O tempo passa mas a descoberta que todos aguardam tarda em aparecer. A lista de medicamentos em análise para travar a pandemia viral de COVID-19 ficou (ainda) mais reduzida nos últimos dias. À semelhança do que tinha acontecido anteriormente com a hidroxicloroquina, também os ensaios laboratoriais que estavam em curso com o lopinavir e com o ritonavir na Europa, a Solidarity e a Discovery, foram suspensas nas últimas semanas. Não conseguiram convencer os cientistas que os monitorizavam.

A grande esperança é agora o remdesivir. A União Europeia autorizou, no início deste mês, a título excecional, a utilização do medicamento para tratar doentes infetados por SARS-CoV-2, o vírus na origem do surto pandémico. "Os resultados preliminares mostram que a hidroxicloroquina e a associação do lopinavir com o ritonavir reduzem muito pouco, para não dizer praticamente nada, a mortalidade dos pacientes hospitalizados com COVID-19", defende a Organização Mundial de Saúde (OMS).

COVID-19. 40% dos infetados em município italiano eram assintomáticos
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O ensaio clínico francês Discovery detetou "um número significativamente mais elevado de efeitos [secundários] indesejáveis graves envolvendo a função renal em pacientes hospitalizados em reanimação", alertou também, em comunicado de imprensa, o Inserm, o regulador de saúde gaulês. As conclusões vão ser publicadas numa revista científica. Das várias dezenas de tratamentos avaliados até agora em diferentes partes do mundo, nenhum deles apresentou, ainda, uma eficácia que tranquilizasse os investigadores, à exceção de um esteroide, a dexametasona. Segundo o ensaio clínico Recovery, reduziu a mortalidade.

Este fármaco apresentou resultados animadores quando administrado nos casos mais graves, os dos pacientes ventilados. De acordo com um novo estudo científico realizado nos EUA, o remdesivir, um medicamento antiviral desenvolvido para combater a febre hemorrágica causada pelo ébola, reduz ligeiramente o prazo de recuperação dos doentes hospitalizados com COVID-19. Passa dos 15 para os 11 dias, em média. Mas, em contrapartida, este fármaco não se revelou eficaz na redução da taxa de mortalidade.