Tendo integrado o XIX Governo Constitucional como secretário de Estado do Turismo, esse responsável deixou de ser militante do partido em outubro de 2021, mas participou hoje na Escola de Quadros que, dirigida a elementos da Juventude Popular, que decorre até domingo em Espinho, do distrito de Aveiro.
Foi aí que, em resposta às questões de um elemento do público a propósito das dotações do Estado para a Saúde, Adolfo Mesquita Nunes abordou o tema, sem nunca mencionar o nome concreto da ministra que esta terça-feira apresentou a sua demissão.
“Os piores obreiros do SNS são aqueles que não querem reformá-lo. Mas ninguém fez tanto em Portugal [pela degradação da Saúde] como esta ministra, que, com a sua obsessão ideológica, tudo o que fez foi cavar ainda mais o SNS”, declarou.
À semelhança do deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, que, enquanto convidado para o mesmo painel, defendera pouco antes que o SNS precisa de uma reforma que não se tem concretizado devido às “teias de aranha que estorvam o sótão mental” dos seus gestores, também Adolfo Mesquita Nunes apoiou a necessidade de novos formatos de gestão nesse setor do Estado.
Um e outro admitem que a solução não passará necessariamente por um modelo misto ao estilo das parcerias público-privadas, mas implicará, por certo, uma aprendizagem mútua. “A questão não é se a gestão é pública ou privada – o que há a fazer é mitigar as condicionantes do setor público aproveitando, quando compatível, o melhor da gestão privada”, explicou Adolfo Mesquita Nunes.
Para o ex-governante, aquilo a que se assistiu no país foi “uma regressão, no sentido de se dizer, maniqueísticamente, que os privados não podem ter um papel relevante na Saúde, que só podem tê-lo quando o Estado não chegar lá – e o problema é que o Estado não chega lá”.
“Há muita gente da classe média-alta que vai para o Twitter dizer que está muito satisfeita com o SNS. Pois está, porque conhece não sei quantos médicos. Quem tem contactos, pode ter boas experiências. Mas quem, como na Covilhã, está dois anos à espera de uma consulta de oftalmologia não vai dizer que lhe correu bem”, declarou.
Apelando a que a Esquerda deixe de se limitar à “discussão da dicotomia público-privado” e a que a Direita deixe de “comprar essa conversa em vez de debater soluções concretas”, Adolfo Mesquita Nunes concluiu: “O que a maior parte das pessoas quer saber é como chegam ao hospital e vêm a sua vida resolvida”.
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