Segundo Francisco Quinto, médico ginecologista, que participou hoje num debate sobre o aumento de casos de abuso sexual de menores no país, promovido pela Rádio Nacional de Angola, em janeiro foram registados 31 casos e em fevereiro 27 outros, “só no Lucrécia Paim”.

“Quem é que nos procura? Aquelas mães que geralmente são independentes em termos económicos e conseguem denunciar se é o pai que está envolvido, porque quando a mulher é dependente do parceiro, ela não consegue levar este problema avante, por medo de represálias, de perder o apoio financeiro, e então ocultam”, disse.

Já o chefe de departamento de proteção de violência contra a criança do Instituto Nacional da Criança (Inac), Bruno Pedro, realçou que os casos agravaram-se nos últimos anos e a situação é preocupante, “porque aqueles que são os primeiros protetores das crianças são hoje aqueles que estão a violentar as crianças”.

“São principalmente as pessoas do seio familiar que hoje têm tido um papel oposto, e entre as pessoas que se destacam nessas questões de abuso sexual, temos os próprios progenitores, os avós, a figura do professor, dos agentes religiosos”, indicou Bruno Pedro.

O responsável sublinhou que uma das consequências da violência sexual “é que eventualmente esta vítima amanhã venha a tornar-se um abusador”.

Todas as semanas, no balanço de ações da polícia, os crimes de violação sexual rondam a média de 30 casos, sendo maioritariamente vítimas crianças.

Esta semana, dois casos de violação sexual de menores destacaram-se: o primeiro, o de uma criança de 07 meses, abusada por um homem,de 24 anos, no município de Cacuaco, e que acabou por morrer após três dias de internamento, enquanto o segundo envolveu uma criança de 06 anos, violada no interior de um colégio, pelo professor, de 33 anos, no distrito do Rangel.