Filomeno Fortes falava na cerimónia de inauguração da VIASEF – In Vivo Arthropod Security Facility, uma infraestrutura de segurança para artrópodes vetores de doenças, localizada no IHMT, em Lisboa.
“Apesar de estarmos a viver uma situação de pandemia pela covid-19, temos acompanhado a situação nos países endémicos de doenças transmitidas por vetores e temos estado a verificar um aumento da morbilidade e mortalidade, principalmente por malária, dengue, zika, chikungunya e outras doenças similares”, afirmou.
Especialista em malária e doenças tropicais, Filomeno Fortes deixou um alerta: “Para o futuro tememos que estas doenças se possam disseminar com as alterações climáticas e com o grande movimento migratório que se verifica a nível mundial”.
Um cenário que justifica, mais que nunca, a criação da infraestrutura hoje inaugurada e que “oferece à comunidade académica, científica e empresarial a possibilidade de desenvolver estudos 'in vivo' com artrópodes autóctones, invasivos, exóticos ou transgénicos, vetores de agentes patogénicos causadores de doenças humanas”.
Esta infraestrutura “também fornece condições laboratoriais seguras para desenvolver projetos com patógenos humanos (transmitidos por vetores ou outros), incluindo os classificados como de risco biológico de nível 3 (como o vírus chikungunya, corona, ou estirpes de Mycobacterium tuberculosis multirresistentes)”.
Nas suas instalações, localizadas no IHMT, existe um insetário com colónias de vetores de agentes infecciosos causadores de zoonoses e outras doenças humanas.
A coordenadora da VIASEF, Carla Sousa, sublinhou o caminho desta infraestrutura e revelou que o primeiro projeto arranca já na próxima semana e envolverá o vírus que causa a covid-19 (SARS-CoV-2).
Nesta cerimónia transmitida online, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação angolana, Maria do Rosário Bragança, sublinhou a importância da cooperação ao nível da investigação desta área, uma vez que, “infelizmente, Angola tem condições de clima muito propensas aos vetores”.
“Gostaríamos muito de poder contar com o IHMT para, no quadro da cooperação que este instituto tem com as instituições angolanas de ensino superior e investigação científica, podermos ter a oportunidade dos nossos estudantes de doutoramento e os nossos investigadores começarem a ter o exercício desta prática numa área tão importante e numas condições tão boas como as deste insetário”.
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