A Saúde Escolar (SE) é um parceiro activo, de trabalho, de intervenção, de ajuda na reflexão, na promoção da saúde e hábitos de vida saudáveis e prevenção da doença, na vida dos Agrupamentos Escolares/Escolas não agrupadas/Escolas Privadas e Escolas Profissionais. Esta parceria atravessa diversos programas e projectos, desde a sexualidade a várias dimensões da prevenção: infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), Vírus do Papiloma Humano (HPV), gravidez indesejada na adolescência, saúde mental, violência no namoro, no consumo de substâncias aditivas, na alimentação, etc…
As Escolas face à dimensão que hoje têm, estabelecidas em Agrupamentos ou não, deixaram de ser as Escolas de Outrora, com as suas virtudes e defeitos num contexto próprio da época, para passarem a ser uma “Comunidade Escolar” com as vicissitudes que as comunidades têm e potenciam. A sua População discente é, e por isso, em muitos casos, uma fiel representação de toda a Comunidade que está na abrangência/influência do Agrupamento Escolar do seu território.
Os Agrupamentos Escolares/As Escolas não são todas iguais. E ainda bem! Têm projetos pedagógicos diferentes, prioridades diferentes e visões diferentes, sobre o território e a sua Comunidade. Enquadrados em diferentes realidades onde se inserem, urbanas, do litoral ou do interior, as oportunidades também são diferentes. E por isso, também, a importância da SE.
A SE rege a sua intervenção assente no “Programa Nacional de Saúde Escolar” (PNSE). As intervenções desta devem ser numa metodologia de projecto e com prévio diagnóstico de necessidades para “mostrar e encontrar” e definir as prioridades. Longe vai o tempo em que a SE era o “toca e foge” em sessões avulsas, às vezes pouco estruturadas e de utilidade discutível. Intervir na Escola e na sua Comunidade, é estabelecer uma relação com/no Individuo, na Família e no Grupo. Daí que, a SE é um trabalho delicado, multifacetado, com fronteiras não perceptíveis à primeira vista, e que pode tocar em questões sociais ou societais minuciosas e sensíveis a pensamentos, formatos e juízos. Trabalhar a Comunidade Escolar é também trabalhar, não só com os Discentes e Corpo Docente, mas também outros activos, similarmente importantes, como a Associação de Pais e Encarregados de Educação. Hoje começam a emergir diferentes credos e religiões no seio da Comunidade, que podem, para o bem e para o mal, turvar ou desfocar as intervenções em/de Saúde, particularmente, a nível da sexualidade.
Está a ser ultimado um novo PNSE. Resta-nos aguardar para saber “que roupagem nova” vai trazer e quem o vai implementar no terreno e com que recursos.
Daquilo que conhecemos, grande parte da SE é feita no largo, amplo e útil trabalho, pelos Enfermeiros, através das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC), com alguma colaboração da vertente da Saúde Pública e onde, em honrosos casos também, tem a Autarquia Municipal como parceiro.
Há um vasto trabalho de dedicação, de projectos, de inovações, feito e implementado no terreno, ao longo do território, que só é possível, face ao conhecimento, carolice e parceria da Enfermagem, da Saúde Comunitária no global, em todos os tipos de Escolas, atrás referidas. Para realizar tão vasto trabalho de articulação entre todos os Profissionais da Saúde, da Educação das Forças de Segurança/Escola Segura e outros “Actores Sociais”, é necessário conhecer bem o processo, colocar dedicação, empenho e investimento, confrontado muitas vezes, com a falta de recursos humanos, materiais, viaturas para a deslocação e a não valorização do trabalho de Prevenção e de diminuição da literacia em Saúde que aqui está implícito. A ignorância, por vezes, leva a questionar a “estratégia, sem se conhecer a táctica” e a razão de intervenção!
O Presente e todo o caminho e percurso já feito diz, que é necessário investir mais na SE. É preciso proporcionar às Equipas mais recursos, perceber o que são rácios e dotações seguras para responder a um universo exigente e tão grande de alunos, nos diferentes estadios de crescimento, evolução e aprendizagem. É preciso compreender a grandeza de todo este trabalho e possibilitar/criar Equipas multidisciplinares, reais, com alocação de horas necessárias para respostas efectivas. É necessário investir na formação de Profissionais especializados e idóneos para trabalhar esta área na educação destas crianças e jovens adultos para torná-los capazes de tomarem decisões com base no conhecimento e informação, face aos desafios e tentações que “se oferecem” todos os dias. Que sejam capazes e saibam dizer NÃO!
Promover a investigação em SE é modernizar e valorizar tão amplo trabalho. Possibilitar que cada Agrupamento Escolar ou Escolas, conforme a sua dimensão, possua um Enfermeiro e que este “não passe” na Escola, mas “esteja na Escola”. E que da mesma forma que há um Psicólogo para as Escolas, passe também a haver um Assistente Social, face a uma dimensão de carências, necessidades e de inclusão que existe, aumentado pela mobilidade geográfica de Indivíduos, Famílias e Comunidades, que se instalam nos territórios, fugindo às guerras, procurando trabalho ou deslocados por outras razões.
Tratar hoje das Comunidades Escolares é investir para se conseguir um futuro inclusivo, tolerante, multicultural, mas essencialmente, saudável e informado.
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