Ezra Clark tinha apenas 4 anos em fevereiro de 2016 quando foi diagnosticado com linfoma de Burkitt, um tipo de leucemia particularmente agressivo, que pode propagar-se rapidamente para diversos órgãos.
De acordo com a ação, apresentada em nome da mãe, Destiny Clark, o menino foi "exposto diretamente", várias vezes, ao herbicida "Roundup" - fabricado pela Monsanto - utilizado na sua propriedade. O documento, ao qual a AFP teve acesso, afirma que os especialistas "concluíram, até um ponto razoável de certeza médica, que a exposição de Ezra ao Roundup foi um fator substancial" para o desenvolvimento da doença.
Os advogados de Clark acusam a Monsanto de ter conhecimento, "há várias décadas", do vínculo entre herbicidas baseados em glifosato, o principal ingrediente ativo do Roundup, e cancro.
Os defensores de Destiny Clark também acusam a Monsanto de apenas ter testado o impacto cancerígeno do glifosato, e não a combinação do ingrediente com outras substâncias presentes no produto.
"Se a denunciante conhecesse os riscos associados ao uso do Roundup na época (...) ela não o teria utilizado", afirmaram os advogados, que exigem uma indemnização por danos de um valor que não foi revelado.
A Bayer, por sua vez, continua a defender o seu produto, atestando a segurança do seu uso.
Desde que adquiriu a Monsanto em 2018, a Bayer enfrenta uma série de ações na Justiça dos Estados Unidos por causa do Roundup. O número de denúncias cresceu a tal ponto que o grupo alemão anunciou que disponibilizaria um valor adicional de 4,5 mil milhões de dólares para enfrentar as potenciais consequências de julgamentos relacionados com o glifosato na Justiça dos EUA.
Em 2020, a Bayer firmou um acordo amplo, de mais de 10 mil milhões de dólares, para pôr fim a cerca de 125 mil ações judiciais. Contudo, um juiz americano rejeitou em maio parte desse plano.
Segundo o magistrado, o acordo não protege suficientemente os interesses das pessoas que utilizaram o Roundup antes de fevereiro de 2021 e que ainda não teriam sido diagnosticadas com cancro.
O Roundup é classificado como "possivelmente cancerígeno" pela Agência Internacional de Pesquisa em Cancro (Circ, na sigla em francês), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por outro lado, a Bayer refuta essa caracterização.
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