“Encerrámos o inquérito às 11:00 e há enfermeiros que continuam a enviar emails a dizer que já não conseguem responder ao inquérito. Foram só cinco dias e decidimos que vamos criar um outro ‘link’ para continuarem a dar as suas disponibilidades. Vamos ficar com eles em carteira, mas tínhamos de ter um ‘deadline’ para enviar [a lista], até porque tinha combinado com o secretário de Estado [da Saúde, António Lacerda Sales] e o vice-almirante [Henrique Gouveia e Melo] enviarmos agora no início de abril”, afirmou Ana Rita Cavaco.
Em declarações à Lusa, a líder da Ordem dos Enfermeiros assinalou que estes profissionais “estão sempre disponíveis para o país” e que muitos elementos ligados à instituição se mostraram recetivos a integrar o processo de vacinação em regime ‘pro bono’. O inquérito lançado na sexta-feira passada redundou na disponibilização de 8.956 enfermeiros para trabalharem fora do horário laboral e de outros 410 que estão em situação de desemprego.
“O secretário de Estado tinha falado numa contratação de 2.500 enfermeiros para a vacinação e aqui tem muito mais do que isso. Sabemos perfeitamente que as pessoas mais idosas vão em horários diurnos e vamos chegar a uma fase em que teremos mais jovens e estas pessoas podem vacinar-se até à meia-noite; portanto, faz todo o sentido ter enfermeiros que possam integrar as equipas em horário pós-laboral, como é o caso aqui”, observou.
Ana Rita Cavaco fez ainda questão de salientar a “ótima relação” com António Lacerda Sales e a abertura do governante para a contratação dos enfermeiros para estas funções. “A garantia que temos dele é que não há restrições em termos de pagamento de horas extraordinárias e em termos de contratação de enfermeiros”, realçou a bastonária, sem deixar de frisar também a entrada no mercado de mais 3.000 enfermeiros recém-licenciados após o verão.
Num dia em que visitou dois centros de vacinação no concelho de Sintra, Ana Rita Cavaco subscreveu a posição do coordenador da ‘task force’, que expressou a sua vontade de libertar os enfermeiros de funções administrativas para aumentar a eficiência do processo, e adiantou que isso já está a ocorrer no município sintrense, através de um protocolo da autarquia com a Associação Nacional de Farmácias (ANF) para o apoio na preparação das vacinas.
“A norma dos centros de vacinação em massa é muito clara e ele tem toda a razão. A norma refere médicos e enfermeiros nas equipas de administração e não exclui os técnicos de farmácia para a preparação das vacinas, porque para isso nem é preciso que sejam sequer farmacêuticos, podem ser técnicos de farmácia. E faz muito sentido: todos somos precisos para este combate”, notou, sentenciando: “Não tenho dúvidas de que vai ser um sucesso”.
A pandemia de covid-19 já provocou em Portugal 16.848 mortes, entre os 821.722 casos confirmados de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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