Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é um nome que não ecoa frequentemente nos corredores da sensibilização pública, mas representa uma realidade devastadora para uma população significativa e muitas vezes negligenciada: as mulheres jovens. Esta doença, que contrai as artérias que transportam o sangue para os pulmões, forçando o coração a esforçar-se e, por fim, a falhar, é um ladrão silencioso que rouba anos e qualidade de vida a quem está no seu auge.

O facto de a HAP afetar desproporcionalmente mulheres jovens, normalmente entre os 20 e os 40 anos de idade, é algo que exige a nossa atenção. Embora as razões exatas para esta disparidade estejam diretamente relacionadas com fatores hormonais, genéticos e imunológicos, as consequências são claras. Estamos a falar de mulheres que estão a construir carreiras, a constituir família e a contribuir para a sociedade e que, de um momento para o outro, veem as suas vidas interrompidas de forma drástica por uma doença que muitas vezes não é diagnosticada durante demasiado tempo.

A natureza insidiosa da Hipertensão Arterial Pulmonar reside no seu início subtil. Os seus sintomas iniciais podem ser confundidos com os sintomas de outras doenças cardiorrespiratórias. Por exemplo, falta de ar, fadiga e tonturas são facilmente descartados como sendo uma gripe, falta de sono, stress ou sedentarismo. E esta dificuldade e morosidade no diagnóstico permite que a doença vá progredindo no tempo e no corpo, sem qualquer controlo até, por vezes, ser tarde demais.

A realidade mais dura é que ainda não existe uma cura para esta doença, contudo existem várias abordagens terapêuticas que podem ajudar a melhorar e prolongar a qualidade de vida. Estes tratamentos, mais eficazes quando iniciados precocemente, visam principalmente aliviar sintomas e retardar a progressão da doença, permitindo que os pacientes vivam vidas mais ativas e confortáveis e, por consequência, mais felizes.

E é por estes motivos que o diagnóstico precoce é crucial. É necessário e urgente capacitar as mulheres jovens para serem proativas em relação à sua saúde; para estarem vigilantes em relação a sintomas persistentes e para insistirem quando sentirem que algo está errado. Mas também é necessário dotar os profissionais de saúde de cuidados primários de conhecimento para estarem mais conscientes da HAP e para que esteja sempre presente no leque de diagnósticos de forma a encaminharem os doentes para testes especializados.

A Hipertensão Arterial Pulmonar exige uma resposta urgente e coordenada. É fundamental garantir que todas as mulheres têm a oportunidade de ter uma vida plena e saudável e para tal devemos priorizar a consciencialização sobre a doença, aprimorar os métodos de diagnóstico e apostar em mais investigação clínica. O nosso compromisso tem de ser claro: trabalhar incansavelmente para transformar a realidade de todos os que vivem com HAP e construir um futuro mais saudável e mais promissor.

Um artigo do médico Rui Plácido, especialista em Cardiologia.