Na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia, o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, explicou que o país está a fazer uma avaliação gradual dos dados, “à medida que vão sendo disponibilizados”, nomeadamente quanto às “cerca de 10 vacinas” em fases de desenvolvimento mais avançadas, para “poder tomar a decisão” quando for o momento.
“Toda esta articulação, quer ao nível das autoridades que vão avaliar, quer todo o processo aquisitivo, vai ser essencial para que possa ser o mais sinérgica possível e evitar gastar tempos desnecessários”, explicou o responsável da Autoridade Nacional do Medicamento.
De acordo com o Rui Ivo, Portugal está a tentar “perceber as vacinas que poderão chegar mais cedo, para poderem ser essas as que venham a ser disponibilizadas à União Europeia”.
“O processo de avaliação está ligado à aquisição da vacina. Para que o processo possa ser ágil, a avaliação deve ser o mais coordenada possível”, observou.
Sem querer entrar em detalhes, por não poder “prever os resultados dos ensaios clínicos”, Rui Santos Ivo observou que as “mais avançadas estão identificadas e são cerca de uma dezena de vacinas”.
“Temos feito um acompanhamento próximo com empresas farmacêuticas que estão a desenvolver vacinas. Para perceber, por um lado, os resultados dos ensaios clínicos e, por outro, para identificar a perspetiva da disponibilização da vacina no prazo que for identificado para dar a disponibilidade da vacina no nosso país”, descreveu.
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, referiu estar em causa um “processo complexo, onde o que é pretendido pela Comissão Europeia [CE] é ter o mandato dos 27 para negociar com indústria em nome dos Estados-membros”.
“Portugal acompanha esta posição da CE”, afirmou o governante.
Lacerda Sales disse que “esta decisão terá sempre de ser cooperante e coletiva por parte dos Estados-membros”.
“Estamos também em conversações com diversas empresas. Não estamos apenas dependentes da posição a que me referi”, acrescentou.
A Comissão Europeia apresentou na terça-feira uma estratégia para acelerar o desenvolvimento, fabrico e comercialização de vacinas contra a covid-19 na União Europeia (UE), visando conseguir tratamentos “seguros e eficazes” dentro de um ano, “se não antes”.
“O desenvolvimento da vacina é um processo complexo e demorado, [mas] com a estratégia hoje adotada, a Comissão apoiará os esforços para acelerar o desenvolvimento e a disponibilidade de vacinas seguras e eficazes num prazo de entre 12 e 18 meses, se não antes”, indica o executivo comunitário numa informação hoje divulgada.
Observando que “a concretização deste complexo processo exige a realização de ensaios clínicos em paralelo com investimento na capacidade de produção para poder produzir milhões, ou mesmo milhares de milhões, de doses de uma vacina bem-sucedida”, a instituição garante estar “plenamente disponível para apoiar os esforços dos criadores de vacinas nos seus esforços”.
Portugal regista hoje mais um morto relacionado com a covid-19 do que na terça-feira e mais 336 infetados, a maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 443 mil mortos e infetou mais de 8,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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