“Tem sido recorrente ao longo últimos meses. (…) Ontem [quarta-feira] foi um dia particularmente difícil na Grande Lisboa, em que muitas ambulâncias da zona norte e, inclusive, fora do concelho de Lisboa, se deslocavam para a Margem Sul por inexistência de ambulâncias”, adiantou à Lusa o presidente do STEPH, Rui Lázaro.
O esclarecimento de Rui Lázaro surge depois de a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) ter denunciado a acumulação de “filas e filas de ambulâncias, enquanto os serviços hospitalares usam as macas, onde centenas de pacientes aguardam nos corredores das unidades hospitalares e os serviços médicos de emergência, o vulgarmente denominado ‘socorro’ é posto em causa”.
“Tivemos algumas denúncias ontem [quarta-feira] do distrito de Santarém para a Grande Lisboa”, indicou, ressalvando que as ambulâncias “podem chegar a fazer 70/80 quilómetros para só chegar a uma ocorrência”.
Segundo o sindicalista, a situação deve-se à “escassez de técnicos” no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e a “uma desadequação dos fluxos de triagem do INEM que faz através do CODU [Centros de Orientação de Doentes Urgentes]”.
Essa desadequação, segundo Rui Lázaro, faz com que sejam acionadas “muitas ambulâncias” para situações não urgentes, acabando “por esgotar os meios”.
“Os hospitais deixam de ter capacidade para receber doentes, porque o INEM acaba por encaminhar todos os doentes quer seja em ambulâncias próprias ou ambulâncias da Cruz Vermelha para uma urgência hospitalar quando muitos deles deviam ter uma resposta noutro serviço de saúde que não o serviço de urgência”, salientou.
Rui Lázaro lembrou também que a pressão nas urgências já se verificava antes da pandemia, afirmando que o INEM não tomou nenhuma diligência para “minimizar estes constrangimentos”.
“Continuam as políticas de gestão de recursos humanos no INEM desastrosas que afastam cada vez mais técnicos do instituto. Os últimos concursos de admissão encerraram vazios e [os técnicos] despedem-se às dezenas todos os meses”, observou, acrescentando que “os fluxos de triagem dos CODU continuam por rever”.
Já a ANTEM sustentou que “tem diligenciado junto das entidades competentes com vista a pôr cobro a tais situações, mas sem sucesso e sem que sejam notórias melhoras que animem quanto ao futuro”.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) também disse à Lusa que são várias as ambulâncias retidas nos hospitais, sendo uma situação mais recorrente nos estabelecimentos de saúde de Setúbal, Barreiro, Garcia da Horta e Caldas da Rainha.
António Nunes precisou que há hospitais onde chegam a estar 20 ambulâncias dos bombeiros retidas.
Comentários