A tradição teve origem numa doação feita por uma mulher, cujo nome se desconhece, para que os habitantes daquela localidade pudessem comer castanhas e beber vinho uma vez por ano.

A Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa destaca que o evento celebra a solidariedade que “uma velha muito abastada manifestou com o seu povo, na altura chamada aldeia de Porco, lavrando um testamento no qual se deveriam dar castanhas e vinho ao povo, todos os anos, provenientes da sua propriedade, a Quinta do Lagar de Azeite, em troca de um padre-nosso pela sua alma”.

“No dia 26, vamos ter aquilo a que o testamento nos obriga que são as castanhas e o vinho para distribuir pelo povo como forma de reproduzir o gesto benemérito e solidário da velha. Em troca, o povo vai rezar o padre-nosso pela alma da velha, que tem sido substituído pela missa”, salientou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, Luís Prata.

Este ano, serão distribuídos 200 quilogramas de castanhas, 50 litros de vinho e dez litros de jeropiga. Haverá ainda rebuçados para as crianças, torradas com azeite de Aldeia Viçosa e no final do evento será servida uma sopa de castanhas.

Luís Prata realçou que todos os anos se aumenta a quantidade de castanhas distribuídas, até porque o evento atrai cada vez mais visitantes e turistas.

O autarca destacou um grupo organizado de turismo sénior do INATEL “que veio a primeira vez, gostou e vai repetir a visita”. A Junta irá recebê-los com uma apresentação da história da freguesia e “envolvê-los depois na dinâmica do magusto da velha”.

O programa do “Magusto da Velha” agendado para terça-feira inicia-se pelas 14h30 e inclui uma missa “pela alma da velha”, a dramatização do testamento pelo grupo Hereditas, o cortejo da velha e a distribuição das castanhas e do vinho.

Haverá um mercadinho com produtos regionais e artesanato, animação e será servida a sopa de castanhas.

A tradição secular do "Magusto da Velha" é considerada única no país e no mundo, e a Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa pretende candidatar a iniciativa a Património Imaterial da Cultura Nacional, estando neste momento “à procura de evidências para caminhar de forma mais sólida”.

“Temos um historiador que continua a trabalhar de forma a arranjar argumentos e evidências deste evento que é secular, ainda que o mistério também faça parte desta tradição”, explicou o autarca.

Luís Prata desvendou que se pensava que este evento seria do final do século XVI ou início do século XVII, mas o historiador já descobriu pistas que poderá ser muito anterior a essa data.