Loja “Portugal Rural”
O campo um pouco mais próximo
Portugal, embora geograficamente pequeno, é grande e diverso no aproveitamento que faz dos recursos que a terra dá juntando-lhe engenho e um saber fazer de gerações. O país dos sabores tradicionais é vasto e, a ele, junta-se o rico artesanato regional. Descobrir esse Portugal que, de Norte a Sul, ainda preserva estes modos de conceber e fazer antigos faz-se, em Lisboa, num espaço situado no coração do bairro de Campo de Ourique, a Loja “Portugal Rural”, no nº 115 da Rua Saraiva de Carvalho.
Queijos e enchidos, bolas e folares, compotas, patés e conservas, chás e infusões, pão, ervas aromáticas, doçaria tradicional, azeites e vinhos e muito artesanato, são apenas algumas das propostas deste espaço que funciona desde 1997, embora em novas instalações desde Maio deste ano.
O conceito é simples: 12 associações com expressão a nível nacional reuniram-se, empenhadas na divulgação do mundo rural português em Lisboa de apoio à animação e dinamização da comercialização de produtos locais em ambiente urbano.
O resultado traduz-se num espaço aberto ao mundo rural, onde o cliente sabe que vai encontrar, bem fresquinhos, vindo directamente do produtor, sabores genuínos.
A Loja, um espaço moderno e luminoso, cativa-nos de imediato sugerindo nos materiais empregues a arquitectura tradicional portuguesa. È contudo, naquilo que expõe que o apelo se faz mais forte, seja na zona alimentar, seja na adega, na área do artesanato ou na taberna, esta última pequeno laboratório culinário.
A zona alimentar funciona com uma carácter sazonal, ou seja, nas prateleiras desfilam os ciclos das estações, com a oferta de produtos a variar ao longo do ano, dependendo daquilo que a terra dá. Ali é possível comprar um paté de azeitonas de Trás-os-Montes, cebolas caramelizadas do Cadaval. Castanhas do Marvão em conserva, um misto de cogumelos, mel de urze, entre muitas, mas mesmo muitas outras delicias. Para o Inverno fica a promessa, entre outras, das bolas de Lamego, do presunto de Chaves, do folar de Olhão.
Passa-se à taberna, área que nos convida a ficar e, da carta com sugestões ligeiras, bem nacionais, retira-se um primeiro aproximar aos produtos que, depois, se podem adquirir na Loja. Provam-se, na taberna, as saladas os queijos frescos, as tartes, as empadas de galinha, as torradas e tostas, tudo confeccionado com produtos portugueses de qualidade. Veja-se à laia de tentação ao apetite a “Tosta de Piza” que inclui pão alentejano, piso de coentros, queijo de cabra transmontano, fatia de presunto alentejano e tomate.
Desce-se à cave e ai, deparasse-nos um mundo de artesanato português, com as ricas peças em linho, as cerâmicas, os adufes e bombos, as cestas de vime, artefactos em madeira. Neste espaço é possível, ainda, encontrar peças de design criação de novos artesãos. Aqui, como na área alimentar, existe rotatividade na mostra.
A descoberta do espaço termina na Adega, acolhendo-se num recanto longe da luz natural, uma área de complemento à oferta da loja, com vinhos de pequenos produtores representados. Entre os muitos tintos, brancos, portos, espumantes, de diversas regiões do país, que se podem citar, refiram-se o “Casa de Rouraz” um tinto do Dão, o “Alto da Caroça” tinto, e o “Quinta da Touriga”, vinho tinto do Douro.
Um dos objectivos da Loja “Portugal Rural” é tornar o conceito dinâmico, cativando não apenas pela oferta que se apruma nos expositores, mas também tornando-a um espaço vivo. Desta forma há uma agenda de actividades “paralelas”, com muita animação: artesãos a trabalhar ao vivo, teatro popular, gigantones, tardes de leitura, mercados de frescos, entre outras manifestações. Destaque para o “Outono às Quartas”, semanas temáticas, na Loja, dedicadas às regiões parceiras do projecto. Perfila-se para breve um novo projecto: vai chamar-se “recíproco” e garante ao consumidor final, mediante encomenda, um cabaz de produtos frescos, directamente do produtor.
O mundo rural português ganha assim nova expressão.
Jorge Andrade
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