A tradição das amêndoas oferecidas na Páscoa resulta do muito antigo culto prestado ao ovo e associado às festas da primavera, mais tarde incorporado na tradição Cristã, visto como símbolo de Ressurreição e eternidade. Semelhantes na forma e evocando no colorido as seculares decorações de ovos da Páscoa, as amêndoas revestidas a açúcar e em cores garridas, resultam da adaptação da confeitaria a novas técnicas e tempos.

Porque comemos e oferecemos ovos na Páscoa?
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Isto porque, já na antiguidade clássica, a civilização grega apreciava, como doce, as amêndoas revestidas com mel. Os romanos, antes de Cristo, também se deleitavam com o mesmo acepipe. Uma prática que se terá mantido na Europa até à Idade Média.

Muito mais tarde na História, no século XVI quando se dá a introdução do açúcar de cana na Europa, a amêndoa vai ganhar as características que atualmente lhe conhecemos.

No século XVIII, as amêndoas doces começaram por ser produzidas em França, na região de Verdun (Lorraine) e de modo artesanal. Foram inventadas por um farmacêutico que viu na cobertura de açúcar uma forma de preservas as amêndoas por períodos mais largos.

A disseminação de técnicas de confeitaria democratizou as amêndoas cobertas de açúcar. Confeiteiros levavam as amêndoas secas e descascadas para grandes tinas. Ai, num movimento regular e de rotação, eram uniformemente cobertas com uma calda de açúcar.

A partir de 1850, os processos industriais vieram facilitar esta tarefa. As amêndoas eram introduzidas em turbinas mecânicas, revestidas com uma mistura de goma-arábica e açúcar, depois secas, cobertas com uma calda de açúcar concentrada. Posteriormente eram polidas e, em certos casos, coloridas.

amendoas
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Trazidas para Portugal sob influência da confeitaria francesa, as amêndoas doces, antes produzidas em conventos, contam, hoje, com um processo de fabrico que se inicia com a escolha e triagem das amêndoas, depois secagem e gomagem.

Faz-se, posteriormente, uma calda com a goma-arábica, a que se junta açúcar e dá-se uma primeira cobertura para reduzir as irregularidades do miolo e conferir a aderência uniforma às várias camadas de açúcar que se seguem.

Iniciado o processo, as amêndoas são transferidas para turbinas, também designadas de bacias rotativas. Ai cumprem perto de seis horas de rotação.

A secagem da calda de açúcar é essencial para evaporar a água e permitir ao açúcar a cobertura e envolvimento do miolo. É um processo lento, assemelhando-se a uma pintura por camadas que, sucessivamente vão secando. De início, estas camadas são rugosas, poeirentas. Finalmente, é feito o polimento das amêndoas, conferindo-lhes maciez na textura e as cores que lhes conhecemos. Os corantes são adicionados com as últimas camadas de calda.

A proporção entre a amêndoa e o açúcar que a envolve determina a qualidade do produto. Por exemplo, a “amêndoa lisa cores” incorpora uma grande quantidade de açúcar, numa proporção de um para cinco. Ou seja, por cada quilo de amêndoa vai encontrar cinco quilos de açúcar. Já a “tipo francês”, conta com uma proporção mais razoável, de um para dois.