamento maciço de radicais livres, atrasando o seu processo de oxidação e envelhecimento. O número de sessões necessárias varia em função das necessidades de cada pessoa.
Podem, segundo os especialistas, fazer-se sessões de ozonoterapia a cada 15 dias, sem nenhum efeito secundário. Recomenda-se, no entanto, este tratamento a pessoas com mais de 40 anos que queiram abrandar o processo de envelhecimento. Por causa das suas reconhecidas propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas, esta molécula é também um excelente regulador imunitário.
As diferentes utilizações da ozonoterapia
Além de ser usada em vários países para tratar de casos de retinite pigmentosa, a ozonoterapia pode servir para outros fins:
- Hidroterapia do cólon
Neste caso, o ozono é diluído em água e introduzido no ânus através de uma sonda fina. Trata a candidíase e outros desequilíbrios da flora intestinal, e desintoxica o fígado, vias biliares e rins. De acordo com Tropa de Sousa, entrevistado pela Ultimate Beauty enquanto diretor clínico da Clínica Matrix, em Coimbra, "esta forma de administração tem muito menos riscos do que a via endovenosa e tem os mesmos benefícios".
Também tem efeitos notáveis na pele, aliviando e curando, inclusive, a psoríase, como garantiu na altura à edição impressa da publicação. O facto do tratamento ser feito por via anal, à semelhança do que também sucede nos procedimentos para tratar casos de retinite pigmentosa, torna-o incómodo.
- Cura de hérnias sem cirurgia
Em termos de utilização médica, transformou-se numa das opções mais populares de tratamento alternativo à cirurgia da hérnia discal ou da dor lombar. A terapia consiste em injetar uma mistura de oxigénio e ozono diretamente no disco invertebral danificado, nos músculos paravertebrais ou nos dois.
O número de injeções pode variar entre uma e doze e devem ser administradas a cada um ou dois meses. Exerce um efeito desidratante no disco, seca o núcleo polposo e retrai-o, combate a dor porque inibe a ação de umas enzimas chamadas prostaglandinas e regenera o disco.
- Aplicação externa
É outra das suas utilizações. "Dadas as suas características antibacterianas e fungicidas, alguns centros de estética aplicam ozono diretamente na pele através de vaporizações para eliminar o excesso de secreção sebácea, hidratar a pele e prepará-la para alguns tratamentos", referiu à publicação especializada Carla Moreira, que utiliza a ozonoterapia com estes fins no seu salão de estética, no Porto.
Para alguns especialistas, este tipo de aplicação não tem utilidade porque, como fazem questão de apontar, o ozono aplicado externamente não consegue atravessar a barreira de defesa da pele. Ainda assim, muitos também garantem que não tem nenhum inconveniente.
- Óleos ozonizados
Os óleos ozonizados, aplicados localmente através de uma massagem prolongada, têm a particularidade de libertar lentamente ozono com um efeito desinfectante e o objetivo de estimular a circulação sanguínea local, sendo muito eficaz no tratamento de eczemas, lesões psoriáticas e úlceras varicosas. A vantagem é que põe de lado os incómodos das injeções. A experiência atual com estes óleos é, no entanto, ainda bastante limitada, pelo que não se sabe até que ponto são eficazes.
Texto: Madalena Alçada Baptista
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