A campanha, denominada “Confinados até quando?”, pretende chamar a atenção das entidades responsáveis e da sociedade em geral para as pessoas que vão continuar limitadas na sua mobilidade porque a maioria dos espaços permanecem inacessíveis para elas.
Em declarações à Lusa, o presidente e fundador da Associação, Salvador Mendes de Almeida, disse acreditar que o facto de o país ter estado confinado desde janeiro vai ajudar a sensibilização para esta campanha.
“Estamos todos fechados há muito tempo e com uma enorme vontade de sair e conviver. Consideramos que a campanha vai alertar a população para a importância de resolver a situação da falta de acessibilidades, que conduz a uma enorme exclusão social, fazendo com que as pessoas com deficiência motora vivam um confinamento permanente que lhes é imposto pela sociedade”, expôs.
Através de uma carta fechada ao país, bem como das redes sociais a partir de dia 26, a campanha pretende promover a sensibilização para a necessidade de tornar o país mais acessível, justo e inclusivo para todos.
Salvador explicou que não há “uma rua em Portugal que não tenha nenhum obstáculo de acessibilidade” - desde passadeiras não rebaixadas, buracos na calçada, falta de estacionamento reservado, falta de acessibilidades a edifícios públicos e privados, a muitos outros desafios no quotidiano de pessoas com mobilidade reduzida.
“Sabemos que não é possível tornar tudo acessível de hoje para amanhã. Mas também sabemos que continuamos a ter Câmaras Municipais sem planos de acessibilidade ou com planos na gaveta, que continuamos a assistir a novas obras públicas e privadas sem acessibilidade, que continuamos a não ter fiscalização e a ter inúmeras barreiras físicas quando tentamos integrar uma pessoa com deficiência no mercado de trabalho”, frisou.
O presidente da associação defendeu que “se existir uma lei eficaz, que seja fiscalizada, apenas será necessária uma correta atuação dos arquitetos, dos técnicos, das Câmaras Municipais, do Governo” e que esse deveria ser o cenário “num país desenvolvido, em pleno século XXI”.
Por isso, apelou à urgência da revisão do Decreto-Lei 163/2006, referente à acessibilidade, porque tem, na sua opinião, “várias lacunas e inúmeras exceções (nas quais se enquadram a maioria dos espaços)”, mas também à clarificação das “normas e diretrizes”.
“Queremos que comecem a existir mudanças efetivas significativas nesta área. Não podemos continuar permanentemente à espera”, disse.
A Associação Salvador atua na área da deficiência motora e tem como missão promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar a sua qualidade de vida, potenciando os seus talentos e sensibilizando para a igualdade de oportunidades.
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