Ser Cuidador informal implica respeito por Si e pelo Outro, é um ato de amor e de dedicação intensa, que exige compromisso e entrega. O Cuidador inesperadamente e de forma repentina, na maioria das situações, assume a responsabilidade de cuidar de um familiar próximo ou amigo, que habitualmente por doença, envelhecimento ou outra situação fica dependente.

Neste ato de cuidar os desafios são grandes e impactantes, quer a nível físico, quer psicológico. A cada dia a carga de trabalho e as dinâmicas do cuidar são intensas e exigentes e o apoio na maioria das situações é inexistente, o que coloca em risco a sua própria saúde e o bem-estar. É importante que o Cuidador esteja atento e saiba prevenir situações de desgaste, mobilizando recursos, e que saiba ler sinais de exaustão para garantir um cuidado sustentável, comprometido e equilibrado. O compromisso do Cuidar é respeitar-se e respeitar o Outro, mantendo o compromisso, a responsabilidade repartida e preservando a autonomia da pessoa cuidada e de si próprio.

Saúde e Bem-estar do Cuidador Informal: Cuidar é Cuidar-Se!
Saúde e Bem-estar do Cuidador Informal: Cuidar é Cuidar-Se! Isabel Lucas e Rita Marques, ambas com o cargo de Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – Lisboa.

O Cuidador assume um conjunto de ações e cuidados (mobilização da pessoa, banho, alimentação, medicação, outros hábitos de vida e o bem-estar da pessoa, tarefas domésticas, entre outras), que, se por um lado são gratificantes, por outro lado podem ter consequências negativas e danosas para o Si, como sejam: o desgaste físico com a fadiga crónica; as dores, o cansaço e as lesões músculo-esqueléticas; e o desgaste emocional e psicológico por elevados níveis de tensão emocional, stresse, ansiedade, falta de reconhecimento, receio de falhar e ainda o isolamento social, sem rede de apoio, com a solidão e com o afastamento das interações sociais (amigos e trabalho), que se pode traduzir em frustração, tristeza e perda de esperança.

Neste ato de cuidar os desafios são grandes e impactantes, quer a nível físico, quer psicológico. A cada dia a carga de trabalho e as dinâmicas do cuidar são intensas e exigentes.

O Cuidador informal deve, em articulação com a equipa de saúde, mobilizar os recursos disponíveis na comunidade para apoio no alívio da carga e partilha de responsabilidades, assegurando o melhor bem-estar para Si e para a Pessoa cuidada e Família ou Amigos. Existem alguns apoios que podem ser mobilizados como: Suporte Social – estatuto do Cuidador informal, com o respetivo apoio financeiro e no zelo de alguns direitos sociais, bem como outros apoios locais e de proximidade (centros de dia, serviço de apoio domiciliário, unidades de saúde com plano de intervenção específico, associações e grupos voluntários de apoio); formação e capacitação, com programas de formação (curso sobre os cuidados fundamentais à pessoa dependente em casa, comunicação, partilha de experiências e a gestão das emoções) ou de substituição do Cuidador para o seu descanso e autocuidado (prática de atividade física, atividades de leitura, relaxamento ou hobbies). Estes possibilitam ao Cuidador segurança, melhor preparação, expressar emoções, conforto, motivação, sentir-se pertença e reduzir o isolamento social.

O ato de cuidar do Outro é de extrema importância e de amor, que exige respeito pelo Cuidador informal e não significa sacrifício absoluto ou deixar de ser Pessoa.

No ato de cuidar do outro é importante ainda definir um conjunto de estratégias facilitadoras do Cuidar e que contribuem para reduzir o desgaste, aliviar a carga de trabalho e promover um ambiente harmonioso e equilibrado. Assim, é fundamental saber definir limites e pedir ajuda (a outros familiares, amigos ou profissionais de saúde); manter hábitos de vida saudáveis (prática de atividade física, alimentação equilibrada e sono); assegurar momentos de descanso, revitalização e de renovação da energia (reserve tempo para as suas atividades de lazer, hobbies e momentos de relaxamento); usar a tecnologia a favor do cuidado (para cursos online, aulas online, gestão de tarefas, organizar horários, fazer sessões de relaxamento ou atividade física) e estabelecer uma rotina organizada, flexível e com prioridades bem definidas.

O ato de cuidar do Outro é de extrema importância e de amor, que exige respeito pelo Cuidador informal e não significa sacrifício absoluto ou deixar de ser Pessoa. É fundamental que a sociedade, as instituições e os próprios cuidadores reconheçam a necessidade de apoio e que utilizem os recursos disponíveis para garantir um cuidado sustentável e equilibrado. A valorização do Cuidador e da sua saúde e bem-estar são fundamentais e da responsabilidade do próprio, mas também de todos, para que cada Cuidador informal possa ter uma vida mais digna e harmoniosa. Assim, como contributo de suporte contínuo, de orientação, de apoio e estímulo ao autocuidado, surgiu a ideia deste livro, Cuidar, Confortar e Recuperar, destinado ao Cuidador Informal.

Cuidar do outro exige, sobretudo, saber cuidar de si próprio!

Isabel Lucas

Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – Lisboa; doutorada em Psicologia; mestre em Gestão de Recursos, especialista em Enfermagem de Reabilitação. Autora do livro Cuidar, Confortar e Recuperar (LIDEL Saúde e bem-estar).

Rita Marques

Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – Lisboa; doutorada em enfermagem; mestre e especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e de Reabilitação. Autora do livro Cuidar, Confortar e Recuperar (LIDEL Saúde e bem-estar).

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