É a principal causa de morte por cancro no planeta, representando 13% dos novos casos detetados e quase 20% das mortes provocadas por esta doença. "Surgem dois milhões de novos casos por ano no mundo, provocando uma vítima a cada 20 segundos", revela Jaime Pina. Em grande entrevista à edição de agosto da revista Prevenir, nas bancas e online, o médico imunoalergologista e pneumologista, vice-presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, apela ao rastreio e à prevenção para travar esta patologia.

"Entre os cancros, não é o mais incidente. Por exemplo, em Portugal, em 2019, registaram-se 58.000 novos casos de cancro, sendo os mais prevalentes o do cólon, o da mama e o da próstata. O cancro do pulmão estava em quarto lugar. Mas, em termos de mortalidade, ocupou o primeiro posto", sublinha Jaime Pina. "Isto acontece, lá está, por apenas existirem sinais numa fase adiantada da doença e, quando é diagnosticada, as possibilidades de cura são muito baixas", alerta o imunoalergologista e pneumologista.

«As mulheres com cancro do pulmão têm uma taxa de mortalidade mais elevada do que as com cancro da mama»
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"O diagnóstico precoce é essencial", sublinha o médico. "É urgente sensibilizar as pessoas nesse sentido", insiste. "Os rastreios salvam vidas", assegura ainda. O tabagismo continua a ser, a par da poluição atmosférica, uma das principais causas. "Antes da nova lei sobre o tabaco de 2007, estimava-se que 24% dos portugueses fumavam. Mais de uma década depois, sabemos que houve uma redução de 4%. É positivo mas, ainda assim, isso significa que cerca de dois milhões de portugueses fumam", lamenta. "A forma mais eficaz de reduzir o tabagismo, dizem as estatísticas, é aumentar a fiscalidade", afirma Jaime Pina, recorrendo às estatísticas.

"Sabe-se que a cada 10% de aumento do preço [do tabaco] 4% das pessoas deixa de fumar", refere o imunoalergologista e pneumologista. O especialista, que é atualmente vice-presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, também aponta o dedo ao tabaco aquecido e aos cigarros eletrónicos que, nas últimas décadas, invadiram o mercado. "Os cigarros light exigem que a pessoa puxe mais e isso faz com que o fumo atinja as zonas mais periféricas do pulmão, sendo aí que provoca o cancro", adverte Jaime Pina.