Uma alimentação muito restritiva pode levar uma mulher a não ovular e a não menstruar. Porquê? Porque primeiro elimina-se a capacidade de procriar para poupar recursos e só depois de o caso se agravar, poderá a sobrevivência estar em causa.
Se estiver sob acção de um método contraceptivo hormonal, esta pista tão óbvia que o corpo nos dá, de que algo não está bem, deixa de ser visivel, pois não acorre ovulação e a hemorragia de privação que se dá todos os meses, não é uma verdadeira menstruação.
A alimentação continua a ter um papel primordial no dia-a-dia das mulheres, mas o sensor que a natureza nos proporcinou, está simplesmente desligado.
Vejamos então, que pistas este sensor nos dá, quando algo não está bem e o que isso pode significar, quando não há nenhum método contraceptivo a evitar a ovulação e a ofuscar os sinais:
Alimentação pobre em nutrientes ou com poucas calorias – as mulheres são peritas em decidir fazer a dieta A ou B, sem acompanhamento, para perder uns quilinhos a mais. Quando esta estratégia é levada a acabo tempo de mais, podem começar a notar-se irregularidades menstruais ou mesmo a ausência da menstruação. E já agora, a líbido também se ressente. O mesmo acontece quando simplesmente não há tempo no corre-corre do dia-a-dia, para fazer refeições nutritivas e suficientes.
Jejuns demasiado prolongados (em idade fértil) – o jejum pode ter muitos benefícios, isso é inegável, mas em idade fértil e quando se notam alterações menstruais por consequência dessa prática – é sinal de que para aquela pessoa, jejuar mais do que as 12h fisiológicas, poderá não ser uma boa opção.
Exercício demasiadamente intenso – a história repete-se neste exemplo. O culto de corpos idealizados, levam muitas mulheres à prática excessiva de exercício. E sendo o exercício altamente recomendado em todas as idades, existem limites como em tudo na vida. O tipo de exercício que se faz, a hora e a intensidade devem ser bem pensados, quando o ciclo menstrual começa a soar o seu alarme (através de sintomas ou frequência).
Stress – pequenos stresses são suficientes para atrasar uma ovulação e a consequente menstruação quando não ocorre uma gravidez (isso é perfeitamente normal, assim como o é um ciclo menstrual ir de 25 a 35 dias), mas alterações mais significativas como diferenças entre ciclos menstruais de mais de 7 dias, alterações no fluxo menstrual, sintomas como dores de cabeça, alterações de humor, inchaço, ... podem ser sinais de que está a ser produzido demasiado cortisol (hormona do stress), não deixando matéria prima para a produção de hormonas sexuais (sim, as vias metabólicas são comuns). Fomos tão bem programadas, que quando há maior produção de cortisol, poderá haver menos produção de testosterona, progesterona e estrogénios porque o corpo sabe que, sob stress, não é propriamente a melhor altura para se ter um bebé (que vai por si precisar dos recursos do corpo).
Assim, uma mulher sensível, que se escute e ouça os sinais, consegue muito melhor perceber se a sua alimentação precisa de adaptação, se a qualidade ou quantidade estará a ser prejudicada por algum motivo, se estará a fazer exerício a mais, a cuidar menos de si ou a não gerir as situações stressantes que ocorrem no dia-a-dia.
O ciclo menstrual é uma chamada de atenção para percebermos que há atitutes a tomar, há que respeitar as necessidades do corpo, há que nutrir em todos os sentidos. E essa nutrição é diferente, de mulher para mulher e ao longo das diferentes fases da vida.
Assegurar minerais, vitaminas, fitoquímicos, antioxidantes, gorduras saudáveis, proteinas separadas nas diferentes refeições, hidratos de carbono de absorção lenta, são desafios que uma nutricionista ajuda a superar, tendo como barómetro, um ciclo menstrual e os seus sintomas.
Um artigo da nutricionista Helena Santos, especialista em nutrição clínica.
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