A DECO testou sete batons vermelhos, de marcas à venda em perfumarias, lojas de cosmética e de produtos naturais e supermercados, e encontrou vestígios de chumbo em todos, embora em níveis abaixo do limite tecnicamente evitável.
"Em três batons, detetámos ainda MOAH (hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais), incluindo no Avril, que, de acordo com a informação na rotulagem, não recorre a ingredientes derivados de óleos minerais e é certificado pela Ecocert como produto “natural” e “biológico”. O Kiko e o Mac também contêm MOSH e POSH em quantidades superiores às consideradas seguras, sendo que o primeiro nem cumpre as recomendações da própria indústria (Cosmetics Europe). Já o Maybelline revela níveis aceitáveis destas substâncias, mas contribui para o efeito de cocktail, isto é, para a exposição global às mesmas", explica a DECO em comunicado.
"Demos conta das conclusões ao Infarmed, responsável pelo controlo dos cosméticos. Apesar de as quantidades de substâncias preocupantes serem inferiores às detetadas noutros testes a batons que efetuámos, ainda são motivo de preocupação", acrescenta.
Que componentes são estes?
O MOSH, o POSH e o MOAH são componentes de óleos minerais derivados do petróleo. Os óleos minerais são usados nos produtos cosméticos, entre outros, como suavizantes, protetores da pele e reguladores da viscosidade. Apesar da sua utilidade, aqueles componentes despertam preocupações quando utilizados em batons. O mesmo vale para contaminantes como os metais pesados. Ingeridos, o que é um cenário real no caso dos batons, podem implicar risco de mutações genéticas e tumor.
A lei proíbe o recurso a metais pesados nos cosméticos, a menos que seja tecnicamente impossível impedir a sua presença e desde que sejam cumpridas as boas práticas de fabrico. Mas permite o uso de óleos, "se se conhecerem todos os antecedentes de refinação e se se puder provar que a substância a partir da qual foram produzidos não é carcinogénica".
"Nada temos contra esta permissão. Mas exigimos que a legislação indique tanto as quantidades de metais pesados que considera vestígios, como os limites de segurança para a presença de MOSH, POSH e MOAH na composição dos óleos minerais", refere a DECO.
"Sem valores de referência indicados pela lei, para o nosso teste, utilizámos os limites de metais pesados fixados pelo Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos. Já no caso dos componentes de óleos minerais, tivemos em conta as recomendações da Comissão Europeia, da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e da indústria. A associação europeia de fabricantes - Cosmetics Europe - preconiza um máximo de 5% para alguns tipos de MOSH. No nosso estudo, elevámos a fasquia para 10%, devido à margem de erro do método. Quanto ao MOAH, a simples presença é motivo para desaconselhar um produto. Também fizemos cálculos de exposição tendo em conta o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) destas substâncias e a respetiva margem de segurança", indica a associação.
Os resultados do teste aplicam-se aos produtos indicados e não a toda a linha de batons das marcas. Os corantes variam com o tom do batom e, assim, as concentrações das substâncias pesquisadas, nomeadamente de chumbo, podem variar.
Batons não recomendados
- Avril Le Rouge Hollywood 598 € 7,25
- Mac Retro Matte Ruby Woo 707 € 19,50
- Kiko Kikoid Velvet Passion 05 Burgundy € 6,99
Se desconhecer a quantidade de MOSH e MOAH num batom, por precaução, a DECO recomenda evitar os que incluam os seguintes ingredientes derivados de óleos minerais e hidrocarbonetos sintéticos:
- Cera microcristalina ou microcrystalline wax;
- Ceresin;
- Hydrogenated microcrystalline wax;
- Hydrogenated polyisobutene;
- Ozokerite;
- Paraffin ou parafina;
- Paraffinum liquidum;
- Petrolatum;
- Polybutene;
- Polyethylene;
- Polyisobutene;
- Synthetic wax.
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