Cientistas do Grupo de Aconselhamento sobre Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes, que analisam as tendências epidemiológicas e que trabalham em conjunto com o governo do Reino Unido, admitem que a taxa de letalidade da variante britânica do coronavírus SARS-CoV-2 é 30% mais letal. No entanto, todas as evidências científicas são ainda referentes a estudos preliminares, frisam os investigadores.
"Além de se espalhar mais rapidamente, agora também parece que há alguma evidência de que a nova variante - aquela que foi identificada pela primeira vez em Londres e no sudeste (de Inglaterra) - pode estar associada a um grau mais alto de mortalidade", disse Boris Johnson, durante uma conferência de imprensa na residência oficial em Downing Street.
"É em grande parte por causa do impacto desta nova variante que o serviço de saúde britânico está sob uma pressão tão intensa", acrescentou.
Segundo Patrick Vallance, o principal conselheiro científico do governo, as evidências de letalidade "ainda não são fortes". "Quero enfatizar que há muita incerteza em torno desses números e precisamos de mais trabalho para ter um controlo preciso sobre isso, mas obviamente é uma preocupação que isso tenha um aumento na mortalidade, bem como um aumento na transmissibilidade" do vírus, referiu citado pela BBC.
Segundos os cientistas, são necessários mais estudos para comprovar esse aumento na taxa de letalidade associada à variante britânica.
Mais 1.401 mortes e 40 mil casos
O Reino Unido registou 1.401 mortes e 40.261 novos casos de COVID-19 nas últimas 24 horas, divulgou o Governo britânico, que hoje também apresentou números que dão sinal de uma desaceleração da pandemia COVID-19 no país. O número de mortes de hoje foi superior às 1.290 mortes notificadas na véspera.
Entre 16 e 22 de janeiro de 2021, foram registadas 8.686 mortes, o que equivale a uma média diária de 1.241 e a um aumento de 16,4% em relação aos sete dias anteriores.
O número de novos casos reportados hoje, 40.261, também foi superior ao de quinta-feira 37.892, mas inferior à média diária de 38.270 registada entre 16 e 22 de janeiro de 2021, período em que 267.892 receberam um resultado de teste positivo, uma redução de 25,3% em relação aos sete dias anteriores.
Variante inglesa a alastrar
Um estudo sobre a prevalência do vírus no país publicado pelo instituto de estatísticas britânico (ONS, na sigla em inglês) sugere que a variante inglesa, considerada mais contagiosa, espalhou-se pelo resto do Reino Unido, com grandes aumentos de casos na Escócia, País de gales e Irlanda do Norte, mas está em declínio em Londres e em outras partes do sul de Inglaterra.
De acordo com a atualização feita hoje pelo Governo, o índice de transmissibilidade efetivo (Rt) no Reino Unido desceu para entre 0.8 e 1. Porém, os especialistas consideram que ainda é cedo para dizer se este é o resultado do confinamento nacional iniciado em janeiro.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, tem evitado avançar com um calendário para o alívio das restrições, mas alguns cientistas acreditam que tenham de ficar em vigor até pelo menos abril ou maio.
Entretanto, a Irlanda do Norte anunciou na quinta-feira que o confinamento na região vai permanecer até 05 de março no mínimo e a Escócia até meados de fevereiro,
O Reino Unido adiantou hoje que 5.383.103 pessoas já receberam a primeira dose da vacina e 466.796 pessoas a segunda dose.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.092.736 mortos resultantes de mais de 97,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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