Em declarações à agência Lusa, Inês Silva, uma das voluntárias do centro, contou que cerca de meia centena de “vizinhas e vizinhos” do bairro de Arroios que já se dedicavam a ajudar na sequência dos efeitos da pandemia por covid-19, juntaram-se e ocuparam um antigo infantário.
“Este grupo de pessoas que já participava em iniciativas solidárias percebeu que era preciso estender o apoio e então surgiu a ideia de criar um centro de dia que pudesse apoiar as necessidades das pessoas, que se agravaram com a quarentena”, disse.
Quando ocuparam o espaço, os voluntários não sabiam quem eram os proprietários do imóvel, mas mais tarde descobriram que foi vendida a uma empresa de imobiliário e depois em parcelas a três pessoas que vivem no estrangeiro.
“Como não conseguimos chegar à fala com os proprietários, entrámos no espaço, mas enviámos email a várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a informar de que iríamos ocupar o espaço e os motivos”, contou.
Por isso, contou Inês Silva, o grupo ocupou o espaço, limpou-o e aproveitou mesas e cadeiras que estavam no interior.
“O edifício do antigo Centro Escolar Dr. Salgueiro de Almeida, no Largo de Santa Bárbara, em Arroios, estava abandonado desde 2018. Como estava abandonado há pouco tempo, o espaço, que é muito grande, estava em muito bom estado. Tem salas amplas, ginásio e balneários”, explicou.
De acordo com a voluntária, a ideia do grupo era criar um centro de apoio diurno à população de rua, mas agora a ajuda alargou-se a todos os que precisam.
“Com o esforço de todos, a Seara – Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara abriu portas a 9 de maio. Está aberto todos os dias das 13:00 às 16:00 para que as pessoas em situação de sem-abrigo, pobreza ou precariedade possam ter acesso a vários serviços”, disse.
Inês Silva contou que as pessoas podem usar o espaço para descansar, comer, jogar, fazer as suas refeições.
“As pessoas podem ir buscar as suas refeições às cantinas solidárias e podem vir comer aqui. Podem carregar telemóveis, o espaço tem internet, tem casas de banho, podem lavar e secar roupa pois temos máquinas”, referiu.
No entanto, a voluntária salientou que no espaço são cumpridas todas as regras de segurança e higiene impostas pela Direção-Geral da Saúde.
“Nós somos cerca de 50 pessoas, mas estamos divididos em grupos, nunca estamos no mesmo espaço ao mesmo tempo. Normalmente são quatro voluntários por dia. Um está na entrada a distribuir máscaras e álcool-gel, outro está nas máquinas de lavar e secar e os outros acompanham as pessoas para ver se precisam de alguma coisa, se estão bem”,
De acordo com Inês Silva, o espaço recebe 30 a 40 pessoas diariamente, mas também não vão todos ao mesmo tempo.
“As salas do edifício são muito grandes, o que permite o cumprimento da distância social”, disse.
Apesar dos donativos que têm recebido e que fazem com que o centro funcione, Inês Silva disse que neste momento estão a precisar de um termoacumulador de 1000 litros para que os balneários possam ser utilizados para banhos, que para já não são possíveis devido à falta de água quente.
“Se houver alguém que possa doar o termoacumulador agradecíamos senão já anunciámos na nossa página do Facebook que podem ser feitas doações para o MB WAY 968 936 863”, disse.
O centro está também a precisar de uma chaleira, máquinas de lavar e secar, máscaras, desinfetante e luvas descartáveis.
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