A fibrilhação auricular é muitas vezes uma doença silenciosa, sendo só detetada quando provoca outras doenças como Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémicos. No entanto pode dar alguns indícios:
- Sensação de batimentos irregulares e acelerados: esta sensação é designada de palpitações. Habitualmente o nosso coração bate de forma rítmica, porém por vezes podemos ter a sensação que os batimentos cardíacos estão sustentadamente irregulares e muitas vezes acompanhados de um aumento no número de batimentos por minuto fora do normal. Quando isto acontece podemos estar perante esta arritmia.
- Tonturas, dificuldade em respirar, sensação de desmaio ou cansaço: apesar destes não serem sintomas específicos de fibrilhação auricular, podendo estar associados a um manancial de outras patologias, quando os batimentos cardíacos ficam muito acelerados, pode ser esta a forma de apresentação da doença. É importante procurar ajuda médica nestas situações para que seja feito o correto diagnóstico e tratamento.
- Confusão ou desmaio: o nosso cérebro precisa de oxigénio para funcionar corretamente. Quando o nosso coração está muito acelerado e a bater irregularmente por causa da fibrilhação auricular, as contrações cardíacas não vão ser eficazes. Isto faz com que o cérebro tenha mais dificuldades em receber oxigénio, gerando estes sintomas. Mais uma vez, não são específicos desta doença, mas podem ser a sua primeira manifestação.
Como detetar?
A forma mais simples é a avaliação do pulso que, embora não seja um método fidedigno, é o que está disponível a todos. O exame preconizado para o diagnóstico é o eletrocardiograma, podendo no entanto nalguns casos ser necessário realizar outros exames como um Holter (uma monitorização por eletrocardiograma durante um período prolongado) ou até a colocação no corpo de um dispositivo chamado de detetor de eventos. Estão também já disponíveis alguns aparelhos e aplicações com ligação ao telemóvel que ajudam na deteção desta arritmia. Porém, o seu uso deve ser feito com precaução pois muitos não estão validados pelas sociedades médicas europeias.
Como controlar?
Deve-se começar por mudança de hábitos de vida com a abolição do consumo de tabaco, bebidas alcoólicas ou de drogas, a redução do stress, do sedentarismo ou de cafeína em excesso, por poderem potenciar esta arritmia. Existem ainda algumas patologias que, quando não controladas, facilitam o aparecimento da fibrilhação auricular: a obesidade, a diabetes, a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, a doença coronária ou a síndrome de apneia obstrutiva do sono.
É posteriormente necessária a toma de alguns medicamentos, entre eles os que evitam a formação de trombos e coágulos que são os grandes causadores de AVC. São estes fármacos os anticoagulantes orais. Em Portugal, tal como no resto do mundo, são cada vez mais prescritos os Novos Anticoagulantes Orais (NOAC) pela sua facilidade na toma e gestão. Nalguns casos específicos de fibrilhação auricular é ainda necessário recorrer-se à varfarina.
Um artigo da médica Patrícia Afonso Mendes, Membro do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular.
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