“Há um conjunto de problemas vasto e de diferente ordem, mas que se prendem todos eles com as questões do ensino da enfermagem que este conselho irá debater e produzir estudos que possam servir de debate público sobre estas questões”, adiantou à Lusa Aida Cruz Mendes, presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

No final de 2021, realizaram-se as primeiras reuniões por um grupo de trabalho constituído por responsáveis pela formação em enfermagem de todas as escolas públicas do país, que culminaram com a formalização do CNEPE, através de uma Carta de Princípios assinada esta semana.

“Foi sentindo e ouvindo as dificuldades que os docentes de enfermagem têm vindo a relatar, que os responsáveis pelas instituições se reuniram e consideraram importante criar este conselho que foi agora formalizado”, adiantou Aida Cruz Mendes.

Segundo a responsável da ESEnfC, os diferentes grupos de trabalho estão já a trabalhar em estudos sobre “problemas que se relacionam com a educação em enfermagem”, apontando o exemplo do envelhecimento do corpo docente que obriga a uma renovação.

Outras das questões tem a ver com a articulação entre a academia e os contextos clínicos onde uma parte do ensino da enfermagem decorre, assim como com a representação da enfermagem enquanto área científica e a sua visibilidade nos classificativos da ciência, adiantou a professora.

De acordo com Aida Cruz Mendes, os cursos de enfermagem, neste momento, “não permitem que haja um maior número de formandos por ano”, uma vez que se trata de uma “formação que exige muitos recursos” e que em parte é feita em contexto clínico, onde é preciso que “tenha também as condições necessárias para acolher os estudantes”.

“Isso impõe algumas restrições ao número de estudantes que é possível acolher todos os anos”, adiantou a presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, salientando que as instituições públicas formaram cerca de 3.900 enfermeiros em dois anos.

“Penso que será muito difícil, mantendo a qualidade, aumentar este número”, salientou Aida Cruz Mendes, para quem a “formação dos enfermeiros exige uma responsabilidade social muito grande e a qualidade não pode ser diminuída em detrimento da quantidade”.

A Carta de Princípios do CNEPE foi assinada pelas escolas superiores de enfermagem de Coimbra, Lisboa, Porto, Évora, Minho, Beja, Bragança, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Viseu, Açores, Algarve, Aveiro, Madeira e Trás-os-Montes e Alto Douro.