Um dia antes da publicação, esta terça-feira, de um mapa atualizado com os níveis de contaminação, representantes sindicais da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e membros associados expressaram sua inquietação com o estado de saúde de quem esteve na região da catedral durante o incêndio e a posteriori.
Com o incêndio de 15 de abril, centenas de toneladas de chumbo presentes na agulha e no telhado dispersaram-se em forma de partículas.
A associação Robin des Bois (Robin Hood) anunciou na segunda-feira da semana passada ter apresentado uma denúncia judicial pela contaminação por chumbo provocada pelo incêndio na Notre Dame, acusando as autoridades francesas de terem demorado a reagir e de falta de transparência.
As obras de restauração da catedral foram interrompidas em 25 de julho para revisar as regras de prevenção para os trabalhadores expostos a resíduos de chumbo. Estas não serão retomadas até 12 de agosto.
Um recomeço das obras que "não nos agrada", criticou Benoît Martin, da União Departamental da CGT, que assegurou haver temores pela saúde dos bombeiros, operários de limpeza, policiais, mas também pelos emblemáticos vendedores de livros parisienses e os funcionários em bares e restaurantes próximos a Notre Dame, na Île de la Cité, no coração de Paris.
Por outro lado, duas escolas situadas no mesmo bairro da catedral foram fechadas no fim de julho como medida de precaução, devido à alta concentração de chumbo. Estes estabelecimentos acolhiam 180 crianças para cursos de verão.
Anne Souyris, secretária de Saúde adjunta da Câmara de Paris, admitiu esta segunda-feira em entrevista ao Le Parisien que "apesar dos trabalhos de limpeza, a contaminação continua muito significativa" na área de Notre Dame e arredores.
Segundo Souyris, uma nova operação de descontaminação "com meios muito menos clássicos" começará esta semana e terminará antes do início do ano letivo, no começo de setembro.
O confinamento da Notre Dame, exigido por associações e sindicatos, "não se contempla de nenhuma forma", afirmou nesta segunda o arcebispo Monsenhor Chauvet durante entrevista à emissora de rádio Europe 1.
O reitor da catedral disse que os operários participam da reconstrução "não se encontram em risco" e explicou que "todo o mundo fez exames de sangue para conhecer os níveis de chumbo e posso dizer que não estamos contaminados".
"Atualmente, o pessoal (15 funcionários do hospital Hôtel-Dieu) que fez um exame de chumbo não recebeu os resultados", assegurou Graziella Raso, sindicalista da CGT neste centro próximo da catedral.
Souleymane Soumaro, sindicalista da CGT que representa os trabalhadores parisienses de limpeza, acrescentou que os 500 funcionários de seu coletivo "não foram informados do risco" de exposição ao chumbo. "Continuam a utilizar as suas vassouras e lavam os seus uniformes em casa, o que eleva o risco de contaminar as famílias", explicou.
Os resultados dos novos exames de concentração de chumbo, cuja publicação está prevista para esta terça-feira, "serão divulgados de forma imediata", assegurou Emmannuel Grégoire, vice-prefeito de Paris, em entrevista à emissora de rádio e televisão France Info.
Se essas amostras "revelarem que outras ruas adjacentes estão contaminadas, então pediremos que sejam fechadas", indicou Souyris.
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