“Estamos há dois meses confinados e o Governo não deu previsibilidade a estas pessoas, não deu uma palavra quanto ao seu futuro, não definiu objetivos e eles precisam de se organizar logisticamente para retomarem a sua atividade. É fundamental que o Governo ponha os olhos nestas pessoas que estão desesperadas e apresente um plano de desconfinamento controlado para o futuro”, disse Francisco Rodrigues dos Santos.

O líder do CDS-PP falava aos jornalistas, junto à Câmara Municipal do Porto, onde algumas centenas de pessoas ligadas ao Movimento “A Pão e Água” protestam hoje para pedir ao Governo a abertura imediata do pequeno comércio de rua, bem como medidas de apoio.

Francisco Rodrigues dos Santos reuniu-se com representantes do movimento que inicialmente agregava empresários da restauração, comércio, hotelaria e eventos, mas entretanto viu outros setores juntarem-se, como cabeleireiros, comércio de rua e trabalhadores independentes.

“O CDS está preocupado com as dificuldades de centenas de milhares de microempresários que hoje em dia não têm meios para subsistir, para pagar as suas despesas e pagar os seus negócios, salvar os empregos dos trabalhadores e terem dinheiro para custear as necessidades das suas famílias”, disse o líder do CDS-PP.

Para Francisco Rodrigues dos Santos, o executivo socialista de António Costa “tem de perceber rapidamente três coisas fundamentais”, sendo “a primeira delas que os apoios são insuficientes e não estão a chegar à economia “, além de que “são altamente burocráticos”.

“60% dos microempresários não estão a receber nenhum apoio nesta altura nem sequer para as rendas”, referiu.

O segundo “ponto fundamental” defendido por Francisco Rodrigues dos Santos é que “nesta altura é fundamental que o Governo possa reforçar os apoios para que os empresários possam manter os seus negócios vivos, evitar insolvências e despedimentos”, disse.

Quanto às moratórias, o dirigente quer que o Governo negoceie “urgentemente em Bruxelas o prolongamento do prazo” porque, acrescentou, “se não o fizer em setembro os empresários não vão conseguir pagar as suas dívidas e é uma verdadeira bomba relógio para a economia real”.

“É necessária que haja metas, noção das medidas que são aplicadas nos próximos tempos e não pode haver equívocos nem dúvidas sobre o horizonte destas pessoas. A continuar assim, as insolvências vão aumentar, o desemprego vai disparar o que é catastrófico. Cada cêntimo que o Governo não apoiar estes empresários é dinheiro que vai gastar em quantias muito mais elevadas para prestações sociais como subsídio de desemprego”, concluiu.

Enquanto Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas o protesto do Movimento “A Pão e Água” continuou a desenvolver-se, sendo que por vezes se ouviram frases como “Oh Chicão vai para casa” ou “Costa anda cá tu também”.

Questionado sobre como via a sua receção no Porto, o líder do CDS-PP disse “estar a ser muito bem recebido” e que “faz falta aos políticos ter a humildade de ouvir os portugueses”.

“Não me demito do papel construtivo e fiscalizador”, concluiu.

O líder do CDS-PP rejeitou, no entanto, comentar outros pontos da sua agenda nesta deslocação ao Porto.

Com chegada prevista para as 15:30, Francisco Rodrigues dos Santos chegou à Avenida dos Aliados cerca de uma hora mais tarde e de acordo com a sua assessoria de imprensa o atraso deveu-se a um almoço com o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira.

Questionado sobre se esteve com o autarca para lhe garantir apoio nas eleições Autárquicas deste ano, o dirigente partidário disse que “só fala de autárquicas no futuro” e de coligações “para a semana”.