A italiana, que entre os seus looks mais famosos para a Dior tem uma t-shirt branca com a frase "We should all be feminists" (Deveríamos ser todos feministas) deu um passo além nesse combate ao estampar novos slogans militantes como "Sisterhood global" (Irmandade feminina global).
Bianca Jagger, Jennifer Lawrence e Cara Delevingne foram algumas das estrelas que assistiram ao desfile no Museu Rodin em Paris. No cenário, as paredes estavam cobertas de fotografias de corpos femininos em posições que recriavam as letras do alfabeto, obra concebida pela italiana Tomaso Binga, que utilizou um pseudónimo masculino para parodiar o domínio dos homens no mundo da arte.
Binga, de 87 anos, fez a abertura do desfile ao ler um texto em italiano onde defendia a necessidade de autogestão das mulheres. Estava acompanhada por duas modelos com t-shirts que reivindicavam a sororidade - a união de mulheres com o mesmo fim - , com lemas que Chiuri encontrou nos títulos dos livros da poetisa americana Robin Morgan.
"A moda quer apoiar a mulher em todas as situações. Por isso, é preciso colaborar com outras artistas para produzir um efeito internacional", disse em entrevista à AFP a estilista italiana antes do desfile.
"Atualmente, comprar é um ato político. À margem das peças, bolsas e sapatos, as pessoas querem que por detrás dos objetos existam valores em que acreditem" e "meu valor é a irmandade feminina", disse.
Feminista com ares masculinos
A italiana revirou os inesgotáveis arquivos da marca fundada em 1946 para se inspirar no que Christian Dior aproveitou da cultura britânica, especialmente nos anos 1950, quando lançou o famoso "New Look".
"Alguns movimentos viveram essa época de uma maneira totalmente diferente, como as Teddy Girls", uma subcultura feminina do pós-guerra, disse a diretora artística da Dior desde 2016.
Naquela época "Londres representava a tradição e ao mesmo tempo a sua ruptura". E as Teddy Girls "usavam os casacos justos com camisas, jeans e sapatilhas. As silhuetas eram menos burguesas", disse.
Na sua vontade de atualizar o "New Look", a Dior apresentou para o próximo outono-inverno uma coleção de prêt-à-porter com looks que recorrem à tecnologia para serem cada vez mais leves.
O clássico "bar jacket" reinventa-se segundo uma linha mais masculina na modelagem, na gola e nos tecidos utilizados.
O tartan entra com força e inunda toda a coleção, com looks em tons de verde e vermelho usados com chapéus de tecido. A estampa vichy masculiniza algumas propostas, enquanto a seda e o tule aparecem combinados com casacos de couro e um cinto largo do mesmo material.
Saint Laurent: fiel ao seu estilo sexy
Aos pés da Torre Eiffel, a Saint Laurent desfilou uma coleção oposta ao espírito da Dior, apostando em vestidos pretos justos e extremamente sexy.
Decotes, transparências e calções mini voltaram à passerelle da marca que o estilista belga Anthony Vaccarello imprimiu desde a sua chegada. Laços e folhos também ganharam espaço nesse desfile misto.
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