"Não é aceitável que alguém morra antes do tempo por falta de cuidados. A crise existe, mas não pode ser desculpa para tudo o que temos para fazer e não estamos a fazer", considerou Adalberto Campos Fernandes numa intervenção na conferência online "Orçamento do Estado 2021: Proteção Social - Depois do Covid-19, para onde vamos?".
O médico e ex-ministro (2015-2018) disse que "há doentes que estão a ficar para trás", referindo-se aos que têm doenças crónicas, mas também às pessoas que sofrem de doença aguda não prevista.
Para Adalberto Campos Fernandes esta situação irá resultar num "excesso de mortalidade que, provavelmente, no final do ano, ultrapassará os oito ou nove mil casos", estimou, considerando que "de um ponto de vista social, político e ético, é absolutamente insuportável".
O ex-ministro socialista defendeu ainda que é preciso retirar desta situação pandémica e deste contexto todas as ilações para preparar para o futuro, acrescentando que este não é um trabalho exclusivo do Governo, mas também é "um trabalho da República e da Democracia".
"Em tempo de guerra não se limpam armas, temos de tratar o melhor que podemos de todas as pessoas que necessitem de cuidados, mas passada a fase pior da crise é uma boa altura para termos conversas estruturantes e estruturadas sobre o futuro do Sistema de Saúde português", considerou.
Em Portugal, desde o início da pandemia, março, já morreram 4.056 pessoas dos 268.721 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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