Em 1908, o jornalista Napoleon Hill entrevistou Andrew Carnegie, então o maior magnata do aço nos EUA. Segundo Hill, Carnegie desafiou-o a entrevistar 500 milionários para identificar padrões comuns de sucesso e ofereceu-lhe cartas de apresentação e apoio moral. Hill dedicou duas décadas a este projeto, que resultou primeiro na obra monumental The Law of Success (1928) e, em 1937, na versão condensada e acessível, Think and Grow Rich (traduzido para Pense e Fique Rico). O livro sintetiza princípios que ficaram conhecidos como os "13 passos para atingir riquezas", combinando planejamento, persistência e mentalidade positiva.

Napoleon Hill nasceu em 1883 numa casa modesta em Wise County, Virginia. Com 13 anos, começou a trabalhar em jornais locais e, mais tarde, passou a entrevistar figuras como Thomas Edison, Henry Ford ou Franklin D. Roosevelt, consolidando-se como consultor de empresários influentes.

Ao longo da sua vida, escreveu vários livros e dedicou-se à difusão da sua “filosofia do sucesso”, lecionando e fazendo conferências até à sua morte em 1970. Até então, Pense e Fique Rico já tinha vendido mais de 20 milhões de cópias; hoje estima-se de 70 milhões a mais de 70 anos após a sua publicação.

Embora tenha influenciado milhões de leitores com conselhos sobre riqueza material e satisfação espiritual, a integridade factual da sua narrativa é contestada. Biógrafos de Carnegie não encontraram registos reais da reunião inicial entre os dois, e Hill jamais apresentou provas documentais do encontro ou da comissão original.

Ainda assim, independentemente da controvérsia, Pense e Fique Rico, agora reeditado pela Lua de Papel, permanece como pedra angular na literatura de automotivação e gestão empresarial. A sua proposta de que pensamento, visualização e foco podem levar ao sucesso moldou gerações e ajudou a criar todo um género editorial.

Napoleon Hill. créditos: Wikimedia Commons

Do livro, publicamos o excerto abaixo.

O desejo - O ponto de partida de todos os empreendimentos

O primeiro passo para a riqueza

Quando Edwin &. Barnes desceu do vagão de mercadorias em West Orange, New Jersey, poderia ter o aspeto de umvagabundo, mas os seus pensamentos eram os de um rei. À medida que se afastava dos carris em direção ao escritório de Whomas A. Edison, a sua mente estava a trabalhar. Via-se a si próprio na presença de Edison. Ouvia-se a si próprio a pedir a Edison uma oportunidade para levar a cabo a obsessão da sua vida, o desejo ardente de se tornar parceiro nos negócios do grande inventor.

O desejo de Barnes não era uma esperança! Não era uma aspiração! Era um desejo fervoroso que transcendia tudo o resto.Era algo imperativo.

O desejo não era novo quando ele abordou Edison. Há muito que era o desejo dominante de Barnes. De início, quando este surgiu na sua mente, pode ter sido, provavelmente era, apenas um desejo, mas já não era um mero desejo quando ele se apresentou a Edison.

Alguns anos depois, Edwin &. Barnes estava de novo diante de Edison, no mesmo escritório onde tinha conhecido oinventor. Desta vez, o seu desejo tinha-se transformado em realidade. Era sócio de Edison. O sonho dominante da sua vida tinha-se tornado realidade. Agora, quem conhece Barnes inveja-o, por causa da “oportunidade” que a vida lhe deu. Olham para ele na época do seu triunfo, sem se darem ao trabalho de investigar a causa do seu sucesso.

Napoleon Hill nasceu em 1883 numa casa modesta em Wise County, Virginia. Determinado a vencer na vida, começou aos 13 anos a colaborar com vários jornais locais, tendo conseguido nos anos seguintes entrevistar grandes génios da época. Graças aos conhecimentos adquiridos na área dos negócios, tornou-se consultor e confidente de alguns dos homens mais influentes do mundo, como Franklin D. Roosevelt, Mahatma Gandhi, Thomas Edison ou Henry Ford. Hill morreu em 1970, depois de uma longa carreira como escritor, professor e orador sobre os princípios do sucesso. Em 1937, sintetizou a sua obra-prima num livro mais acessível, Pense e Fique Rico.

Barnes teve sucesso porque escolheu um objetivo preciso, no qual colocou toda a sua energia, todo o seu poder, todo o seu empenho, apostando tudo o que tinha para atingir aquele objetivo. Não se tornou sócio de Edison no dia em que lhe apareceu. Contentou-se em começar a trabalhar em tarefas menores, desde que isso lhe desse oportunidade de dar nem que fosse um passo em direção ao seu estimado objetivo.

Passaram-se cinco anos até ele ter a oportunidade que tinha procurado desde a sua chegada. Durante todos esses anos nem apenasum raio de esperança, nem uma promessa de realização do seu desejo lhe foram concedidos. Para todos, menos para si próprio, ele era somente mais uma peça na engrenagem dos negócios de Edison. Mas na mente dele, era parceiro de Edison a cada minuto, desde o primeiro dia em que começara a trabalhar naquele local.

É um exemplo extraordinário do poder de um desejo preciso. Barnes conseguiu o seu objetivo porque queria ser sócio de Edisonmais do que qualquer outra coisa. Criou o plano para atingir esse objetivo. Mas queimou todas as pontes atrás dele. Manteve-se firme noseu desejo até este se tornar a obsessão dominante da sua vida – e, por fim, um facto. Quando foi para West Orange, não disse para si mesmo: “Vou tentar levar Edison a dar-me um trabalho qualquer.” Ele disse: “Vou ter com Edison e informá-lo de que vim para entrar no negócio dele.” Ele não disse: “Vou trabalhar ali alguns meses, e se não for incentivado, desisto e arranjo trabalho noutro lugar qualquer.” Ele disse: “Começo em qualquer lado. Farei tudo o que Edison me disser para fazer, mas antes de terminar, sereiseu sócio.”

Ele não disse: “Vou manter os meus olhos abertos para outras oportunidades, no caso de falhar aquilo que quero na empresa de Edison.”

Ele disse: “Só há uma coisa no mundo que eu estou determinado a ter, e isso é fazer sociedade com Thomas A. Edison. Vou queimar todas as pontes atrás de mim e apostar todo o meu futuro na minha capacidade para obter o que quero.”

Colocou-se numa posição sem recuo possível. Tinha de vencer ou morrer!

Isto é tudo o que há para dizer sobre a história do êxito de Barnes!

Há muito tempo, um grande guerreiro confrontou-se com uma situação que o obrigava a tomar uma decisão que assegurasseo seu sucesso no campo de batalha. Estava prestes a enviar os seus exércitos contra um inimigo poderoso, cujo número de homens superava o seu. Embarcou as suas tropas em barcos, navegou até ao território do inimigo, desembarcou os soldados e o equipamento e depois deu ordem para serem queimados os barcos que os tinham carregado. Dirigindo-se aos homens antes da primeira batalha, disse-lhes: “Estão a ver os barcos a transformarem-se em fumo? Isso significa que não poderemos deixar estas terras vivos, a não ser que vençamos!

Não temos opção – vencemos ou morremos!” Venceram.

Qualquer pessoa que vença em qualquer empreendimento tem de estar disposta a queimar os barcos e a cortar todos oscaminhos de fuga. Só assim é possível manter o estado de espírito conhecido como o desejo ardente de vencer. É essencial para o êxito.

Na manhã após o grande incêndio de Chicago, um grupo de comerciantes permanecia na State Street, a olhar para os restos fumegantes que tinham sido as suas lojas. Reuniram-se para decidir se deveriam tentar reconstruir as lojas ou deixar Chicago e começar de novo numa zona mais promissora do país. Decidiram ir-se embora. Todos menos um.

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O comerciante que optou por ficar e reconstruir o seu negócio apontou para os restos da sua loja e disse: “Meus senhores, neste mesmo local vou construir a maior loja do mundo, arda as vezes que arder.” Isto foi em 1871. A loja foi construída e ainda hoje se mantém no mesmo local. O centro comercial Marshall Field é um importante monumento ao poder daquele estado de espírito chamado DESEJO ARDENTE. O mais fácil para Marshall Field teria sido fazer o mesmo que os seus colegas comerciantes. Quando as coisas estavam difíceis e o futuro parecia sombrio, eles pegaram na bagagem e foram para onde as coisas pareciam ser mais fáceis.

Fixe bem esta diferença entre Marshall Field e os restantes comerciantes, porque é a mesma que distingue Edwin &. Barnes demilhares de outros jovens que trabalharam na organização de Edison. É esta diferença que distingue aqueles que obtêm sucesso daqueles que falham. Qualquer ser humano suficientemente maduro para compreender o valor do dinheiro aspira a tê-lo. Mas aspirar ao dinheiro não traz riquezas. Desejar riquezas com um estado de espírito que se torna uma obsessão, depois planear formas precisas e meios de adquirir as riquezas, e sustentar esses planos com persistência – uma persistência que não reconheça o fracasso –, isso irá trazer riqueza.

O método através do qual o seu DESEJO de riqueza pode ser transmutado no seu equivalente financeiro consiste em seis passos precisos e práticos:

1. Determine na sua mente a quantia exata de dinheiro que deseja. Não é suficiente dizer apenas “Quero ter muito dinheiro”. Seja preciso na quantia. (Há uma razão psicológica para esta definição, a qual será explicada nos próximos capítulos).

2. Determine exatamente aquilo que está disposto a dar em troca do dinheiro que deseja. (A ideia de “algo a troco de nada” não existe).

3. Estabeleça uma data definitiva em que pretenda ter em sua posse o dinheiro que deseja.

4. Crie um plano preciso para levar a cabo o seu desejo e comece de imediato, esteja ou não preparado para pôr o plano em ação.

5. Escreva uma declaração clara e concisa com a quantidade de dinheiro que pretende adquirir, determine a data-limite para a sua aquisição, indique o que tenciona dar em troca do dinheiro e descreva claramente o plano através do qual pretende acumulá-lo.

6. Leia a sua declaração escrita em voz alta, duas vezes ao dia. Leia-a uma vez à noite antes de se deitar, e outra depois de se levantar de manhã. Enquanto lê, veja-se, sinta-se e acredite estar já na posse do dinheiro.

É importante seguir as instruções descritas nos seis passos. É especialmente importante que cumpra e siga as instruções do sexto ponto. Poderá queixar-se de que lhe é impossível “ver-se a si próprio já na posse do dinheiro” antes de realmente o ter. É aqui que o desejo ardente virá em seu auxílio.

Se realmente deseja o dinheiro com tanta vontade que o seu desejo é uma obsessão, não terá dificuldade em se convencer a si próprio de que o irá adquirir. O objetivo é querer dinheiro e tornar-se tão dete minado a tê-lo que se irá convencer a si próprio de que o irá ter.

Apenas os que se tornam “conscientes do dinheiro” conseguem um dia acumular grandes fortunas. “Consciência do dinheiro” significa que a mente se tornou tão saturada de desejo de dinheiro, que a pessoa já se consegue ver na sua posse.

Se não lhe ensinaram o funcionamento da mente humana, estas instruções podem parecer-lhe impraticáveis. Será útil saber que a informação que elas contêm me foi transmitida por Andrew Carnegie, que se tornou ele próprio num dos mais bem-sucedidos homens da história americana. Carnegie começou a trabalhar como operário numa fábrica de aço, mas conseguiu, apesar do seu início humilde, fazer com que estes princípios lhe dessem uma fortuna consideravelmente superior a 100 milhões de dólares.

Será também útil saber que os seis passos foram analisados minuciosamente pelo famoso inventor e bem-sucedido homem de negócios Thomas A. Edison, que os aprovou, afirmando que os princípios não são apenas os passos essenciais para a acumulação de dinheiro, mas também para atingir qualquer objetivo.

Os passos não implicam trabalho árduo. Não obrigam a qualquer sacrifício. Não implicam que nos tornemos ridículos ou crédulos. A sua aplicação não exige uma grande formação escolar, mas a aplicação bem-sucedida destes seis passos exige uma dose suficiente de imaginação para permitir ver e perceber que a acumulação de dinheiro não pode ser deixada ao acaso, à sorte e ao destino. As pessoas têm de compreender que todos os que juntaram grandes fortunas, primeiro tiveram a sua dose de sonhos, esperanças, desejos, aspirações e planeamento antes de ganharem dinheiro.

Pode ficar já a saber que nunca terá riquezas em grandes quantidades a não ser que se proponha desenvolver em si um fortíssimo desejo de dinheiro, acreditando realmente que o irá possuir.

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Da mesma forma também pode saber que qualquer grande líder, desde os primórdios da civilização até aos dias de hoje, foi um sonhador. Atualmente o cristianismo é o maior poder potencial do mundo, porque o seu fundador era um poderoso sonhador que teve a visão e a imaginação para ver as realidades na sua forma mental e espiritual antes de se transmutarem para a sua forma física.

Se não vislumbrar grandes riquezas na sua imaginação, jamais as verá no seu saldo bancário. Nunca na história da América houve oportunidades tão grandes para sonhadores práticos como existem hoje. Os seis anos de colapso económico reduziram qualquer pessoa, substancialmente, ao mesmo nível. Está prestes a começar uma nova corrida. As apostas representam enormes fortunas que serão acumuladas nos próximos dez anos. As regras da corrida mudaram, porque vivemos agora num mundo mudado que, definitivamente, favorece as massas, aqueles que tiveram poucas ou nenhumas oportunidades de vencer nas condições que existiam durante a depressão, quando o medo paralisou o crescimento e o desenvolvimento.

Se está nesta corrida pela riqueza, deverá ser encorajado pela seguinte verdade: o mundo em que vivemos está a pedir novas ideias, novas maneiras de fazer as coisas, novos líderes, novas invenções, novos métodos de ensino, novos métodos de marketing, novos livros, nova literatura, novas funcionalidades para o rádio, novas ideias para filmes. Por detrás desta procura de novas e melhores coisas existe uma qualidade que você deve possuir para ganhar. Essa qualidade é a precisão do objetivo – o conhecimento daquilo que quer e um desejo ardente de o possuir.

A depressão económica marcou a morte de uma era e o nascimento de outra. Este mundo em mudança requer sonhadores práticos que possam, e queiram, passar os sonhos à prática. Os sonhadores práticos sempre foram, e sempre serão, os criadores de padrões da civilização. Se realmente deseja a riqueza, lembre-se de que os grandes líderes do mundo foram sempre homens que exploraram e colocaram em uso as intangíveis e invisíveis forças da oportunidade. Os líderes são pessoas que convertem essas oportunidades em cidades, arranha-céus, fábricas, transportes, entretenimento e todo o tipo de comodidades que tornam a vida mais agradável.

Tolerância e mente aberta são necessidades práticas de um sonhador atual. Os que receiam novas ideias estão condenados à partida. Nunca houve época mais favorável aos pioneiros do que o presente. A verdade é que não há nenhum oeste selvagem e desocupado para conquistar, como na época das Caravanas Cobertas; mas há um vasto mundo económico, financeiro e industrial para ser remodelado e redirecionado segundo novas e melhores direções.

Ao planear a aquisição da sua parte de riqueza, não deixe que ninguém desdenhe de si por ser um sonhador. Para ganhar as grandes apostas neste mundo de mudanças, é preciso agarrar o espírito dos grandes pioneiros, cujos sonhos deram à civilização tudo aquilo que ela tem de valor. É esse espírito que funciona como o sangue vital do nosso próprio país – a sua oportunidade e a minha de desenvolvermos e negociarmos os nossos talentos.

pense e fique rico
pense e fique rico créditos: Lua de Papel

Não esqueçamos, Colombo sonhou com um mundo desconhecido, apostou a vida na existência desse mundo, e descobriu-o!

Copérnico, o grande astrónomo, sonhou com uma multiplicidade de mundos, e desvendou-os! Ninguém o denunciou como “impraticável” depois de ter triunfado. Pelo contrário, o mundo venerou-o, provando uma vez mais que “o sucesso não requer desculpas, o fracasso não permite álibis”.

Se aquilo que deseja fazer está correto e acredita nisso, vá em frente e faça-o. Nunca se preocupe com aquilo que “eles”dizem ao confrontar-se com derrotas temporárias, porque “eles” não sabem que cada fracasso contém a semente de um sucesso equivalente.

Henry Ford, pobre e sem instrução, sonhou com uma carruagem sem cavalos, atirou-se ao trabalho com as ferramentas que possuía, sem esperar por uma oportunidade favorável, e agora a evidência o seu sonho está por todo o mundo. Pôs mais rodas em funcionamento do que qualquer homem, porque não tinha medo de defender os seus sonhos.

Thomas Edison sonhou com uma lâmpada que pudesse funcionar a eletricidade, começou a pôr em prática o seu sonho e apesar de dez mil tentativas falhadas, manteve-se firme até transformar o sonho numa realidade palpável.

Os sonhadores práticos não desistem!

Thelan sonhou com uma cadeia de lojas de charutos, pôs o seu sonho em prática e agora a United Cigar Stores está nas melhores esquinas da América.

Lincoln sonhou com a liberdade para os escravos negros, pôs em prática o seu sonho e por pouco não viveu para ver o Norte e o Sul unidos transformarem esse sonho em realidade.

Os irmãos Wright sonharam com uma máquina que pudesse voar. Agora podemos ver em todo o mundo a evidência de quesonharam veementemente.

Marconi sonhou com um sistema que enviasse sons de um lugar para o outro sem a utilização de fios. O sonho de Marconi pôs lado a lado a mais humilde cabana e a mais imponente casa senhorial. Fez com que pessoas de todas as nações se tornassem vizinhas. Deu ao presidente dos Estados Unidos um meio pelo qual ele pode falar a toda a população da América ao mesmo tempo e de forma rápida. Poderá ser interessante para si saber que os “amigos” de Marconi o colocaram sob custódia para ser examinado num hospital psiquiátrico, quando ele anunciou que tinha descoberto um princípio através do qual era possível mandar mensagens através do ar. A prova de que ele não sonhou em vão pode ser encontrada em todas as rádios do mundo. Felizmente os sonhadores de hoje são mais bem tratados. O mundo habituou-se a novas descobertas. Até tem mostrado vontade de recompensar o sonhador que dá ao mundo uma nova ideia.

“A maior conquista foi, no início e durante algum tempo, apenas um sonho.”

“O carvalho dorme na bolota. O pássaro espera no ovo, e na mais elevada visão da alma, agita-se um anjo desperto. Os sonhos são as sementes da realidade.”

Despertem, levantem-se e imponham-se, sonhadores do mundo. A vossa estrela está agora em ascensão. A depressão mundial trouxe a oportunidade por que têm esperado. Ensinou às pessoas a humildade, a tolerância e a abertura de espírito.

Atualmente o mundo está cheio de oportunidades que os sonhadores do passado nunca conheceram.

Um desejo ardente de ser e de fazer é o ponto de partida do qual o sonhador tem de descolar. Os sonhos não nascem da indiferença, da preguiça ou da falta de ambição.

O mundo já não se ri dos sonhadores, nem lhes diz que não são práticos. Se pensa o contrário, vá ao Tennessee e testemunhe o que um presidente sonhador fez para aproveitar e utilizar o grande poder hidráulico da América. Há alguns anos um sonho assim teria parecido loucura. Se se sentiu desiludido e esmagado por alguma derrota recente, ganhe coragem, porque estas experiências temperaram o metal espiritual do qual é feito – são bens de valor incomparável – e está prestes a descobrir como o seu falhanço pode ser o seu bem mais valioso. Lembre-se, também, de que quase todos aqueles que foram bem-sucedidos na vida escaparam a um mau início e passaram por vários sobressaltos antes de “chegar”. O ponto de viragem nas vidas dos que tiveram sucesso surge, normalmente, nos momentos de alguma crise, através dos quais se conhece o “outro eu”.

John Bunyan escreveu O Caminho do Peregrino, que está entre as melhores obras da literatura inglesa, depois de ter estado na prisão e ser severamente punido, por causa das suas opiniões sobre religião. Sydney Porter apenas descobriu o génio que dormia no seu cérebro depois de ter sofrido um grande infortúnio e de ter sido encarcerado numa cela da prisão, em Columbus, Ohio. Ao ser forçado, pelo infortúnio, a conhecer o seu “outro eu” e a usar a imaginação, começou a escrevers ob o pseudónimo de O. Henry, revelando-se um grande escritor e não um marginal e criminoso miserável.

Estranhos e variados são os caminhos da vida, e mais estranhos ainda são os caminhos da inteligência infinita, pelos quais os homens são, por vezes, forçados a sofrer todo o tipo de castigos antes de descobrirem os seus cérebros e as suas capacidades de criar ideias úteis através da imaginação.

Edison, o maior inventor e cientista do país, era um operador de telégrafo “errante”, que falhou inúmeras vezes antes de ser por fim conduzido à descoberta do génio que dormia no seu cérebro.

Charles Dickens começou por colar rótulos em baldes de tinta preta. A tragédia do seu primeiro amor penetrou nas profundezas da sua alma e converteu-o num dos grandes autores do mundo. Essa tragédia produziu, primeiro, David Copperfeld, depois uma sucessão de outros livros que tornaram este mundo mais rico e melhor para todos os que leram a sua obra. A desilusão com as relações amorosas tem geralmente o efeito de levar os homens à bebida e as mulheres à ruína; e isto porque a maioria das pessoas nunca aprende a arte de transmutar as suas emoções mais fortes em sonhos de natureza construtiva. Helen Keller ficou surda, muda e cega pouco depois de nascer. Apesar do seu grande infortúnio, escreveu o seu nome de forma indelével nas páginas da história dos grandes. Toda a sua vida serviu como prova de que nunca ninguém é derrotado até que a derrota seja aceite como uma realidade.

Robert Burns era um rapaz analfabeto do campo, foi amaldiçoado pela pobreza e acabou por se tornar um bêbado. O mundo tornou-se melhor por ele ter vivido, porque encheu de poesia belos pensamentos e, assim, arrancou um espinho e plantou uma rosa no seu lugar. Booker W. Washington nasceu escravo, prejudicado pela raça e pela cor. Por ser tolerante, ter uma mente aberta em todos os momentos, sobre todos os assuntos, e ser um SONHADOR, deixou para sempre a sua marca numa raça inteira.

Beethoven era surdo, Milton era cego, mas os seus nomes perdurarão enquanto o tempo durar, porque sonharam e traduziram os seus sonhos em pensamento organizado.

Antes de passar ao capítulo seguinte, ateie de novo na sua mente o fogo da esperança, da fé, da coragem e da tolerância. Se tiver estes estados de espírito, e um conhecimento prático dos princípios descritos, tudo o mais que precisar virá até si, quando estiver PRONTO para isso. Deixemos Emerson expressar esse pensamento nestas palavras: “Todos os provérbios, todos os livros, todas as sentenças que te pertencem para ajuda e conforto certamente regressarão a casa através de passagens abertas ou sinuosas. Todos os amigos, que não a tua fantástica vontade, mas a grande e terna alma que em ti anseia, te estreitarão no seu abraço.”

Há uma diferença entre ASPIRAR a uma coisa e estar PRONTO para a receber. Ninguém está preparado para uma coisa até acreditar que a pode ter. O estado de espírito tem de ser a CRENÇA, não apenas a mera esperança ou aspiração. A abertura de espírito é essencial para a crença. Mentes fechadas não inspiram a fé, a coragem e a crença.

Lembre-se de que não é exigido mais esforço para almejar ir longe na vida, para procurar abundância e prosperidade, do que aquele que é exigido para aceitar a miséria e a pobreza.

Imagem de abertura do artigo cedida por Freepik.