A primeira coleção, inspirada no Porto, cidade onde nasceram as irmãs Inês Fonseca e Marta Fonseca, sobrinhas de Fernanda Santos, foi lançada em abril de 2013, mas começou a ser idealizada um ano antes. "Começámos a marca as três, eu e a minha irmã, com a minha tia, que é agente têxtil, mas só nós as duas é que estávamos a tempo inteiro no projeto", recorda Marta Fonseca, cofundadora, designer e diretora criativa da Latitid, em declarações ao Broader/SAPO Lifestyle.

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"Nunca imaginámos que iria ser assim. Nós começámos, em 2012, a desenhar a nossa primeira coleção de forma descomprometida. Não foi na brincadeira mas quase, com a expetativa de ver como é que as coisas corriam", admite. O êxito foi (quase) imediato. "Na altura, a divulgação no Facebook também nos ajudou. Era uma época de crise gigante, mas a recetividade foi logo espetacular. Nós, no primeiro ano de vendas, conseguimos recuperar o investimento que tínhamos feito e é incrível porque todos os anos temos crescido. É um orgulho enorme, não vou mentir", assume Marta Fonseca.

"O nosso projeto tem sido desenvolvido com alma e isso faz toda a diferença. Acreditamos muito na marca", confidencia. "Com o tempo, tivemos de aumentar a nossa loja, o site e a equipa do online, tivemos que mudar o armazém todo e, este ano, tivemos de o voltar a reorganizar para termos mais prateleiras, porque o stock que tínhamos já não cabia. Cada vez produzimos quantidades maiores e também temos mais produtos. Na nova coleção, temos mais saídas de praia", revela.

French Riviera, a coleção que a Latitid idealizou para o verão de 2022, inclui também, para além de novos modelos de biquínis e fatos de banho, lenços, sacos, mochilas e toalhas. Barcelona, Londres, Istambul, Capri, Cuba, Los Angeles e a Cidade do Cabo foram outros dos destinos que serviram de inspirações às novidades apresentadas em anos anteriores. "Olhámos para trás, fizemos uma retrospetiva e vimos que já tínhamos praticamente dado a volta ao mundo", justifica.

"A Riviera Francesa é um destino de férias com glamour. Os estampados são inspirados nos da década de 1970, que também são tendência este ano. Temos modelos diferentes, triangulares e com mais lacinhos, porque, cada vez mais, as mulheres procuram modelos mais simples. Os estampados também são bastante diferentes dos habituais. Nós gostamos de ser fiéis ao nosso design e apostámos também em texturas diferentes e em licras brilhantes, que continuam em voga", refere.

Atenta às necessidades do mercado, a Latitid surpreendeu, este ano, as consumidoras com um possibilidade inédita na marca. "Pela primeira vez, nalguns modelos, vai ser possível trocar o tamanho da parte de cima e da parte de baixo e combinar um S com um M ou um M com um L. Nem todos os corpos são iguais. É um grande passo para nós mas há algum tempo que no-lo pediam. Existe essa procura e, finalmente, vamos poder dar resposta", anuncia Marta Fonseca.

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Nos próximos meses, a Latitid prepara novos lançamentos. "Ainda não posso revelar do que se trata mas vamos ter outra coleção e não é de banho", revela a empresária. A diversificação do negócio tem sido uma das estratégias adotadas progressivamente desde o início. "Temos tido um crescimento calmo, sem dar um passo maior do que a perna, como o nosso pai sempre nos ensinou. O online teve um crescimento brutal. Temos cada vez mais pessoas a comprar-nos peças através deste canal de distribuição", regozija-se a cofundadora da marca. Os últimos dois anos e meio são exemplo disso.

"A pandemia, para nós, foi um período ótimo", refere Marta Fonseca. "É horrível dizer isto assim mas nós não sofremos com o confinamento. Ao fim e ao cabo, estávamos a vender um sonho. As pessoas acreditavam que, no verão, as coisas iriam voltar à normalidade. Mas, no início, achei que não iríamos ter coleção porque as fábricas fecharam todas e ainda não tínhamos a coleção entre portas. 2020 foi um ano muito desafiante e stressante. Foi um ano de aprendizagem", recorda.